Meus primeiros carnavais
em Brasília
“Brasília foi
inaugurada em 1960, mas o primeiro carnaval da cidade só aconteceu em 1961.
Naquela época a população daqui era muito pequena e durante alguns anos as
pessoas viajavam para as suas cidades de origem para passar o carnaval. Os que
aqui ficavam curtiam a folia somente nos clubes sociais.
Os dois
principais bailes, os mais badalados e com as melhores bandas, eram os do Clube
do Congresso e os do Iate Clube, cada um com dois dias de festas, que só
terminavam ao raiar do dia.
O carnaval de
rua não existia. Depois foram aparecendo pequenas escolas de samba e os
desfiles começaram a ser realizados nas avenidas de Brasília. Aos poucos foram
surgindo mais bailes em clubes sociais, como o do Exército, o Minas Brasília
Tênis Clube, a AABB, o Cota Mil Iate Clube.
De uns anos
para cá, os bailes nos clubes foram diminuindo, a população crescendo e a saída
foi levar a folia para as ruas, com blocos, fantasias pitorescas e críticas aos
acontecimentos da vida pública. A maneira de brincar o carnaval mudou com os
tempos, mas a alegria e o prazer de aproveitar essa festa sempre será
contagiante. Uma das coisas mais excitantes era curtir os bailes dos salões dos
clubes.
No Iate Clube,
onde sou associado, os bailes eram realizados no galpão de barcos com mesas e
camarotes superlotados. As fantasias eram muitas e havia disputa de blocos,
além de dançarmos e pularmos na pista. O o mais interessante era dar voltas
pelo salão paquerando as moças e vice- versa.
Inúmeros
namoros tiveram início dessa maneira. Ao final dos bailes, ao raiar do dia,
tinha o tradicional banho de piscina e depois o café da manhã: café com leite e
pão com manteiga.
Belas
recordações, que me trazem muitas saudades! Foi após um desses carnavais que
iniciei o namoro com a minha esposa. Jamais poderei me esquecer desse
carnaval.
Bons tempos,
boas recordações.”
Paulo Quintella,
carioca e brasiliense pioneiro, desde 1962, entusiasta e folião dos carnavais
tradicionais. Ex- Comodoro do Iate Clube de Brasília.
Jane
Godoy – Coluna “360 Graus – Correio Braziliense
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CRÔNICA