Rafael
Sampaio-Presidente do Sindicato dos Delegados da Polícia Civil do DF (Sindepo)
“Estamos
vivendo uma guerra e para vencê-la precisamos de foco”, diz presidente do
Sindepo sobre a SSP-DF”
Em meio à
pandemia, há ainda o risco de aumentar a criminalidade no país. A Polícia Civil
do DF está trabalhando para impedir a onda de violência? Avaliamos que o
risco é real, especialmente em relação a crimes patrimoniais, pois a
degeneração da economia pode levar indivíduos a praticarem crimes para
subsistir. Além destes, o isolamento pode provocar o aumento de violência
doméstica e de crimes cibernéticos. Já temos números que mostram esse
movimento, com o aumento de roubos com restrição de liberdade, a postos de
gasolina e residências. Noutro sentido, já está havendo a diminuição de outros
crimes em razão do isolamento, como homicídio e roubo a transeunte e comércio,
que está fechado. A Polícia Civil acompanhará esses movimentos da criminalidade
e precisa estar pronta para dar a resposta que a sociedade espera.
Há condições de
trabalho? Depende das circunstâncias consideradas. Hoje, após
nossas cobranças, a instituição está fornecendo material de proteção
individual. Passou a produzir álcool 70% e ampliou o contrato de limpeza, para
que as delegacias sejam limpadas nos fins de semana. Mas ainda faltam testes de
diagnósticos disponíveis aos nossos servidores que estão, na ponta, expostos ao
contágio. Por falta desses testes, não estamos obedecendo às regras de
isolamento da OMS. Servidores com sintomas leves de gripe que não sejam devidamente
diagnosticados podem servir como disseminadores nas unidades. A falta de
informação e, portanto, de obediência aos protocolos de isolamento podem
produzir, de um lado, a contaminação generalizada da unidade, com potencial de
diminuição de seu efetivo e contaminação dos cidadãos que a frequentam e, de
outro, afastamentos desnecessários. Quem está no front deveria ter prioridade
de acesso a testes e tratamento.
O Sindepo entrou
com uma ação pedindo mais proteção aos policiais civis que estão na linha
de frente dessa crise. O que vocês desejam? Vivemos uma situação excepcional que exige medidas de exceção.
Entendemos nossa importância e ninguém defende o fechamento da Polícia Civil.
Mas precisamos preservar nossos servidores até mesmo para manter a continuidade
do serviço.
Você reclamou pelas
redes sociais de a Secretaria de Segurança não ter incluído em vídeo de
divulgação a Polícia Civil entre as forças que estão prestando serviço
relevante. Por que, na sua opinião, isso aconteceu? Como afirma o governador, este não é momento para politizar. Estamos
vivendo uma guerra e para vencê-la precisamos de foco. Mas o que vemos é a
comunicação da Secretaria de Segurança focada na promoção pessoal do secretário
(Anderson Torres), que parece estar preocupado com a PF, com o Congresso e com
objetivos fora do GDF. Não vamos tolerar que essa pretensão política faça com
que a Polícia Civil seja menosprezada. Se há uma fogueira de vaidades, apaguem.
A verdade é que, desde que esse assessor de comunicação da Secretaria de
Segurança chegou, só arruma crise.
O vídeo estava no
Instagram do governador Ibaneis Rocha e foi retirado. Foi a pedido
de representantes da Polícia Civil? Houve muito protesto de policiais civis na própria rede do GDF, do líder
do Governo (Cláudio Abrantes) e de nossa Direção-Geral. Mas o que mais
incomodou foi que a página da Secretaria de Segurança o publicou após o vídeo
ser retirado da página do governador. Espero que esse assessor de comunicação
seja peremptoriamente exonerado da SSP, por absoluta falta de condição de
manter o ambiente saudável com a Polícia Civil.
Ana Maria
Campos - Coluna “Eixo Capital” – Correio Braziliense
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