A retaliação pós vírus
(*Victor Dornas)
Costumo dizer que 99%
das teorias conspiratórias são fantasias que simbolizam vícios comportamentais
próprios de um contexto histórico bastante específico. O advento de uma guerra,
por exemplo, certamente deixa marcas que as vezes são expressadas em lendas ou
personagens que, embora fictícios, representam fatos.
O problema a meu ver
não são esses registros deturpados de sentimentos contidos de um momento da
história qualquer e sim o tal 1% das teorias conspiratórias que não é apenas
fantasia.
Um
exemplo famoso de teoria conspiratória que se mostrou verdadeira foi a
“Operação Paperclip.” Com a queda do Nazismo, durante muitos anos circulavam
boatos de que o governo estadunidense havia matado cientistas alemães que
realizavam experimentos secretos dos mais diversos. Na ficção são inúmeros os
personagens que indiretamente aludem à tal operação, seja nos quadrinhos e até
em filmes considerados verossímeis.
Cientistas
que realizavam experimentos sobrenaturais, ou manipulação genética para a
insurgência de raça ariana, enfim, a imaginação atiçada não tem barreiras. O
problema é que posteriormente revelou-se que de fato o governo norte-americano
sequestrou uma série de pessoas da ciência ligadas ao governo nazista na então
operação secreta chamada "Paperclip". Descobriu-se, inclusive, que
alguns desses cientistas conduziram experiências com seres humanos e almejavam
a criação de armas biológicas.
Assim
sendo, no momento em que a economia mundial é deteriorada em decorrência de um
vírus “nascido” na ditadura chinesa nada mais trivial do que a proliferação de
teses conspiracionistas no sentido de que poderia ser uma arma biológica que
traria certas vantagens geopolíticas e coisas do gênero.
A
questão é que, conforme posto, toda teoria conspiratória, seja ela uma fantasia
ou a improbabilidade da verdade absurda, reveste uma verdade maior. Qual seria
a verdade dessas teorias acerca do coronavírus?
A
resposta é a seguinte. Os governos neste momento estão canalizados na contenção
do problema, contudo já começa-se a falar sobre condutas irresponsáveis por
parte do governo ditador chinês que protelou não apenas a notificação de
potencial pandêmico do vírus como supostamente manteve a questão da
disseminação virótica de vírus simulares em segredo, haja vista que numa ditadura
não há imprensa e, sendo assim, não se sabe nada sobre uma possível verdade.
Sopesa-se
à questão o fato da China ser uma pedra no sapato da maior economia do mundo
que até então vendo tentando retaliar sua ascensão mediante barreiras
alfandegárias que visam coibir a exportação de produtos que em muitos casos
rivalizam com as maiores marcas do mundo.
Não
há dúvida de que, findo o caos do coronavírus, os governos que se classificam
como democráticos exigirão respostas que talvez estejam além da disposição de
um ditador, sendo a preocupação maior a repetição do evento, quem sabe com
potencial aniquilador maior. Isso somado ao fato de que é oportuno para muitos
desse países construírem um bloco de oposição à China, medindo formas de
freá-la por também dependerem dela em diversos setores.
A
China se tornou um infortúnio necessário à grandes potências pois é usada para
atender certos anseios, mas é temida por agredir o status quo. Não tenham
dúvidas de que por trás dessas teorias conspiratórias existe a ideia verídica
de que o episódio será usado como arma política em desfavor da ditadura chinesa
num cenário geopolítico polarizado.
O
coronavírus não é uma arma biológica, provavelmente. Mas certamente é uma arma
política. E o mais intrigante disso tudo aqui para nós brasileiros é que a
China hoje é o nosso principal parceiro comercial, mormente na figura de
importador de commodities.
(*) Victor Dornas - Colunista do Blog do Chiquinho Dornas -
Foto/Ilustração: Blog/Google