De novo, o Mané
Garrincha
O uso do
Estádio Nacional Mané Garrincha voltou aos centro das discussões entre
políticos, dirigentes esportivos, comentaristas e influenciadores digitais.
Depois da proibição na semana passada da venda de mandos de campos no próximo
Campeonato Brasileiro — ou seja, o veto a uma empresa poder comprar os direitos
de um clube para explorar a bilheteria de uma partida em outra praça —, que
atingiria em cheio os jogos disputados na capital federal, o tema foi a pauta
principal de um almoço do governador Ibaneis Rocha com o presidente da CBF,
Rogério Caboclo, e o secretário-geral da entidade, Walter Feldman, no último
sábado.
Ibaneis ouviu
dos responsáveis pelo futebol nacional que revogação do veto à venda dos mandos
de campo não poderia ser feita, mas que o regulamento do campeonato que vai
começar no primeiro fim de semana de maio permite outras formas de uma partida
ser disputada em outra praça, desde que critérios de equilíbrio técnico sejam
respeitados.
Um exemplo é a
partida entre Avaí x Flamengo, disputada em setembro do ano passado no Mané
Garrincha. O clube catarinense vendeu o mando para uma empresa por R$ 1 milhão
para o jogo ser transferido do Estádio da Ressacada, em Florianópolis, para a
capital federal. Com isso, o estádio ficou lotado de rubro-negros em vez de
torcedores do Avaí, o que não teria ocorrido se a partida tivesse sido
disputada no Sul do país.
Para 2020, tal
prática está proibida. Mas nada impede que o Flamengo, por exemplo, transfira
para Brasília uma partida marcada para o Rio de Janeiro, desde que mantenha
para a equipe visitante a mesma carga destinada ao time visitante no Maracanã.
Assim, o equilíbrio técnico estaria mantido. Mas interessa ao Flamengo tirar um
jogo do Rio para trazê-lo a Brasília? Acredito que não.
O uso do Mané
Garrincha ganha ainda mais relevância agora que está sob administração privada.
O primeiro grande teste ocorreu na terça-feira durante o show do Maroon 5. A
utilização do estacionamento pago mostrou-se um problema, com um grande
engarrafamento ao redor do estádio porque muita gente queria uma opção
gratuita. Outro problema que recebeu muitas reclamações foi a sujeira dos
banheiros, goteiras e pouca quantidade de acessos, o que dificultou, por
exemplo, a dispersão. Vamos ver nos próximos eventos.
Um estádio de
futebol, por sua vez, não vive só de shows. Afinal, foi feito para receber
eventos esportivos. E os times da capital federal não atraem público. Os jogos
bons são raros — pelo contrário, o baixo nível técnico predomina — e o
principal clássico local (Gama x Brasiliense) é de alto risco. Confrontos
violentos entre as torcidas se tornaram uma constante nos últimos anos. Cinema,
teatro, aquário, casa noturna, restaurantes, academias, entre outros, são
alguns dos estabelecimentos projetos pelo consórcio para funcionar na Arena
Mané Garrincha. Só que a parte esportiva precisa ser a prioridade. E quais são
os planos?
Por Roberto Fonseca -
Correio Braziliense - Foto/Ilustração/Blog-Google
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BRASÍLIA - DF