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O que aprendi com Marcos Lisboa? O Brasil tem jeito!!! (*Victor Dornas)


O que aprendi com Marcos Lisboa? O Brasil tem jeito!  (*) Victor Dornas

Marcos Lisboa, atual presidente do Insper e economista de renome, não se dirige ao debate histérico, inflamado, improdutivo. Penso que a solução para a tragédia brasileira vem da técnica e mesmo que essa técnica seja repleta de termos prolixos do “economês”, Lisboa consegue se dirigir ao público em geral com impessoalidade e eficiência, dois pilares da Constituição, aliás.

Ele trata de inúmeras questões que explicam o motivo de estamos há tempos num caos social, contudo separei algumas que considero bem interessantes e relevantes num momento em que pouco se propõe com pensamentos construtivos que apontem problemas específicos e não as generalidades populistas que conduzem a histeria. Por isso, ademais, Lisboa transita em debates com expoentes de todas as ideologias.

Debate com Fernando Haddad e Samy Dana ao mesmo tempo. Eleva o nível e também ensina que o liberalismo não é essa falácia que vem sendo difundida no Brasil, onde se atribui ao termo a mera venda de estatais ou bens do Estado. O Liberalismo em seu berço preconizou o parlamento pois valoriza o debate como forma de conter os abusos do burocrata, bem intencionado ou não. Lisboa então debate e debate com todos.

As questões que me atenho resumidamente neste breve comentário sobre o que aprendi são as seguintes: Por que liberais sérios atacam tanto os subsídios estatais? Por que estes privilégios, num país engessado que sobrevive a expensa do agronegócio são tão criticados por quem  clama justamente por menos impostos? Por que o aliviamento de um setor em detrimento dos outros é tão ruim do ponto de vista liberal que acredita na menor tributação? Qual o maior problema do sistema tributário brasileiro? O que nos diferencia dos estrangeiros?

As respostas dadas sobre tais questões neste texto não são do Marcos Lisboa. As respostas aqui, frisa-se, são simplificações daquilo que eu entendi das explicações dele. Então vejamos. A razão para liberais atacarem tanto o privilégio de grupos que fazem lobby no congresso para pagarem menos impostos é a seguinte: A economia representa a realidade e não aquilo que se quer que a realidade seja. Quando um governo dito liberal ou não concede vantagens a determinado setor produtivo, cria-se aí uma ficção econômica que tem resultados desastrosos. As pessoas que a priori explorariam outra área produtiva que teria muito mais a ver com as demandas ou as características naturais ou culturais daquele ecossistema econômico passam a investir em outra área que conta com menos tributação por simples expectativa de lucro em virtude disso. 

Com isso, empresas que rendem pouco passam a sobreviver por mero subsídio estatal e embora isso sirva para que um governo mal intencionado divulgue dados aparentemente positivos em tais áreas, acaba criando uma bolha de vantagens efêmeras. O incentivo maquiado de empresas ruins gera empobrecimento do país. As relações econômicas devem ser naturais, norteadas por regras de mercado impostas pelas próprias pessoas que precificam o melhor produto e não pelo governo que jamais representaria tanto um povo a ponto de dizer o que ele deve consumir.

O excesso de leis que privilegiam determinados setores, incluindo aí setores que respondem pela saúde da nossa economia, também estimula a infração aos princípios básicos da administração pública, tanto na forma de corrupção como também na quebra da impessoalidade uma vez que o político passa a privilegiar empresas de pessoas ligadas a ele. A falta da uniformidade e clareza de condições tributárias gera o privilégio, apresentado como incentivo inofensivo, mas revestido por distorções econômicas que empobrecem a produção de um país.

O que se faz no Brasil se faz apenas no Brasil. Aqui se tributa com tamanha prolixidade que o empresário não consegue vislumbrar uma expectativa real de negócio. Aqui se tributa onde se produz e não onde se consome. E quando se consome, tributa-se de modo indevido por falta de uniformidade. Assim, entendo que o Liberalismo não é a privatização de estatais como muito se costuma dizer no Brasil, sendo que a questão da privatização é comumente ligada ao governo de uma pessoa que pertencia ao partido social democrata fundado por “keynesianos” como Ciro Gomes. “Desestatizar” apenas para favorecer grupelhos de interesse não é liberalismo e acaba incorrendo na tal ficção econômica que me refiro, onde um governo por razões estranhas decide qual setor deve ou não prosperar. Não os consumidores como de praxe no “resto” do mundo.

No Brasil o sistema tributário aliena o empresário a depender das concessões “dadas” pelos políticos. Esse é um ensinamento transferível a qualquer pessoa, de fácil constatação e que por isso goza de poder político como reivindicação popular. Fala-se muito numa reforma tributária que nunca acontece, porém caso aconteça, elucidações simples e eficazes como essas tem poder de munir a população de uma compreensão daquilo que de fato importa. A tributação não é uma questão ideológica. É a observação daquilo que na história do mundo funcionou ou não.


(*) Victor Dornas – Colunista do Blog do Chiquinho Dornas – Foto/Ilustração: Blog-Google



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