O docente norte-americano
ministrava aulas no Ipol desde 1996. Adeus a Terrie Groth, 67, professor
do Ipol da UnB
Faleceu, na última quarta-feira,
aos 67 anos, o professor da Universidade de Brasília (UnB) Terrie Groth, de
isquemia cardíaca. O educador compunha o corpo acadêmico da UnB desde 1996,
ministrando aulas no Instituto de Ciência Política (Ipol). Suas áreas de
interesse de pesquisa e ensino incluíam teorias da democracia, teorias do
estado contemporâneo, autoritarismo e democratização, além de educação política
e engajamento cívico.
Estadunidense, Terrie nasceu em
1952 em Davenport, Iowa. Era graduado em história pela Universidade de Las
Américas, no México, e doutor em ciência política pela Universidade da
Califórnia. No Brasil, antes de trabalhar na UnB, foi professor visitante na
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) entre 1987 e 1989. Na Universidade Federal
de São Carlos (UFSCar), atuou de 1992 a 1996.
Na UnB, foi o idealizador e
coordenador do projeto de extensão Política na Escola, criado em 2005, que leva
educação política para as crianças de escolas públicas das regiões
administrativas. Ele é lembrado pelos estudantes como uma pessoa gentil,
educada e muito dedicada ao trabalho e à Universidade de Brasília.
Ainda não há informações sobre o
velório. A família está analisando o que fazer, já que o professor morreu
durante uma pandemia, e aglomerações de pessoas não são recomendadas. Ele era
casado com a também professora da UnB Loussia Félix, da Faculdade de Direito
(FD/UnB), que via em Terrie “um exemplo fantástico de acadêmico e professor”.
Terrie deixa uma filha de 24 anos.
Deixará saudades: “Tinha um coração muito bom. Inclusive, eu conversei com ele semana
passada. Para mim, foi um choque muito grande quando eu fiquei sabendo da morte
dele. Fiquei bastante abalado”, conta José Maurício Neto, 20 anos. O estudante
foi coordenador-administrativo do Política na Escola entre julho de 2018 e
julho de 2019.
“O Terrie era muito dedicado a
esse projeto. Eu não tive oportunidade de ter aulas com ele, mas, por relatos
que ouvi, sei que foi um excelente professor e uma pessoa que contribuiu
bastante para a ciência política”, diz. Para Jamile Sarchis, 23, Terrie era
mais que um professor. Era amigo. A estudante, que veio sozinha de São Paulo
para cursar ciência política na UnB, conta que foi acolhida por ele.
“A gente tinha uma relação muito
próxima. Ele me mandava mensagens perguntando sobre meu futuro acadêmico. Pelo
menos uma vez por semestre, fazia questão de jantar comigo para me aconselhar,
porque ele sabia que eu queria ter uma carreira internacional”, relembra.
“Este ano, ele estava me
ajudando no processo de conseguir uma bolsa para passar um tempo em
Washington”, acrescenta. Além de ter sido aluna de Terrie na disciplina
American Politics, inaugurada por ele na UnB, Jamile também foi
coordenadora-administrativa do projeto Política na Escola por um ano. Ela conta
que o professor estava sentindo falta das aulas, suspensas por causa do
coronavírus.
“Ele falou comigo no último
domingo, dizendo o quanto estava sentindo falta da sala de aula e da rotina. O
isolamento estava deixando ele muito triste, tanto pela situação do Brasil e
dos Estados Unidos, país onde ele nasceu, quanto por estar longe dos alunos”,
relata. Ela lembra que o educador era sempre atencioso e preocupado com
os estudantes. “Ele nos ligava quando não íamos às aulas, para saber o que
estava acontecendo e se, de alguma forma, ele poderia nos ajudar.”
Isadora Martins* » Wanessa
Alves* * Estagiárias sob supervisão da subeditora Ana Paula Lisboa -
Correio Braziliense
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