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ANARQUIA POLICIAL (Coluna Victor Dornas)

Extra! Extra!
A nomeação de um amigo íntimo para a direção da polícia federal expõe a face verdadeira do governo bolsonarista, que sequer respeitou a lista tríplice da procuradoria geral aliás. A polícia agora está em risco? Não. 
A polícia federal sempre esteve em risco!

Por Victor Dornas

Com a aproximação do presidente da república à luz do dia com os infames caciques do legislativo, é natural que muitos cargos ministeriais de alto escalão sejam mexidos. O último alvo das negociações, Sérgio Moro, diz ter caído por buscar uma isenção de atuação na Polícia Federal, contudo, sabe-se há tempos que tudo que não há na PF é isenção política, a despeito da legitimação. 

Se a ideia de Sérgio Moro era condicionar a permanência no governo apenas se pudesse garantir uma isenção polícia do órgão em questão, que sequer largasse a toga então. O que de fato irritou o ex-ministro da justiça foi ter de admitir, pouco a pouco, que Bolsonaro não se importa tanto assim com a questão da segurança pública e por isso se esquivava de discussões sobre a segunda instância, juiz de garantias e desrespeitou a lista tríplice de indicação da procuradoria geral. 

Além disso, quis colocar na direção da polícia federal um amigo de um dos filhos, agora investigado por aparelhamento da SECOM para promover uma milícia virtual de falsos seguidores que impulsionam notícias falsas nas redes.

Caro leitor, entenda uma coisa. 
A polícia federal sempre esteve em convulsão interna.

Ainda que Moro tente preservar a imagem da instituição, sabe-se que a briga para indicações políticas na direção geral da PF não apenas significa o controle de quem é investigado ou não. Há uma guerra política interna no órgão, onde facções políticas se digladiam. O grupo petista atrapalha o grupo bolsonarista e por aí vai. A disputa pela direção é uma tentativa de imposição ideológica nesse conflito também. Um órgão que deveria prezar pela técnica e pela impessoalidade agora está mais aparelhado do que nunca. 

Embora a polícia federal seja parte indispensável na luta ao crime organizado e por isso goze de prestígio na sociedade, frequentemente testemunhamos atitudes que parecem ser dignas de aplausos, mas revestem um autoritarismo patente de um conflito político da instituição. Quando se grampeia a ligação de um presidente da república e este áudio vaza para a população, a ideia inicial é de aprovação, diante de um governo que já estava maculado pela sucessão de escândalos. Mas não se engane, amigo leitor, a lei existe por algum motivo e o feitiço pode se voltar contra o feiticeiro. 

O vazamento em questão não decorre de patriotismo como a maioria imagina e sim desta guerra política que ocorre lá dentro.

Quem agora controla a polícia federal? Alexandre Ramagem? Evidente que não.

Ninguém controla a polícia federal e para quem preza por democracia isso é assaz preocupante. A ideia do Bolsonaro certamente é bastante específica. Ele quer ter notícia de investigações do seu interesse e mesmo aqueles delegados que se identifiquem em grupos ideológicos opostos ao atual governo não poderiam negar um pedido direto do diretor geral. Bolsonaro quer interferir na guerra interna? Sem dúvida. Mas para ele basta saber quem está sendo investigado o motivo.

O Brasil agora flerta com o fascismo, pois aqueles que seguem o governo não ligam mais para a ideia de liberdades democráticas. 

"Tudo para Bolsonaro e tudo pelo Bolsonaro." Eis o lema.
O que nos resta é torcer para que não sejam maioria.
O presidente atropelou a democracia.

Victor Dornas – Colunista do Blog do Chiquinho Dornas - Ilustração: Blog/Google

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