Alerta sobre
atividades ao ar livre
Aulas suspensas,
comércio fechado, entradas para os parques bloqueadas. As medidas adotadas pelo
governo nas últimas semanas têm objetivo claro: evitar aglomerações. Porém,
enquanto muitos pedem para a população ficar em casa, outros insistem em deixar
o isolamento, seja para se encontrar com amigos, brincar em um parquinho ou
praticar atividade física. Especialistas destacam que sair de casa pode ser
arriscado, mesmo em espaços abertos, principalmente quando não são respeitadas
as regras de distanciamento social.
É comum encontrar
nas ruas moradores fazendo caminhadas ou correndo. Para a infectologista Ana
Helena Germoglio, muitas pessoas sentem a necessidade de sair um pouco para
espairecer, mas a atividade se torna um problema quando não se respeita o distanciamento
e as regras de higienização.
A especialista
orienta a evitar caminhadas em horários em que parte da população costuma sair.
Ana Helena alerta sobre os riscos no percurso até o local da atividade, devido
ao contato com superfícies fora de casa. “É preciso tomar cuidado com
elevadores, evitem. Se for necessário pegar em alguma maçaneta, higienize as
mãos em seguida com álcool em gel”, aconselha.
Ela ainda enfatiza
a necessidade de proteger com o braço ou um lenço a face em caso de espirros ou
de tosse, além de manter o distanciamento mínimo de dois metros das outras
pessoas. O uso de máscaras também é recomendado, porém, Ana Helena destaca a
necessidade de deixar as máscaras profissionais para uso de equipes de saúde e
para os infectados, dando preferência às proteções feitas de pano.
Exposição
mínima: A Sociedade de Infectologia do Distrito Federal (SIDF) pede para a
população evitar sair de casa, mesmo em casos de atividade ao ar livre. “O
vírus está o tempo inteiro em gotículas que são expelidas pelas vias aéreas e
podem ser projetadas por um a dois metros de distância. Em uma saída
despretensiosa pode ocorrer o contágio”, alerta o diretor científico da SIDF,
José David Urbaez. O infectologista destaca: quando respeitados os cuidados de distanciamento
e higiene, os riscos de contágio diminuem, porém ainda existem.
A insistência de
algumas pessoas em ficarem juntas na rua incomoda os brasilienses que seguem à
risca as recomendações. Uma moradora do Cruzeiro que preferiu não se identificar
conta que várias vezes viu um grupo de mulheres se reunir em um Ponto de
Encontro Comunitário (PEC) para praticar atividade física. “Tem um senhor que
dá aula de ginástica para senhoras frequentemente. Ele continua fazendo essas
reuniões. Eu tenho uma mãe idosa. Ela está isolada, sem sair de casa. Enquanto
uns tomam cuidado, outros parecem não estar nem aí”, reclama.
A presença de
superfícies por perto ou o compartilhamento de aparelhos, como em PECs e
parquinhos, geram um risco ainda maior de contágio, além da aglomeração. Nos
objetos, o vírus pode permanecer por até quatro dias. “O vírus é extremamente
contagioso, porque a sobrevivência dele nas superfícies é em tempo prolongado.
Então, imagina uma quantidade de gente próxima, compartilhando superfícies,
objetos, locais onde vai haver paredes contaminadas, chaves de carro, copos,
bolsas, carteiras. É um universo de objetos e isso se converte em uma ameaça”,
frisa Urbaez.
Outro problema
apontado pelo infectologista é em relação aos cidadãos assintomáticos, que
muitas vezes estão na rua contaminando os espaços, ao respirar ou falar, sem
sequer saber que estão com o vírus.
“Ficar em casa, por mais primitiva que
pareça, é a única forma de combatermos a circulação do vírus e protegermos as
pessoas mais vulneráveis.”
Juliana Andrade -
Correio Braziliense - Foto/Ilustração: Blog - Google
Tags
CoronaVírus