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O CIENTIFICISMO TAMBÉM MATA (Coluna Victor Dornas)



Alarmistas e a própria OMS também devem se retratar por seus erros.

Por Victor Dornas

O iluminismo nos deixou como herança a cultura científica que foi uma das principais responsáveis por nossos avanços, incluindo a diminuição da miséria numa escala global. É necessário também reiterar o óbvio: Ainda hoje, com tantos avanços, o “próximo Einstein talvez ainda seria alguém que está morrendo de fome na Etiópia”. Ainda temos problemas graves sim, mas de fato avançamos ao passo que nos ajoelhamos cada vez mais diante da racionalidade em detrimento do dogma presunçoso e obscuro. O iluminismo, contudo, também nos deixou um espólio maldito que foi o cientificismo. 

Funciona mais ou menos da seguinte forma:
Enquanto a ciência parte da observação, da empiria, ou, no máximo, da desconfiança, o cientificismo nasce de uma certeza que ainda precisa ser comprovada. O subjetivismo daquele que tem fé na ciência, como se ela fosse outra coisa senão um instrumento, faz com que a ordem se inverta, ou seja, ao invés de observar para depois concluir, se concluí para depois observar. 

O cientificismo também criou uma cultura e, assim como tudo o mais hoje em dia, virou um produto de mercado.

O biólogo Atila Iamarino ascendeu em popularidade na mesma velocidade que a pandemia se espalhou. O rapaz é um especialista, entretanto foi através de um comentário presunçoso, que seus vídeos no Youtube rapidamente viraram notícia. Atila anunciou ter analisado estudos europeus e constatado que, num cenário onde o Brasil tomasse medidas de prevenção, ainda assim, mais de 1 milhão de pessoas morreriam até agosto. Esse não seria nem o ritmo de uma pandemia como a gripe espanhola no início do século passado que matou 35 mil brasileiros. 

Dadas as complexidades atuais e a facilidade como a informação se propaga, seria muito difícil tecer previsões catastrófica como essa, sem receber qualquer réplica. Atila lucrou com a histeria, este é um fato. A mídia lucra com a histeria, também é fato. Ele não foi contestado por outro profissional da área no mesmo programa. Mais um fato.

Ainda que a intenção do biólogo tenha sido educar as pessoas a seguirem protocolos de contenção internacionais, não se pode levar ao palco midiático um sujeito que diz isso, sem que haja também um contraponto de outro profissional da área. Iamarino ainda pode acertar nas previsões alarmistas feitas com base em interpretações de estudos estrangeiros, contudo o que se tem visto no mundo é que, diante das medidas de contenção, a curva de alastramento “achata” e decai em curto prazo e provavelmente, ao que parece não chegará nem perto daquilo que foi previsto em seus estudos catastróficos.

A Organização Mundial da Saúde também errou, mas fez o contrário do biólogo em todos os sentidos. Em sentido contrário, ela classificou o surto como moderado e demorou para reclassificá-lo. Diante da dificuldade de diplomacia com a ditadura chinesa, há aí, portanto, uma atenuante. Diferentemente do biólogo, a OMS se retratou sobre isso, mas agora se vê diante de mais uma polêmica: 

A questão das máscaras.

A OMS, que no passado era um comitê da ONU, entende que as máscaras não são eficazes na utilização em larga escala pela sociedade uma vez que diante da imperícia no manuseio ela pode causar um efeito contrário ao desejado. Ocorre que é cada vez maior o número de médicos e profissionais infectologistas que discordam da organização pois, segundo eles, trata-se de um cenário atípico. Os governos, ademais, não estão mais sequer ouvindo essas determinações e iniciou-se, no cenário internacional e geopolítico, uma verdadeira guerra pela aquisição de máscaras, dentre outros materiais.

Outra questão controvertida é a cloroquina. A cloroquina pode apresentar efeitos colaterais severos e já foi usada sem sucesso no passado em outras epidemias, como a da chicungunha por exemplo e, apesar do otimismo inicial, mostrou-se não apenas ineficaz, mas prejudicial depois. Em virtude da falta de tempo para uma empiria adequada, os governos dispensam as orientações e começam a incentivar a aplicação da mesma. Caso no futuro a situação se repita, isto é, a substância se mostre prejudicial ao tratamento de covid19, aí restará a retratação daqueles que desprezaram os avisos.

O tempo dirá quem está certo. Mas é necessário pontuar que os exageros não decorrem somente dos negacionistas e sim dos cientificistas também.

A razão não tem rótulo. O conhecimento é universal.



Victor Dornas – Colunista do Blog do Chiquinho Dornas Foto/Ilustração: Blog-Google 

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