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O PREÇO DE JAIR BOLSONARO (Coluna Victor Dornas)


Extra! Extra!
Para evitar o processo de deposição, Bolsonaro agora precisa comprar apoio da banda podre do congresso. Mas não se enganem, ele é o único culpado da perda de governabilidade e quem paga a conta é o país. Quanto custa um Jair Bolsonaro?
Quanto custa ter 200 deputados hoje em dia?

Por Victor Dornas

A maior frustração do ainda ministro Paulo Guedes ao assumir o cargo foi perceber que o país não é uma empresa onde ele simplesmente ordena e seus subordinados executam. Soa óbvio, eu sei, todavia, estamos tratando do sujeito que, ainda na campanha eleitoral, bancou a festa do mercado ao afirmar que, se dependesse dele, privatizaria todas as estatais!

Nada aconteceu, na verdade o número delas até aumentou um pouco. 

Guedes acreditou que o prestígio de Bolsonaro, que ascendia ao posto de presidente com uma oposição estraçalhada, seria o suficiente para pressionar o congresso. Para tanto, Bolsonaro não poderia ser Bolsonaro. Manter uma franquia familiar na Alerj tem seu preço. Ser eleito como antagonista ao status quo também tem um preço, pois este é o mandato presidencial mais vigiado da história. Gera uma expectativa. Exagerar na indisposição com a mídia tem seu preço. Uma coisa é apontar o erro, outra é fugir do debate, agir como obscurantista, com grosseria. Não fica bem. E na política, o tal do “não fica bem” custa apoio social, sendo que a legitimação é que define o preço dos votos na câmara. Quanto mais forte é um governo, menos precisa “arcar” no toma-lá-dá.

A moeda “Bolsonaro” em 2019 começou valendo muito mais do que vale hoje.

A cada “twittada” que feria o decoro ou a liturgia do cargo desvalorizava a moeda de barganha do governo na aprovação de medidas. Bolsonaro, cercado de aduladores, só percebeu que o eleitorado num país de natureza continental é heterogêneo quando começou a sangrar no congresso, tendo propostas frustradas e vendo sua base de apoio entrar em colapso. As maiores baixarias políticas observadas ultimamente ocorrem naquela que outrora era a base aliada do governo. Tudo isso faz com que a moeda Bolsonaro perca valor no Congresso.
A política expressa no macro algumas situações vividas no cotidiano.

O que faz um devedor desesperado? Adquire mais dívidas. 

Quanto mais Bolsonaro se rendia ao centrão para pagar o preço das suas extravagâncias, menos legitimação restava em seu apoio que observa passo a passo suas decisões. A indicação na AGU, a omissão dolosa em debates que envolviam a viabilidade da lava-jato. Ainda assim, havia avanço. O governo anunciava a geração de 440 mil empregos com carteira assinada, aumento no investimento privado em 2,2 %, um aumento de consumo de 1,8 %, congelamento no funcionalismo, reforma previdenciária.

Guedes tinha onde se amparar. Não conseguiu nada do que quis, mas tinha bons números. O vírus e a herança maldita frustraram esses números e a previsão de crescimento que seria baixa, agora é negativa. Além disso, com a interferência cada vez mais ostensiva de alianças espúrias que o governo fez no centrão, o superministério econômico se deteriorou com rapidez, de modo que o plano econômico baseado em medidas acíclicas apresentado num powerpoint amador como resposta do governo federal ao caos social iminente, não tinha assinatura de seu chefe e quem assumiu o ônus foi o general Braga Netto.

Um Paulo Guedes que se apresenta de meias, mal trajado e desanimado.

É... amigo leitor, o chicago kid foi abatido, conforme essa coluna já previa.

Agora funciona como um boneco de vitrine para o governo impor uma agenda econômica que causaria asco na escola de Chicago. Para conseguir os duzentos deputados suficientes para evitar o processo de deposição, o primeiro a ser jogado do avião desgovernado não foi Sérgio Moro. Quem foi defenestrado foi Paulo Guedes, agora um zumbi na pasta da economia que se foca em políticas de oneração desmedida da máquina, algo que foi tentado por Dilma Rousseff e naturalmente fracassou. Guedes não quer assinar, mas precisa assinar a conta.

O preço da governabilidade de Bolsonaro agora é simples de aferir, caro leitor.

Ele agora custa 1 Brasil.


Victor Dornas – Colunista do Blog do Chiquinho Dornas - Ilustração: Blog/Google

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