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UM SUPER JUIZ NO BANCO DOS RÉUS (Coluna Victor Dornas)



Extra! Extra!
A despeito da previsão de pico de contágio de covid19 para o mês de maio no Brasil, o alto escalão do governo federal é oficialmente investigado a partir de hoje. Não há governabilidade, é verdade. Mas é justamente por isso que a situação pode continuar como está.

Por Victor Dornas

Como todos sabem, Sérgio Moro implodiu o governo quando virou delator. 
O procurador geral Augusto Aras encaminhou ao Supremo um pedido de investigação dos seguintes crimes. Do lado de Bolsonaro, 4 crimes. Falsidade ideológica, advocacia administrativa, coação e obstrução. Já para Moro, 2 crimes. Corrupção Passiva e denunciação caluniosa. Ainda há a menção do crime de prevaricação, que caberia aos dois, em hipótese. Caiu no colo de quem? 
Celso de Mello, um dos mais críticos ao governo.. Que logo aceitou.
Parece um filme de terror para os afeitos ao governo e um filme de comédia para os detratores do mesmo, não é verdade? 

Como tudo isso começou?

Sérgio Moro assumiu a super pasta da Justiça fazendo alusão à corrupção italiana. Moro queria ser um Giovanni Falcone, que mandou mais de trezentos mafiosos pro xilindró na década de 80 e virou ministro da justiça. Na prática, em pouco tempo Moro se viu diante do primeiro dilema político. Ele, que sempre foi um audaz crítico do financiamento ilegal de campanha, doravante era interpelado sobre o caso Onix Lorenzoni, então ministro da casa civil, favorecido pelo fato do direito penal não retroagir em malefício do réu. Em campanha eleitoral, Lorenzoni assumiu ter recebido muito dinheiro da famigerada JBS.

Em palestra na Universidade de Harvard, Moro disse o seguinte:
“Me causa espécie quando alguns sugerem fazer uma distinção entre a corrupção para fins de enriquecimento ilícito e a corrupção para fins de financiamento ilícito de campanha eleitoral. Para mim a corrupção para financiamento de campanha é pior que para o enriquecimento ilícito”. 
Contudo, acerca do caso Lorenzoni, Moro então abre uma exceção: “Ele (Lorenzoni) mesmo admitiu os seus erros, pediu desculpas e tomou as providências para repará-los.”

Naquele instante nascia o Moro político, assumidamente, um estrategista político.
E pior, o governo legitimado como bastião contra a criminalidade começava mal.

Se o governo Bolsonaro procede de um modo tão vil, como Moro deixou a entender em sua delação derradeira, por qual motivo o ex-ministro demorou tanto para expor a farsa? Precisou de tempo para reunir provas? Tudo aconteceu em 3 meses? Caro leitor, isso é matéria de prova que será analisada na Polícia Federal e no Ministério Público. Celulares periciados, depoimentos, oitivas testemunhais. Uma batalha institucional das mais ferrenhas se anuncia.

E o vírus fazendo seu trabalho diabólico... 
“Ei humanos. Estou aqui matando, tudo bem?”

Não é por acaso que Bolsonaro loteou o governo para o centrão. Ele precisava de munição para continuar no cargo, uma vez que o Supremo, sozinho, não depõe um presidente. É necessário 2/3 de deputados para a aceitação de denúncia de crimes comuns e também da instauração do processo de deposição. Assim, por falta de governabilidade, a presidência começa a ficar muito apetitosa para os senhores do poder. Negociações sobre bancos públicos, o Porto de Santos, secretarias de governo se iniciam protagonizadas por caciques do PP, PTB, sindicalistas. Vemos aí uma evolução do aparelhamento estatal do PT, sustentado por uma legião de aduladores que negam a realidade que se apresenta, por inúmeros motivos. 
Vaidade, dissonância cognitiva, não importa. O governo ainda tem sua base eleitoral de cúmplices e usará isso também.

Rodrigo Maia agora protegerá Bolsonaro, pois também tem seus interesses.

E a tal gripezinha começa a matar com mais intensidade justamente quando mais interessa ao governo, uma vez que manifestações populares devem preceder um processo de deposição. E por isso não se verá mais na milícia digital bolsonarista uma discussão conspiratória sobre o vírus. A quarentena agora interessa.

Afinal... Quem protegerá os brasileiros? Por hora, o direito de ir e vir.

 Victor Dornas – Colunista do Blog do Chiquinho Dornas 

Ilustração: Google

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