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ALÔ, ALÔ, MARCIANO! (Coluna Victor Dornas)



Enquanto Elon Musk, um dos maiores empreendedores da atualidade, protagoniza o marco histórico de ser o primeiro particular a enviar astronautas para a ISS (estação espacial internacional) pela sua SpaceX, os Estados Unidos pegam fogo numa disputa ideológica envolvendo o assassinato de um homem negro por um policial racista. É uma prévia da baixaria que serão as eleições presidenciais nos EUA em novembro. Uma guerra de narrativas, contrastes e muito dinheiro sujo.

Por Victor Dornas

Talvez ninguém mais do que sul-africano Elon Musk personifique a imagem do empreendedorismo na atualidade. Toda a labuta de vida, perseverança diante de fracassos para alcançar sucessos como o avanço de tecnologias que prezam pela sustentabilidade como carros elétricos, absorção de luz solar, dentre outros inspira pessoas de todo tipo.

A ideia do foguete acompanha o empresário desde sempre, como uma obsessão de tornar as viagens espaciais um hábito comum a seres humanos no futuro. Outros tantos visionários como Walt Disney e o próprio Nikola Tesla também tinham esses mesmos vislumbres. Musk já abriu mais de vários negócios milionários para focar seu projeto no arriscado plano espacial. Ontem, com o lançamento bem sucedido do foguete Falcon 9, a dupla de astronautas da NASA Doug Hurley e Bob Behnken, equipe nomeada como “Crew Dragon” materializaram o primeiro passo do sonho de Musk. O foguete esbanja sofisticação com o primeiro estágio, isto é, a base do foguete retornando de “ré” após a desacoplagem para ser usado em outras viagens, fato que corrobora com o enfoque sustentável dos ideais difundidos por Musk.

Como não admirar ou até mesmo adorar uma figura dessa? Simples. Musk tem se metido na política, sendo um notório apoiador do governo Trump. Tem se metido nas questões de saúde também, sendo negacionista a respeito da forma como quase todos os países tem encarado a gravidade da pandemia.

A narrativa adotada pela imprensa progressista para ofuscar o brilho do feito histórico de Musk foi incendiar um caso bizarro onde um policial racista tortura até a morte um homem negro de quarenta anos. 

A cobertura midiática do caso oferece ao expectador a gravação da morte para que todos nós não apenas nos revoltemos com a barbárie do racismo em seu nível mais grotesco mas, principalmente, para associarmos isso ao Trump e, de quebra, tirar o brilho do feito de Elon Musk, uma vez que o assassinato ocorreu na véspera do lançamento da nave.

O resultado? 1700 pessoas presas até o momento e um escândalo midiático.

Não sabe dizer que existe sensacionalismo pois de fato o crime foi grotesco em todos os sentidos. Mas há, indiscutivelmente, a politização da tragédia de um modo desumano, com o velho fenômeno de manipulação de massa potencializado com a ascensão da politização virtual na farra diária das redes onde milhares acreditam ter seu próprio raciocínio mas apenas repercutem o achismo de meia dúzia de influentes, as mentes que confabulam as narrativas.

De fato, desde que nos entendemos como república, temos aqui no Brasil a sanha de repetir, com um toque tropical, as sandices que fiquemos sabendo que são feitas nos Estados Unidos. Essa febre de polarização pode ter sido incendiada pelo PT, o discurso de rixa proletária que, na história do mundo, sempre descambou em resultados antagônicos aos anunciados, isto é, mais diferença, mais pobreza ainda. Mas o fato é que, ainda que custe vidas humanas, a polarização se tornou um ativo que move milhões e milhões. Aquilo que prende a atenção das pessoas no mundo virtual de um modo fidelizado e, ainda, podendo ser usado como arma política com efeito real, decidindo eleições, por exemplo.

Musk, como um visionário que vive numa ficção científica em descompasso com o mundo terreno, pouco está ligando para esse falatório. Ele está com a cabeça em Marte. Quer levar o ser humano para conhecer o planeta desértico. Por qual motivo sonhadores como Musk acabam dando corda para governos como o de Trump ou Bolsonaro que protagonizam todo esse show de polarizações que nada interessam aos que de fado pensam no progresso?

A resposta é muito simples. Musk não é um anarquista. 

Ele sabe que sua missão espacial não teria possibilidade de existir sem a presença da NASA, uma agência subsidiada pelo governo. Musk entende a necessidade do Estado nesse sentido, porém, como todo empreendedor que muitas vezes percebe seus recursos providos a partir de tanto suor, tem repulsa com o falatório improdutivo, ideologizado, de gente que não conseguiria fabricar um foguete de plástico mas que consegue, através da lábia, captar recursos pela via da imposição governamental e fazer fama em cima disso. Musk, dentre outros tantos, enxergam em figuras mais francas uma oportunidade de minar todo esse falatório oportunista de ocasião que deturpa questões de minorias.

O perigo disso tudo é que, em meio q mídia sedenta pela derrota de Trump, há também aqueles que se preocupam de fato com as questões humanas e acabam silenciados nessa guerra de narrativas que foca obter dinheiro usando falas politicamente corretas e eleitoreiras. Mistura-se tudo no mesmo balaio.

A política é a materialização no macro das questões humanas. Por isso é tão complicada e requer uma análise mais cuidadosa. Ambos os eventos, tanto a tripulação de norte-americanos da SpaceX quanto a politização do assassinato do jovem Lloyd tem repercussões políticas. A questão é tentar encontrar o tom adequado na conjunção de ambas. Como elas se relacionam? 

A análise política precisa atentar às “coincidências” convenientes mais sórdidas.





(*) Victor Dornas - Colunista do Blog Chiquinho Dornas , fotos ilustração: Blog-Google 



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