Extra! Extra!
Vladimir Putin diz que haverá retaliação nuclear caso
Donald Trump não retroaja em sua ideia de manter ativados submarinos armados
com ogivas de 5 quilotons!!!
Trata-se de uma guerra antiga com bombas nucleares sendo desarmadas pela simples sugestão de uma nova ordem econômica.
Trata-se de uma guerra antiga com bombas nucleares sendo desarmadas pela simples sugestão de uma nova ordem econômica.
Por Victor Dornas
Para os afeitos a uma boa teoria conspiratória, o fato de o
governo russo fazer uma ameaça ao governo estadunidense justamente no momento em
que um vírus iniciado em território chinês deprime a maior economia do mundo é um
prato cheio. Esse desentendimento entre os dois países, entretanto, acerca do
caso específico destes submarinos, já vem desde 2018, quando Trump quis
implementar à luz do dia uma nova filosofia nuclear. Isso não significa que o
fato de Putin dar o ultimato justamente agora não tenha em si uma
estratégia.
Claro que tem.
É ano eleitoral e Trump tenta se esquivar de críticas que
afirmam que sua gestão é supostamente responsável por parte da tragédia
provocada pelo vírus em território norte-americano, uma vez que, inicialmente,
a postura do presidente dos Estados Unidos foi de deboche.
Putin resolve então jogar no colo do adversário essa bomba
diplomática, pois sabe que Trump, já fragilizado politicamente, tende a
aquiescer sem a empáfia de sempre. A Rússia não anda bem das pernas, não por
acaso. Uma autocracia não é o melhor ambiente para fomentar o mercado. Não se
sabe se a Rússia esconde da espionagem estadunidense os mesmos submarinos que alega o
governo Trump de irregularmente possuir. Na guerra fria, os Estados Unidos optaram
por tentar fingir ao mundo que atua com transparência e usará essa arma contra
a Rússia para buscar um acordo mais benéfico a ambas as partes, uma vez que numa
empreitada nuclear, um passo dado para trás custa bilhões.
O conflito,
portanto, se dá no terreno diplomático, na selva geopolítica.
Cabe ressaltar ao leitor, entretanto, sobre aquilo que impede
que conflitos tão antigos como a guerra fria não aqueçam. Aquilo que segura o
ânimo destrutivo de governos dotados de poder aniquilador de escalas
imensuráveis. Quem segura as rédeas desses monstros apocalípticos?
Entenda que, há bastante tempo, as bombas terríveis,
capazes de dizimar cidades inteiras em questão de minutos, têm sido vistas por
analistas geopolíticos como instrumentos da paz.
Bombas e paz? São duas palavras que não se comunicam, ora!
Pois é.
É que a política é complicada assim mesmo.
Há quem
diga que a estabilização de ameaças frias de parte a parte é o que impede a
guerra e isso tem lógica, porém, na opinião deste singelo articulista, ao
contrário do que muitos dizem, não é bem isso que segura as rédeas da
destruição. Isso até segura, por um tempo, mas tende a não suportar
contingências ou imprevistos diversos que podem impor à determinada nação
dotada de poderio bélico nuclear o pior dos ímpetos. Mas então se essa ameaça velada, repleta de segredos
industriais, espionagens, não é suficiente para conter a destruição, o quê seria
capaz?
Explico.
A própria conjuntura econômica em que países de culturas e
formas políticas distintas entendem que a cooperação é mais lucrativa do que
qualquer guerra. É esse tipo de consciência que mudou o mundo e promoveu tantos
progressos. O uso da razão! A globalização dos meios de produção seria a chave
para que a luta fique no terreno comercial, onde todos possam ganhar.
Na prática, infelizmente não é o que acontece. A geopolítica
ainda é uma selva e dificilmente se consegue acordos justos. Porém, ainda
assim, o vislumbre de um mundo onde a negociação de países seja a provedora da
paz, traduz em valores monetários o interesse político suficiente para que, ao
menos, não retrocedamos à estupidez de uma guerra mundial.
Assim, nobre leitor, chegamos ao ponto principal. A ameaça
nuclear, graças aos novos modelos de mercado entre países, por mais incipientes
que ainda sejam, tende a ser apenas uma forma de negociação, isto é, nem mesmo
a Rússia que ameaça os Estados Unidos, acredita naquilo que seu chefe de estado
diz. Quanto tempo essa brincadeirinha durará? Não se sabe. O fato é que a
negociação internacional para melhorar o mercado entre países é a ferramenta da
paz.
Essa guerra entre potências é fria por isso.
A diplomacia ferve para evitar que
o inferno reine sobre a Terra.
Victor Dornas – Colunista do Blog do Chiquinho Dornas
Ilustração: Adam Zyglis.