Shoppings como o Conjunto Nacional
e o Boulevard, na Asa Norte, estão fechados desde meados de março: associação
de centros comerciais apresentou ao governo documento com 23 recomendações para
a reabertura
*Por
Jéssica Eufrásio - Ana Maria da Silva
Lojas de shoppings só abrirão após
testes. Exame para detecção da Covid-19
em todos os funcionários é uma das exigências para que centros comerciais
voltem a funcionar. Requisito consta em versão preliminar de decreto que prevê
flexibilização do isolamento social no DF. Medida, no entanto, depende de
decisão judicial
O governador do Distrito Federal,
Ibaneis Rocha (MDB), anunciou o adiamento da data de reabertura de mais uma
parte do comércio pouco antes do Dia das Mães. Além de problemas em garantir
máscaras para distribuir à população e de questionamentos da Justiça, uma das
preocupações que teriam motivado a mudança foi a possibilidade de haver
aglomeração na busca pelos presentes. Ontem, em nova reunião, representantes do
Executivo local e de associações do setor de serviços discutiram as condições
para funcionamento de shoppings e centros comerciais a partir de 11 de maio, se
houver autorização judicial.
O Correio teve acesso à versão
preliminar do decreto que detalha mais uma etapa da flexibilização do
isolamento social no DF. Como antecipado, academias de esporte de todas as
modalidades, clubes esportivos e de lazer, bares, restaurantes, salões de
beleza e centros estéticos continuam de fora, com previsão de permanecerem
fechados. No caso de shoppings, o acesso de clientes só poderá ocorrer mediante
verificação da temperatura. Além disso, todos os cerca de 160 mil funcionários
devem passar por teste para detecção da Covid-19 e usar equipamentos de
proteção individual (leia Condições).
A minuta agradou representantes de
entidades do setor, que ainda podem propor sugestões. O Plano de Reabertura
entregue por elas ao governador Ibaneis Rocha (MDB), na semana passada, serviu
de base para o documento preliminar. O guia incluiu série de orientações para
funcionamento de estabelecimentos como shoppings, salões de beleza e estúdios
de treinamento físico.
Até que a decisão judicial saia,
os empresários encaminharão novas sugestões ao Governo do Distrito Federal
(GDF), especialmente em relação ao horário de funcionamento dos shoppings. A
ideia é que as entidades proponham expedientes alternativos, para não gerar
aglomerações nem lotação no sistema de transporte público. Além disso, a
testagem de todos os funcionários foi uma das condições impostas. Caso haja
aumento na curva de contaminação, o governador Ibaneis Rocha (MDB) pode recuar
da decisão.
Assim como ocorre em alguns
hipermercados e atacadistas da capital, os shoppings terão de medir a
temperatura dos clientes
Duas fases: As penalidades para descumprimento das normas
também estão sob avaliação. No entanto, pessoas com temperatura acima do
estabelecido ou sem máscara deverão ser barradas na entrada. Ontem, a
Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) divulgou o Protocolo de
Operação após Reabertura dos Shoppings. O documento apresenta 23 recomendações
baseadas em referências internacionais, que incluem desde verificação da
temperatura até ampliação do espaço entre vagas de garagem e mesas de
restaurantes e praças de alimentação.
O protocolo tem duas fases: a
primeira é a abertura parcial, com horário reduzido de funcionamento,
cancelamento de eventos, manutenção de cinemas e áreas de lazer fechadas. Para
depois, o plano prevê a liberação total, com shoppings abertos normalmente. Em
Brasília, alguns deles se organizam para a etapa inicial. “Fizemos teste da
Covid-19 em todos os colaboradores que retornarão à atividade profissional.
Também adquirimos máscara para todos eles, bem como termômetros para medir a
temperatura dos clientes”, informou as Organizações PaulOOctávio,
administradora de três shoppings do DF.
O ParkShopping comunicou que, além
de cumprir as determinações do poder público, elabora um protocolo de cuidados
específicos. “Contamos com uma consultoria de infectologistas, buscando
promover o máximo de segurança aos clientes e trabalhadores.” O Conjunto
Nacional também organiza série de procedimentos no caso de reabertura: “Entre
elas desinfecção diária do shopping e higienização a cada três horas de
superfícies muito tocadas, além do controle de acesso nas entradas e da
suspensão de eventos”.
Infectologista do Hospital
Brasília, Ana Helena Germoglio avalia que a abertura do comércio deveria
depender da redução do número de casos na região e lembrou que a máscara, por
si só, não é capaz de conter a disseminação do novo coronavírus. “Ela só vai funcionar
se todos usarem. O mesmo vale para outras medidas, que chamamos de não
farmacológicas. Elas só funcionarão se forem implementadas em conjunto:
higienizar as mãos, manter o isolamento social e evitar aglomerações”,
destacou.
Em relação à verificação da
temperatura dos clientes, Ana alertou que a medida tem pouca eficácia, pois nem
todas as pessoas contaminadas pelo vírus têm sintomas. “Quem está com febre não
costuma frequentar shopping, prefere ficar na cama. E também há a transmissão
por pacientes assintomáticos, que, apesar de pouca, existe”, completou a
médica.
Condições: Confira algumas
exigências previstas para a reabertura dos shoppings: »Verificação da temperatura de todos os clientes
antes da entrada no local » Garantia de fornecimento de equipamentos de
proteção individual e álcool em gel 70% para funcionários, colaboradores,
terceirizados e prestadores de serviço » Fechamento de pontos de
recreação, como brinquedotecas, áreas de jogos eletrônicos, cinemas, teatros e
afins » Fechamento das praças de alimentação, com autorização apenas para
serviço de entrega a domicílio e retirada de produtos, com proibição do consumo
no local » Funcionamento de lojas apenas mediante realização de teste para
detecção da Covid-19 em todos os funcionários » Disponibilização dos
resultados nas lojas, para conhecimento das autoridades de fiscalização
(*) Jéssica Eufrásio - Ana Maria
da Silva*~*Estagiária sob supervisão de Guilherme Goulart - Fotos: Ana
Rayssa/CB/D.A.Press - Minervino Júnior/CB/D.A.Press - Correio Braziliense