Uso de máscaras está sendo
fiscalizado nas éreas públicas do DF e quem não usar do item está sujeito à de
R$ 2 mil. Proteção é fundamental para evitar a disseminação do vírus
*Por
Alexandre de Paula
Atenção constante do DF. Mesmo com
a gradual abertura do comércio e queda no distanciamento social, casos de
covid-19 devem aumentar. A situação do DF, em relação a outros estados, está
mais controlada devido às medidas tomadas há dois meses
Com o movimento mais intenso de
flexibilização do comércio, o aumento da circulação de pessoas nas ruas e a
queda no índice de distanciamento social, os casos de coronavírus no Distrito
Federal devem aumentar, avaliam especialistas. Para evitar o colapso na rede de
saúde, é fundamental que o momento seja de avaliação constante, recomendam, e
de implementação de medidas de seguranças que possam garantir que o cenário na
capital permaneça sob controle.
Atualmente, o DF está longe de
figurar entre as unidades da Federação (veja Em comparação) com maiores
dificuldades no combate ao coronavírus. Com letalidade muito abaixo do que a
média nacional, e número de leitos e de equipamentos até o momento suficientes
para atender à demanda, a capital federal conseguiu retardar a disseminação do
vírus e o agravamento de casos mais sensíveis.
A avaliação, no entanto, é de que
o DF precisa manter-se em alerta constante para evitar que a situação se agrave
e os resultados obtidos até agora sejam perdidos. O momento atual, explica o
especialista em doenças infecciosas e médico do Hospital de Base e das Forças
Armadas (HFA) Hemerson Luz, é reflexo das medidas iniciais mais drásticas que
prepararam o sistema local para a covid-19.
“O distanciamento social precoce
foi muito importante e a baixa letalidade está ligada ao acesso ao suporte
clínico. Sem isso, nosso índice de mortes seria muito mais alto. Temos acesso a
exames, suporte clínico e vagas abertas. Tudo isso contribuiu”, explica. “Mas,
o momento ainda é delicado e precisa ser avaliado constantemente, o que o
governo local tem feito até agora.”
A flexibilização das atividades
comerciais, para o infectologista, deve ser interpretada como uma medida que
pode ser revista a qualquer momento, a partir da análise do quadro atual. “Ela
é um caminho de duas vias. Assim como se flexibiliza, se ameaçar nossa
capacidade de atendimento, podemos reverter a decisão. Se chegar a uma ameaça
de perder o controle e a demanda de atendimentos ultrapassar a capacidade de
suporte, pode haver até a implementação de medidas mais duras.”
O aumento no número de casos, com
a abertura de parte do comércio e a queda no distanciamento social, é certo,
afirma o infectologista Alexandre Cunha, do Hospital Brasília. “A grande
questão é se a velocidade desse aumento consegue ser suportada pelo sistema de
saúde”, pondera. “Nós tínhamos UTIs vazias há poucas semanas e hoje não é mais
assim. Apesar de não haver lotação, a ocupação é muito maior. Então, essas
questões mudam.”
Por essas razões, defende também
Cunha, é importante que as autoridades mantenham monitoramentos para avaliar o
impacto das novas medidas. “Essa análise tem que ser feita de 10 a 15 dias. As
pessoas começam a ter contato e ocorre o contágio, o período de incubação é de
cerca de cinco dias e o de agravamento, de cinco a 10 dias. Então, só vai dar
para avaliar esse reflexo entre 10 e 15 dias”, detalha. “Por isso, esse
movimento tem que ser gradual, para permitir decidir se há a necessidade de
reverter.”
Contenção: Com o aumento de casos considerados como certo, especialistas destacam
que algumas medidas podem ser tomadas em busca de contenção. “Muito já tem se
falado sobre questões como o uso da máscara e a oferta de álcool em gel nos
estabelecimentos, que são importantes. Também é preciso pensar na estrutura de
suporte, mas esses dois primeiros meses ajudaram a melhorar o sistema”, destaca
Alexandre Cunha.
Cada setor precisa ter regras
específicas, recomenda Hemerson Luz. “Isso pode garantir o controle no número
dos clientes, o espaçamento entre as pessoas, além de medidas como o controle
de temperatura nas entradas e o uso de máscaras”, frisa. “O distanciamento
também deve ser respeitado o máximo possível”, complementa.
A Secretaria de Saúde reforça que
a recomendação de distanciamento social permanece e constitui a principal
medida para a diminuição do contágio. “Se comparado com as projeções iniciais,
sem as medidas de distanciamento social, houve uma redução na velocidade do crescimento
no número de casos de infectados, internados e mortes”, informa a pasta.
“A projeção para o mês de abril era de 15 mil casos graves que,
possivelmente, necessitariam de UTI. Com a adoção dessas medidas, a avaliação é
de que tenhamos um total de casos críticos, no pico da pandemia, em torno de
700 registros.”
Não há, segundo a secretaria,
sobrecarga no sistema de saúde atualmente e ações, como os testes em massa, são
prioritárias. Até 19 de maio, quase 80 mil brasilienses passaram por exames e a
pasta assinou contrato emergencial para a execução de serviços laboratoriais e
de análise clínica de mais 100 mil testes rápidos, no período de 15 dias.
Especialistas avaliam que
flexibilização de setores do comércio deve provocar aumento de casos no DF
Regras: Com a liberação de mais atividades, o GDF endureceu a fiscalização de
regras contra a disseminação da covid-19. Passou a valer, na última
segunda-feira, multas — a partir R$ 2 mil — para quem não utilizar
máscaras. Dez equipes com representantes de vários órgãos atuam no controle.
A Secretaria DF Legal também
apertou o cerco contra os estabelecimentos não autorizados que voltem a
funcionar. “Desde o fim de março, tem realizado fechamentos e interdições de
comércios, que em função da covid-19 não estão autorizados a funcionar. Até o momento,
cerca de 23 mil foram fechados compulsoriamente, e 971 interditados e 23
multados”, informou a pasta.
“A projeção para o mês
de abril era de 15 mil casos graves que, possivelmente, necessitariam de UTI.
Com a adoção dessas medidas, a avaliação é de que tenhamos um total de casos
críticos, no pico da pandemia, em torno de 700 casos” - (Nota da
Secretaria de Saúde)
(*) Alexandre de Paula
– Fotos:Ana Rayssa/CB/D.A.Press - Ed Alves/CB/D.A.Press – Correio
Braziliense
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