Extra! Extra!
Ex-sub-secretário de saúde do Rio é preso por fraude na aquisição de respiradores. Recentemente exonerado, Gabriell Neves é a ponta do iceberg. Semanalmente, denúncias acerca de fraudes na aquisição de
aparelhos e materiais destinados ao combate à pandemia são cada vez mais
frequentes no noticiário. Não esqueçamos de onde vem a legitimidade de Jair Bolsonaro: O
Brasil é terra de ninguém.
Por Victor Dornas
A despeito da forma como sempre votou em sua "carreira" parlamentar, como político astuto, Bolsonaro conseguiu vestir o traje do combate à corrupção.
A personificação de um messias é um clássico da
política brasileira. Collor fez o mesmo e acabou daquela forma, sem partido, politicamente quase apátrida.
O que ainda mantém o eleitorado cativo bolsonarista é a ideia de que,
por mais desastrado que seja o governo atual, ele não rouba. Simples assim, em
bom português. A presença dos militares é um dos pilares que garante, na visão
dessas pessoas, um diferencial em relação à cleptocracia contumaz.
Trata-se aqui de uma questão de trauma. O condenado Lula, cujo governo desviou
mais de 200 bilhões de reais do SUS sob o pretexto de rombo orçamentário, com
salário garantido pelo erário mesmo diante de sua condenação, agora posa de comentarista político. Vejam só!
Bolsonaro está pautando a presidência do Supremo levando lobbystas para
pressionar os governos? Sem dúvida. A relação entre ele e Dias Toffoli suplanta
a liturgia de chefes de poderes? Sem dúvida. É politicagem barata. Este articulista então questiona:
- O que Lula tem a ver com isso? Lula não é comentarista olítico! Lula é
bandido! Não esqueçam que Lula fez um jogo duplo nas eleições. Foi o maior eleitor do atual governo e, ao mesmo tempo, o seu opositor.
É necessário pontuar duas coisas sobre a defesa dos entusiastas
de que o governo atual não prevarica, não corrompe, não rouba. Primeiro. Com o loteamento de cargos importantes do alto escalão
a caciques políticos do centrão, a questão da corrupção deixa de ser meramente hipotética
pois o modus como se operam as permutas de cargos, ainda que protegidas por legislações
espúrias, é por si mesma criminosa. Escândalos? Questão de tempo.
Segundo. O
brasileiro precisa entender que a má gestão é tão danosa quanto à corrupção, vez que o preço cobrado pelo voto favorável a medidas ambicionadas por um
governo sem base, sem partido, é deveras alto. Estamos tratando aqui da
politicagem descompromissada, da farra do dinheiro público.
Enquanto isso, em certos gestores de Estados que se apresentam na mídia como
algozes ao governo federal, verifica-se, entretanto, uma
série de denúncias que demonstram o descaso com a coisa pública,
mesmo numa pandemia.
Assim, compra-se uma tecnologia equivocada, ou se adquire máscaras
que outros países já denunciaram como sendo mal feitas, promove-se superfaturamento que aferido em pente fino de auditoria. Nada disso tem relação
direta com o governo federal e quando é exposto, acaba usado como
chavão do tipo: “Olhem aí o naipe dos que querem me derrubar”.
Essa insistência de formadores de opinião em omitir aquilo
que legitima o discurso bolsonarista, bem como a benevolência com figuras já
condenadas que posam agora de analistas políticos é aquilo que pode render a
Bolsonaro a sua reeleição, a despeito de todo tipo de absurdo que ele tem
promovido sem pudor, como por exemplo a convicção de que pode manejar cargos da
polícia federal sem justificativa, haja vista que a lei o confere prerrogativa da nomeação. Ou ainda sequer respeitar a lista tríplice de
indicação da procuradoria geral, fato que culmina no engavetador
geral, papel hoje interpretado pelo petista Augusto Aras.
O padrão de gestão pública sufoca os brasileiros há bastante tempo.
Colunista do Blog - Ilustração: Google.