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O TRIBUNAL DOS ADVOGADOS (Coluna Victor Dornas)


Conforme venho tratando aqui, há uma rixa interna na PF de cunho político que se perpetua há tempos e faz da instituição uma arma nas mãos do autoritarismo. O ministro Alexandre de Moraes, que é qualquer coisa menos magistrado, resolveu colocar a PF para devassar a intimidade de “youtubers” simpatizantes ao governo. Trata-se do inquérito mais cafajeste produzido numa alta corte dita democrática.

Por Victor Dornas

Um país comandando por advogados não poderia dar certo. Com a conivência da Associação de Magistrados, advogados que prestaram serviços a políticos auferem de honradez suprema que não é deferida a nenhum juiz. Gilmar Mendes não tem vergonha de adjetivar seus algozes de “juizecos”, pois de fato se entende revestido de uma toga sagrada, ainda que não tenha feito absolutamente nada para merecê-la.

Tudo que um advogado precisa fazer para chegar ao Supremo é estar no esquema de algum político importante. Agora, um desses advogados resolve aparelhar a banda “anti-bolsonarista” da PF para promover diligências em residências de “youtubers”.

Alexandre de Moraes é frequentemente ligado ao PCC e já processou jornalistas por isso. O fato é que, sendo ele do PCC ou não, o método de intimidação é vulgar. O Supremo tem flertado com o autoritarismo com cada vez mais veemência. Mandou tirar de circulação a revista Crusoé, pois havia nela matéria que causou desgosto a Dias Toffoli, advogado do PT que chegou ao Supremo sem ter produzido nada academicamente ou passado em qualquer concurso público e Alexandre de Moraes, indicado por Michel Temer, um dos ex-presidentes que conheceu de perto o cheiro do xilindró.

Depois de Celso de Mello divulgar vídeo ministerial de presidente sem nenhum respaldo criminoso, agora é Moraes que atenta contra a Constituição tentando intimidar jovens idealistas usando a mais alta inteligência de combate ao crime da nação. Jovens que não fazem mais do que dizer aquilo que pensam e, ao contrário da Crusoé, não gozam de costas quentes e, portanto, se tornam alvos fáceis do advogado supremo da nação.

O Supremo estar fazendo essas lambanças, nada me espanta, afinal não se trata de uma corte suprema e sim de um tribunal politizado e corporativista garantidor do crime organizado formado por advogados com ligação pessoal com políticos. Me preocupa mais a questão da presença da PF nisso tudo, ou seja, de uma instituição técnica dotada do poder máximo coercitivo.

Muito se especula acerca da real intenção do presidente em querer informações sobre as diligências da instituição. O caso do filho não importa tanto quanto parece pois o mesmo agora já tem seu caso analisado no Supremo com mais de dez recursos negados. Talvez, conforme disse aqui ontem em minha coluna, Bolsonaro queira mesmo é marca território numa polícia politizada. Fato não menos gravoso, porém inadequado no sentido de apontar dedos, uma vez que há na instituição interferência de todos os lados, de todos os espectros.

Alexandre de Moraes não vai parar. Seu intento agora é de surfar na onda anti Bolsonaro para ditar ao país como é que se toca um STF, isto é, fazendo aquilo que a mídia acusa Bolsonaro e o alto escalão do Exército de tentarem fazer. Promovendo diligências autoritárias, intimidando e minando qualquer possibilidade de crítica. Toda crítica feita ao STF atualmente é tomada como antidemocrática, como se nossa democracia dependesse desse grupo de advogados. Como se a nossa corte suprema não pudesse ser, por exemplo, gerida por magistrados concursados.

Como o Supremo conseguiu fazer tudo isso? Como conseguiu ter tanto respeito? Simples. É do ofício do advogado aprender a argumentar, a fazer a cabeça das pessoas. A criar ilusões que se parecem com a realidade. É disso que se trata o  STF há muito tempo.

Não se vê povo no STF. Não se vê coisa do povo no STF. É um mundo de advogados. Feito para advogados. Um mundo perigosíssimo.





(*) Victor Dornas - Colunista do Blog Chiquinho Dornas , fotos ilustração: Blog-Google 

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