A esquerda brasileira patrona do movimento terrorista MST está comemorando a prisão da ativista Sara Winter, ex-líder do FEMEN (movimento
terrorista feminista) que encabeçou uma marcha para soltar rojões na sede do Supremo.
A grande imprensa, defensora das causas do MST, ilustra a questão como um
embate entre direita e esquerda, contudo, percebe-se, de ambos os lados, um
monte de gente que não sabe distinguir o norte do sul. Há, de fato, no Brasil, um
conflito ideológico que mereça análise acadêmica? Ou alguma coisa mais perversa?
Por Victor Dornas
O astrólogo Olavo de Carvalho, ex-comunista revolucionário e
ex-muçulmano define Sara Winter, ex-feminista radical, como, segundo ele
próprio, “a maior pensadora política da direita brasileira.” Ressalvada a
hipótese de fala jocosa, que não parece ser o caso vide a sucessão de
disparates monumentais do ideólogo, talvez seja uma questão de identificação
vocacional. Sara decorou alguns jargões insuflados pela turma olavista e tem
comandado uma trupe de revolucionários que entende o lançamento de fogos de
artifício ser o método adequado para intimidar os ministros.
Sara e Olavo não estão sós, evidentemente. Figuras políticas
como o deputado e membro da realeza Luiz Philippe de Orléans e Bragança se
posicionaram contra Alexandre de Moraes arguindo que democracia não é o
respeito institucional e sim a vontade popular. Frisa-se, desde já, que essa
coluna sempre se posiciona contrária às sandices promovidas pela suprema corte
de advogados, como por exemplo a batida feita na casa de 29 pessoas sem
anuência do Ministério Público baseada num regimento com hermenêutica
alucinada.
Há de se notar, entretanto, que o príncipe também está errado
quando endossa a tese olavista de que a democracia é a “vontade popular”. Se
dependesse da “vontade popular”, políticos e figuras que passam por exposição
vexatória por qualquer motivo seriam esquartejados em praça pública, por
exemplo. A democracia não é meramente a vontade popular e sim a intermediação por instituições responsáveis por manter não apenas aquilo que é pensado
atualmente, mas toda a construção normativa de nossos antepassados.
A mera vontade
popular pode ser definida como uma sociedade anárquica por exemplo, ou inúmeros
outros modelos. O diferencial da democracia está justamente na formalidade institucional
e no sufrágio.
Questiona-se, portanto, se um movimento conservador permitiria
tantas figuras mal instruídas sobre o bê-á-bá da teoria geral do direito, se justamente
cabe ao conservador preservar o bom das instituições. Como é possível um
movimento conservador que endossa uma marcha promovida por essa jovem, que
certamente nunca leu qualquer livro de direito, que responde inquéritos por
promover passeatas na frente do parlamento empunhando tochas, em alusão óbvia
aos movimentos supremacistas raciais americanos?
Como um conservador de verdade
permite tanta baixaria, falta de instrução, desprezo com os ritos acadêmicos, a
ponto de eleger um sujeito que sequer terminou o segundo grau externando sua vocação
revolucionária com prepostos toscos como a tal Sara Winter?
A forma correta para mudar qualquer coisa numa democracia se
dá na forma do verbo falar, não do quebrar. Primeiramente, um mínimo de ensaio acadêmico
para não incorrermos em erros tão sórdidos como considerar democracia mera “vontade
popular”, seja lá o que isso signifique no imaginário enfermo olavista, vez que
não há empiria estatística que comprove que sequer legitimação esse
quebra-quebra tem. Certamente não tem. Todo movimento revolucionário se ancora
numa falsa “vontade popular”, ademais.
O caminho para impor ao Supremo uma mudança verdadeiramente
democrática se dá no questionamento acerca da indicação daquelas pessoas e as
matérias que são tratadas ali, isto é, deveriam ser juízes sem um “backlog”
inexplicável justificado pela recepção de matérias que já deveriam ser resolvidas
nas cortes ordinárias, mormente as matérias de cunho penal. A forma para propor
alterações é no parlamento, ainda que sejam alterações que exijam reformas
constitucionais mais severas. A instrução cívica e política das pessoas.
Há a crítica institucional e também a crítica de seus
agentes. Uma coisa é criticar o Supremo enquanto tribunal, outra é a conduta de
seus agentes, como a do próprio Alexandre de Moares que, na visão deste
articulista, jamais deveria compor qualquer corte por não ter sequer formação
jurídica para tanto. As duas formas de críticas são possíveis.
O método revolucionário, entretanto, tem como uma de suas
características mais comuns a confusão entre as duas críticas, isto é, não se
busca uma definição temática técnica de modo que se estabeleça qual parâmetro
exatamente se está criticando. As pessoas de fato não sabem exatamente aquilo
que motivam seu próprio protesto e, sendo revolucionários, acabam se rendendo à
tentativa de disrupção do status quo, isto é, o quebra-quebra para mudar tudo,
aquilo que causaria mais asco em qualquer conservador minimamente instruído.
Nosso país não comporta divergência ideológica pois não há debate instrumentado e sim uma rixa
faminta por dinheiro público protagonizada por pessoas que importam resquícios
deformados de ideologias mortas do velho mundo, que soam bastante atraentes aos
ouvidos e uma massa carente de estudo. Não há direita e esquerda e sim oportunismo
político de toda a sorte de criaturas sedentas por um cargo que garanta sua
parcela do erário. O astrólogo Olavo de Carvalho semana passada foi as redes
dizer que “acabaria ele mesmo com o governo Bolsonaro”, caso o mesmo não o
ajudasse em seus interesses particulares. Não há nada mais revolucionário do
que a megalomania.
Olavo, entretanto, pensa influir num governo que, talvez não
tenha lhe ocorrido, está cada vez mais e mais enfraquecido, justamente por
falhar em notar que suas falas e suas posturas na indumentária presidencial alcançam
todos os brasileiros e não apenas a bolha de revolucionários que interpretam a
conservadorismo de um modo tão grotesco. Quanto mais Bolsonaro ceder aos filhos
e a tal bolha, mais fácil será para seus opositores, tanto na grande mídia como
nos mais diversos setores, promoverem narrativas que exijam mais e mais acordos
com o centrão para aprovar pautas básicas no parlamento e deixar nossa nação em
frangalhos.
(*) Victor Dornas - Colunista do Blog Chiquinho Dornas , fotos ilustração: Blog-Google
(*) Victor Dornas - Colunista do Blog Chiquinho Dornas , fotos ilustração: Blog-Google