Coronel
Wellington Corsino Presidente da Associação dos Militares Estaduais do Brasil
(Amebrasil)
“O gesto do
presidente ter colocado a máscara com o rasão da PMDF e ter montado um cavalo do nosso regimento os deixou envaidecidos”
A Polícia Militar do DF apóia as manifestações contra o STF e
o Congresso? O policial militar em
serviço não entra no mérito de qualquer manifestação. Ele está lá para garantir
a integridade dos manifestantes, proteger o patrimônio público e garantir a
ordem pública. As crenças pessoais dos policiais militares não influem no
desempenho da missão recebida. Nós, policiais militares, nos balizamos pelo
estado de direito e pelas determinações emanadas dos nossos comandantes.
Pode-se dizer que a corporação é aliada do presidente Jair
Bolsonaro? A PMDF trabalha na
perspectiva do cidadão. Existimos por causa dele. Somos o fiel da convivência
social. Os policiais são aliados e seguidores da Constituição e das leis. O
presidente da República, como Comandante-em-Chefe das Forças Armadas, tem nosso
respeito e nossa admiração pelo fato de ele também ser um militar. Também o
admiramos pelo fato de ele compartilhar os mesmos valores militares que nós
defendemos e cultuamos. O gesto do presidente ter colocado a máscara com o
brasão da PMDF e ter montado um cavalo do nosso regimento nos deixou
envaidecidos, da mesma forma que o MST deve ter ficado envaidecido quando os
ex-presidentes Lula e a Dilma usaram o boné daquela organização.
Temos visto situações em que policiais militares demonstram preferência pelo governo Bolsonaro, inclusive no DF. Isso é uma sinalização política favor do presidente? É público que o atual presidente, como militar que é, tem muitos eleitores que são militares federais e estaduais. O mesmo acontecia na “Era JK”, já que o ex- presidente Juscelino, equivalentemente, foi um oficial da Polícia Militar de Minas Gerais.
Em meio a manifestações pelo mundo de repúdio ao assassinato
de um homem negro por um policial nos Estados Unidos, um PM agrediu um
negro em Planaltina. Há racismo na corporação? A PMDF é composta de homens e mulheres de todas as etnias, de todas as
religiões, assim como acontece nas Forças Armadas. Como somos o somatório do
grupo social a que pertencemos, afirmo que não aprendemos racismo nas nossas
academias e escolas militares. Pelo contrário, aprendemos a ser plurais em
pensamento, palavras e atos, bem como tolerantes com o próximo. Na nossa
atividade estamos sujeitos a muito estresse e, em algum momento, alguém pode
sair da normalidade psicológica/técnica e praticar um ato também anormal e que
uma vez acontecido é investigado e punido por nós (justiça militar e nossos
rígidos códigos disciplinares) e pela justiça comum também. Posso garantir que
não existe racismo exposto na nossa instituição. Mas, se houver alguma
manifestação, iremos reprimir e punir exemplarmente. Entendo que não podemos
comparar a situação do policial norte-americano com a nossa realidade. Mas,
entendo que antes de ser um crime de racismo perpetrado por ele, creio ter sido
um crime onde a imperícia e a negligência foram as causas determinantes. A
reação popular foi fruto das antigas cicatrizes de racismo da sociedade
americana. Quando um jornalista, assassina sua esposa não quer dizer que todos
os jornalistas são propensos a cometer crimes dessa natureza. Por essa razão,
devemos ter cuidado nas comparações e generalizações sem levarmos em conta as
diferenças de realidades sociológica, antropológica, psicológica e cultural.
Ana Maria Campos – Coluna “Eixo Capital” – Foto: Luís
Nova/CB/D.A.Press – Correio Braziliense
Tags
À QUEIMA-ROUPA