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STF - MONOCRATICAMENTE PERVERSO (Coluna Victor Dornas)



Augusto Aras, o procurador nomeado sem a lista tríplice, diz que as forças armadas podem ser necessárias quando um poder inutiliza o outro. De fato, o Tribunal da Verdade que emite sentenças monocráticas sem qualquer respaldo legal, promovendo batidas policiais com arrimo numa deturpação regimentar, ofende o equilíbrio institucional. Porém, aquele que menos tem a ganhar com uma guerra social é o próprio Bolsonaro, detentor legítimo do cargo.

Por Victor Dornas

Nosso país pode ter todos os problemas do mundo, porém sempre fomos admirados por nossa pluralidade cultural, nossa mistura própria de etnias, culturas diversas. Não que o Brasil estivesse imune à barbárie do racismo, ao contrário, nos anos 80 era comum que jornalistas, sem qualquer pudor, chamassem nossos irmãos de “pessoas de cor” nessas grandes emissoras que hoje posam de moralistas. É necessário, pontuar, no entanto, que isso não nasce no Brasil e sim vem de fora. E o fato de vir de fora significa que ainda temos o poder de reagir, pois não é da nossa essência separar a sociedade em grupelhos identitários que vivem pela rixa.

O racismo, que era mais comum ainda nos anos 80, foi coibido consideravelmente, porém não integralmente, pois o atavismo persiste na ignorância. Não há como negar, entretanto, que junto com a luta pelo fim do preconceito étnico ou de cunho sexual, vieram também os oportunistas de ocasião que enriqueceram em torno disso na política, assumindo postos de arautos de um movimento que naturalmente já estava se impondo. Essas pessoas, não contentes com o progresso natural, civilizado, quiseram capitalizar promovendo discurso de rixa, de rótulo, de modo que as famílias brasileiras tem sido acometidas por brigas ideológicas que também não fazem parte da nossa cultura, isto é, também vieram de fora.

A rapidez com que os black blocks agiram no domingo em consonância com ao terrorismo promovido com a politização do assassinato em Minnesota traduz como as redes aceleraram o processo de assimilação do lixo estrangeiro, em detrimento de nossa própria natureza digamos mais parcimoniosa. E agora surge também nas redes um movimento endossado por celebridades que conta com o seguinte slogan: “Nós somos 70 %.”. Como uma ideia de integração de pessoas moralmente superiores, quando, de certo, se incluem nesse grupo os advogados do manto sagrado da corte suprema de advogados, os políticos petistas que encabeçam listas de corrupção de toda sorte, desvairados que detonam o patrimônio público usando máscaras negras, jornalistas financiados por grupos paramilitares estrangeiros, etc. Todos eles certamente assinariam essa lista, que basta como requisito não apoiar Bolsonaro.

A psicanálise explica esse movimento dos 70 %. O fenômenos de massa.

O conceito funciona em linhas gerais mais ou menos assim: Quando um grupo de pessoas não tem maturidade suficiente para desenvolver linhas de relacionamento mais profundas, o passo inicial sempre é a delegação dessa debilidade de seus membros para um inimigo em comum. Por mais podre que sejam os integrantes do grupo, quando se nomeia um inimigo em comum, cria-se uma falsa ideia de união, pois todos focam seus próprios defeitos transferidos ao algoz. Bolsonaro agora funciona mais ou menos dessa forma. O Brasil era uma Suíça, o presidiário que hoje posa de analista político não comandou o maior esquema de corrupção da história. 

Na verdade, o coitadinho que está livre por conta do Supremo e seu legalismo deturpado e nefasto era inocente. E que Bolsonaro é quem reúne todos os pecados do mundo. Se não houvesse esses 30 %, ou o próprio Bolsonaro, os 70 % que se dizem superiores estariam se digladiando da mesma forma, este é o ponto fulcral.

O ministro decano Celso de Mello, que chegou ao Supremo por indicação de José Sarney, a personificação de uma das maiores desgraças políticas experimentadas por nosso país, resolveu chamar o presidente de nazista e seus colegas dizem que ele, como juiz sem toga que é, não se encontra em suspeição, isto é, goza de imparcialidade para exercer sua função nesta questão do presidente, onde ele pode, por lei, monocraticamente, exigir que o mesmo entregue o celular numa decisão monocrática em virtude de um vídeo que não evidencia nenhum cometimento de crime. Se ele quiser, não haverá no Supremo uma represália.

As 29 batidas realizadas por Alexandre de Moraes, outro "não juiz" Ministro do Supremo, agora se repetem durante a semana e ele diz em sua página social que aquilo que estão divulgando sobre as vítimas das batidas não saberem o teor da acusação é mentira. Pois bem, mentira é o que ele próprio está dizendo, pois nem o delegado da PF selecionado para a diligência (mais uma afronta legal, diga-se de passagem) sabe do que se trata. Ninguém sabe do que se trata. Ou seja, num inquérito fundado em vícios legais grotescos, com base numa CPI com vício de origem formada por deputados que, em alguns casos, até então nem carreira política tinham, sendo que até ex-ator de filme pornográfico participa da farra, o ministro então persegue essas pessoas argumentando a tal “Fake News” sendo que ele próprio divulga inverdades.

Eu convido o leitor a acessar a página social do presidente no Twitter neste exato momento e testemunhe com seus próprios olhos os incontáveis perfis que o xingam aos milhares todos os dias. Um grupo de hackers, hoje pela manhã, desafia a incipiência notória da ABIN divulgando todos os dados pessoais de Bolsonaro na rede. Milhares de usuários compartilhando o crime e nenhuma palavra de qualquer um dos poderes ou do Supremo que está obviamente comprometido por politização irresponsável que justifica tantas lambanças.

Aras está certo. Do ponto de vista formal, já passa da hora de uma ação interventiva prevista na própria constituição por parte das forças armadas. O problema, entretanto, que isso somente traria mais consequências negativas ao ofendido, no caso, o próprio presidente, que em todo o seu autoritarismo bravateiro é a única pessoa nisso tudo que não tem qualquer interesse em ver tanques nas ruas. Ele ainda tem respaldo popular, não protagoniza escândalos de corrupção, isto é, somente quer tentar governar.

Tempos perigosos a vista. Não aceitemos que transformem o Brasil num país de hipócritas que se digladiam em todos os lugares mantendo um esquema sujo de mídias corporativistas.



(*) Victor Dornas - Colunista do Blog Chiquinho Dornas , fotos ilustração: Blog-Google .

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