O quebra-quebra ocorrido ontem por mascarados e histéricos
que nunca leram nada sobre Mussolini tem sido pormenorizado por grande parte da
imprensa brasileira. A tônica é que o mérito da balbúrdia era bom, mas o método
um tanto exagerado. Trata-se de um grotesco erro da narrativa que camufla um
fato mórbido: A imprensa não quer tanto assim que Bolsonaro caia, pois, a fritura
diária rende muito. Não há democracia em nada disso. Não nos esqueçamos de Santiago Andrade! Que morreu para não
cometermos o mesmo erro.
Por Victor Dornas
Desde que se entende como república presidencialista, o Brasil busca mimetizar as bizarrices do cenário político estadunidense,
como um suburbano que adula o nobre, na esperança de ser tratado como um “igual”,
isto é, sem reconhecer que ninguém é, de fato, nobre, visto mais de perto. Os EUA
têm seus podres. A politização ostensiva do famigerado e politizado assassinato
em Minnesota entonou a zona promovida por supostos “antifascistas” ontem em
diversas ruas do país. Todos gritando que apesar de tudo, são bastante
democratas!
Primeiramente, se percebe que o mesmo discurso acertadamente
usado para criticar o governo quando, numa pandemia, decidiu se expor com
finalidade eleitoreira, no caso da esquerda não vale, afinal, trata-se de um
ato pela “democracia”. Essa falta de simetria lógica é prova cabal de que o
jornalismo político brasileiro, em quase toda a totalidade, não passa de
militância ideológica travestida por rótulos de grandes corporações.
Segundamente, na
história humana, toda insurgência popular legítima e democrática em detrimento
de um regime autoritário tinha como marca principal a usurpação da lei por
parte do governante, isto é, alguém que aparelhou o estado para perpetuar no
poder. Alguém que inflou o estado para oprimir a divergência, fraudando urnas,
desviando recursos, impondo situações sem qualquer controle. Se há um partido na
história política recente que se aproxima desse tipo de mentalidade brutal
quando tem as rédeas da situação é o PT.
Evidentemente que, num país como o nosso, com história política
violenta e uma massa infindável de ignorantes de toda sorte, qualquer pessoa
que assuma o posto cometerá atos que tenham sim conotações fascistas, pois o
próprio arcabouço jurídico é positivado para garantir isso, vide a batida
policial realizada monocraticamente sem qualquer respaldo legal na semana
passada, na casa de pessoas que não sabem nem o crime que motivou sua caça.
O governo bravateiro de Bolsonaro também flerta com o autoritarismo,
mas jamais o institucionalizou. A canetada que mais pesa agora na pandemia é a
dos governadores, por exemplo. Não há nenhum escândalo de corrupção envolvendo
o governo, fato este que causa um mal estar incontrolável numa esquerda incrédula
a respeito da possibilidade de um governante não roubar, visto que todos
aqueles que apoiaram no desgoverno petista foram, de alguma forma, envolvidos
em crimes. É difícil assimilar que, para depor um presidente, num sistema
rígido como o nosso, não basta o dessabor político.
Deve haver um indício forte
de crime, comum ou de responsabilidade. Não adianta tentar fabricar a prova, ou
promover quebra-quebra nas ruas, caso a intenção seja realmente institucional
ou democrática.
Um cenário mais propício ao diálogo seria uma manifestação que
não ocorresse numa pandemia, em seu pico aliás, que trouxesse fulcro político
robusto, isto é, pautas disruptivas como novo sistema de nomeação de ministros
do Supremo, ou revisão do sistema eleitoral baseado em coalisões, estabilidade
exagerada do funcionalismo, ou ainda, um novo modelo parlamentarista com uma nova
constituinte que garantisse a renovação do parlamento.
Tudo isso seria
legítimo. O ocorrido de ontem, entretanto, não se trata de discussão política e
sim de um monte de gente que não sabe nem o bê-á-bá da coisa toda, porém adora
uma gritaria. Não esqueçamos que essa gente matou Santiago Andrade, no
desgoverno Dilmista legitimamente e legalmente deposto.
Tudo que é feito pela oposição pipoqueira hoje no Brasil tem como arrimo um
governo competente do PT que nunca existiu. A incapacidade de rever posturas,
de autocrítica, isso sim é característica óbvia que regimes autoritários, sejam
dos fachos, dos comunas, dos nazis, enfim. O vexame do sistema da educação brasileira com farto
financiamento estatal promovido pelo PT que resultou em nada mais do que uma
das piores posições no PISA, um oceano de papéis acadêmicos sem qualquer
possibilidade concreta que produzir utilidades sociais, ou seja, feitos apenas
para engrossar currículos sedentos por mais e mais subsídios estatais, o sucateamento
do SUS com desvio de verba prevista na LOA em mais de 240 bilhões do SUS que
resultaram na módica quantidade de UTIs que fazem tanta falta num momento como
este, os escândalos fiscais que fizeram com que o país atingisse níveis de PIB
inimagináveis, os fracassos programáticos, roubos bilionários, nada disso é
motivo para autocrítica na mente perversa do autoritário que tenta imprimir nos
outros a sua própria debilidade mental.
Então, querido leitor, tudo que é dito sobre o quebra-quebra
de ontem pelos maiores veículos midiáticos está errado. Eles inclusive
disfarçam a barbárie dizendo que autoritário mesmo é o Bolsonaro andando a
cavalo, bebendo leite, ou afrontando o tribunal de não juízes que se entendem
como advogados supremos sensíveis a todo tipo de crítica com uso de força
policial.
Nosso país ainda está enclausurado em suas piores ilusões. Reticente em dar voz política a presidiário como Lula e seus
prepostos. Não vai colar!
(*) Victor Dornas - Colunista do Blog Chiquinho Dornas , fotos ilustração: Blog-Google