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A NOVELA SUJA DAS FAKE NEWS CHEGA AO MBL (Coluna Victor Dornas)



Por Victor Dornas 

A CPI das Fake News é certamente um dos episódios mais escandalosos da história do congresso pelos seguintes motivos: Uma deputada ex-jornalista demitida por uma famosa revista política acusada de dezenas ou até centenas de plágios se junta com um deputado ex-ator de filmes pornográficos especialista em fofoca midiática para promoverem uma CPI de fake news  baseada num “dossiê” fabricado por um sujeito responsável pela criação de mais de duzentos perfis falsos no escândalo sobre calúnias à falecida senadora Marielle Franco. 

Hoje, o autor desse dossiê foi preso pela manhã pela polícia de São Paulo, acusado por lavagem de dinheiro envolvendo empresas fantasmas e 400 milhões de reais em dinheiro sujo. Um outro "camarada"  hoje preso também, detém de cargo no governo Dória, sendo responsável pela seleção de documentos públicos. Se diz um doador e amigo do MBL. "Amigo", assim como o tal falsificador de dossiês. Mais uma vez, não por acaso, os nomes João Dória e MBL aparecem juntos. 

Segure o fôlego, caro leitor, pois há mais nisso tudo: O dossiê também serviu de pólvora no cenário político para induzir, ao final, um ministro do Supremo que delegou, monocraticamente, sem qualquer anuência do Ministério Público, usando o regimento numa interpretação louca, batidas da PF na casa de 29 inocentes com a desculpinha de que poderia haver ali, quem sabe, eventualmente, algum crime. E até que acharam algo bem estranho sim, porém não na casa das vinte nove pessoas e sim na sede do MBL em SP. É de se espantar, não é verdade? Vamos então ao início de tudo, o âmago crucial de toda a lambança: Os falsos dissidentes!

O dissidente de qualquer movimento é sempre bastante perigoso, pois ele se torna o principal inimigo daquilo que um dia defendeu, afinal, ele conhece o esquema. Quando o MBL deixou de apoiar Bolsonaro, ainda no primeiro ano de seu mandato, após terem feito campanha para a eleição do mesmo, havia a ideia de que se tratava de dissidentes, ou arrependidos. Nisso, várias outras figuras influenciadoras também resolveram abandonar o barco. Nada mais justo, pois ninguém é obrigado a gostar ou não de qualquer gestão política. O problema desses falsos dissidentes é que eles não apenas deixam de apoiar o governo, mas passam a persegui-lo incessantemente, da noite para o dia, de um modo tão exagerado que em alguns casos nem a própria oposição faria.

Esta coluna, por exemplo, jamais poupou Bolsonaro de críticas. O nepotismo da SECOM, o fato de estarmos, há dois meses, sem um ministro da saúde, as alianças espúrias com o centrão, Bob Jeff, um astrólogo mitômano dominando nomeações do MEC, tudo isso deve ser mesmo criticado. Ocorre, entretanto, que esses movimentos de supostos dissidentes que transitam do amor ao ódio por interesses financeiros passam a ignorar tudo que o governo faz de bom, negando o mérito de milhares de pessoas que compõem aquilo que se chama por governo federal, isto é, a administração pública tão complexa, para impulsionar fofoquinhas diárias nas redes sociais, sem qualquer pudor. O que essas pessoas não notaram é que a narrativa falsa criada por elas convenceria também gente muito grande. Empresários grandes colocariam dinheiro neles, por boa fé. 

Já as autoridades grandes, como um ministro do Supremo, ficariam tão seduzidas por tantas e tantas narrativas, que procederiam em investigações ostensivas. O problema é que a PF sempre foi demasiadamente politizada, como venho alertando há tanto tempo nesta coluna, de modo que as batidas injustificadas na residência de apoiadores do governo despertariam o ânimo de delegados que não se submeteram às narrativas politizadas o interesse de investigar tudo mais a fundo. Incluindo aí, também as polícias estaduais, na medida que os materiais probatórios iriam aparecendo, bem como os verdadeiros culpados.

O MBL se defende dizendo que o tal falsificador não integra os quadros da empresa, que sequer se chama MBL. A imprensa sabe, entretanto, que desde o escândalo de notícias falsas sobre a senadora falecida, que o falsificador em questão era sócio de um dos fundadores do grupo e, aliás, vive sendo referendado, participa ativamente de vídeos, simpósios, sempre elaborando seus “dossiês”que nada mais são do que instruções para o assassinato de reputações.

O mais interessante disso tudo é que a principal crítica feita ao governo é a sua inépcia na qualidade de alianças, ou seja, como Bolsonaro implodiu a própria base. Em virtude de seu temperamento notadamente inflamado e da presença nepotista da filharada em assuntos que não lhes cabem, sempre pareceu que era ele, Bolsonaro, o protagonista de tantas cisões que culminaram na situação vexatória de um presidente que não tem sequer um partido político. A recorrente exposição e escândalos de dissidentes, ou falsos dissidentes, como o próprio governador do Rio que hoje teve um ex-secretário da saúde preso, trazem à baila a questão de que muito provavelmente, a despeito de todos os seus erros, o responsável por tudo isso não seja o presidente e sim a ausência cada vez maior de gente correta no Legislativo, supostamente renovado finda as eleições de 2018.

Com quem Bolsonaro poderia se aliar? Com o MBL e seus gurus de dossiês falsos? PSDB com seus caciques implicados em paraísos fiscais? A boa notícia é que, até então, o partido Novo continua incólume em matéria de escândalos e talvez, por isso, sejam o s únicos que normalmente apoiam o governo em pautas que interessam de fato ao bem estar do país. Resta saber até quando? E sopesa-se também que o Novo é, ainda, um partido menor.

O fato que se conclui disso tudo é: Bolsonaro não teria, de todo modo, sequer a oportunidade de se aliar com gente decente. Pois, conforme visto, estamos ainda no meio da selva do oportunismo.



(*) Victor Dornas - Colunista do Blog Chiquinho Dornas ,fotos ilustração: Blog-Google

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