Por Victor Dornas
Os movimentos coletivistas ganham vida própria com muita
rapidez. Quando o piloto de Formula 1 Lewis Hamilton quebra os protocolos de
reunião sigilosa dos pilotos e usa da sua influência para ameaçar os colegas
que não aderiram ao movimento político “Black Lives Matter” como racistas e
aduz frases do tipo “Eu sei quem vocês são!” ou “Estou de olho em
vocês!”, isso significa que o coletivismo em questão ganhou um molde mais
robusto.
A discussão sobre o crime de racismo envolve uma questão
delicada que é o pré-julgamento capaz de destruir a vida de alguém, isto é,
quando uma pessoa é acusada de racismo, ainda que não juridicamente, isto é,
pela mera exposição de uma fala na mídia, por exemplo, já se faz ali um
linchamento irreparável.
O coletivismo que adota com muita paixão causas
minoritárias de cunho racial, religioso ou sexual, vai além disso e transforma
os “não anuentes” em criminosos potenciais, de modo que todo aquele indivíduo
que não aderir ao protesto é prontamente sentenciado pela milícia ideológica
como sendo um criminoso em potencial, ou mais do que isso. As redes sociais
potencializam isso, haja vista que diariamente figuras notórias são ameaças e
difamadas por não cederem a certo protesto. O coletivismo, que funciona quase como um neologismo a
qualquer termo que defina a ideologia revolucionária trabalha com a máxima de
que os fins justificam os meios. Então se nesse tiroteio diário algum inocente
tiver a vida destruída por não ter anuído com qualquer pauta impostada por
estes movimentos radicais injustamente, tudo bem, afinal, trata-se, sempre, de
uma causa maior. A aquiescência dos mais jovens é imediata, por óbvio.
O coletivismo jamais se confunde com as pautas defendidas.
Explico. A questão da discriminação racial pode ter sido impulsionada em termos
propositivos por movimentos coletivos, muitos deles históricos, porém se houve
avanço mais opulento foi por esforço dos indivíduos. Um diretor de cinema ali
que fez um bom filme que conseguiu transcender uma crítica proselitista para
algo mais filosófico, uma marca lá que decidiu incentivar mais negros em suas
propagandas, ou quem sabe um músico negro que provocou determinada disrupção
num estilo musical, dentre infinitos outros esforços baseados exclusivamente na
boa vontade e na capacidade de discernimento dos indivíduos.
O coletivismo detesta os indivíduos pois deve haver um único
indivíduo, no caso o chefe, o orador, o sindicalista, o líder. A ideia é diluir
para concentrar na figura de um deus, bastante análogo ao fenômeno religioso
mais vulgar.
A vítima, ou o alvo da vez, nessa caça virtual incessante atrás de pessoas que tem o
germe da insubordinação coletivista atingiu a escritora J.K. Rowling, a
criadora da franquia bilionária “Harry Potter”. Ela sempre foi atuante nas
questões ditas progressistas, porém ela é sobretudo inteligente demais para não
suportar um acordo unilateral de adesão incondicional ao movimento coletivista
faminto e inominado que se apropria dessas minorias e faz muito dinheiro em
cima delas aliás. Rowling ao mergulhar no universo coletivista percebeu que
muitas daquelas pautas já haviam se desvirtuado noutras muito mais nocivas do
que os problemas que num primeiro momento se dedicaram a solucionar.
A franquia
Harry Potter tem seu ápice em duelos promovidos por bruxos que, além de
questionarem os estereótipos da família tradicional cristã, resolvem suas
questões de acordo com o domínio da varinha. E foi justamente isso que Rowling
fez. Ela começou lançando um ataque flanqueado, questionando os perigos
evidentes da generalização do gênero, ou seja, que cada um pode ser aquilo que
quiser independentemente da biologia. O modismo mais “infantiloide” desses
movimentos coletivistas de cunho sexual. A repressão foi imediata e as
patrulhas já acostumadas a verem personalidades se retratando por dizerem o óbvio
acharam que Rolling se intimidaria com a pressão.
Personalidades das mais
diversas que, somadas, não reúnem nem um pouco do talento da escritora que sim,
é uma verdadeira artista, acharam que conseguiram dobrá-la. Pela causa, claro! E
por algum dinheiro também já que o coletivismo sendo especialista em nomear
talentos sem nenhum talento adora ressuscitar figuras que há tempos não
conseguem vender sua própria imagem.
A militância não sabia, entretanto, que aquela foi apenas uma
manobra introdutória. Rowling deferiu o ataque no demônio menor, no subalterno,
no “goblin” de entrada, submisso, pois ela queria mesmo era abrir visão para
atacar o chefão, o nefasto, aquele que concentra em si mesmo as rédeas da massa
coletivizada. E num golpe certeiro, Rolling lançou seu feitiço mais poderoso,
na ficção de Potter chamado como “Avada Kedavra”, aquele feitiço que não
comporta reação. É mortal, definitivo. O mais temido de todos os feitiços.
Rowling dirigiu sua varinha mãe para a questão crucial de
todo o coletivismo de cunho sexual: A terapia de hormônios para crianças e
adolescentes. O objetivo dos líderes da manada militante: Muito dinheiro
evidentemente, assim como a o própria indústria “abortista” que lucra bilhões e
bilhões vendendo suas ferramentas “pró liberdade”. Rowling se diz preocupada
com a insurgência de terapias que enchem jovens de hormônios pois certamente
ela pesquisou sobre casos onde esses jovens se arrependem e muitas vezes se
suicidam pois, ao contrário do que ensina a indústria coletivista, não é apenas
uma questão de choque perante dogmas culturais e sim a alienação de pessoas
incapazes, de raciocínio curto e de fácil manipulação.
O golpe foi certeiro pois o coletivismo sempre esconde suas
reais intenções.
A tendência é que a milícia persecutória ignore essa questão
e passe a atacar as outras declarações, bem como comecem a interpretar tudo que
Rowling fale ou faça da pior forma possível. Rowling topou encarar essa briga
pois reúne um patrimônio incontável e pode arcar com qualquer tipo de pressão
institucionalizada ou midiática. Ela já provou o seu talento e por isso se
tornou tão importante. Os menores que tentam questionar o coletivismo quase
sempre não aguentam o tranco, perdem seus contratos e terminam na sarjeta.
O coletivismo não admite a existência de uma J.K. Rowling e
fará o possível para destruí-la. De minha parte, nobre leitor, já encomendei
uma caixa especial contendo todos os livros da autora pois além de ser um
apreciador de suas obras (infinitamente superiores ao que foi feito no cinema)
agora também a admiro como ser humano. Como alguém maior do que a massa de
“iguais” de mimetizam as mesmas barbaridades. J.K. Rowling é um alguém. É um
indivíduo munido de instrumentos para enfrentar o maior dos monstros. O da
burrice normatizada.
(*) Victor Dornas - Colunista do Blog Chiquinho Dornas ,fotos ilustração: Blog-Google.
(*) Victor Dornas - Colunista do Blog Chiquinho Dornas ,fotos ilustração: Blog-Google.