Vivos na Memória
Os comentários que levam a tentar conhecer quais foram as
razões do fechamento do restaurante Tarantela/ Piantella é uma demonstração de
sentimento para um estabelecimento que foi o mais emblemático da história
política da República. Os motivos passam a ser secundários quando se percebe
que comércios semelhantes vieram para marcar época e história.
Na literatura nacional e nos
registros jornalísticos se encontram muitas passagens históricas e algumas
dramáticas e de permeio hilárias ocorridas no Casino da Urca, Hotel
Quitandinha, Boate Sachas, Hotel Copacabana Palace etc. Mas, nada semelhante
aos acontecimentos do restaurante Tarantela/ Piantella Os estabelecimentos
citados localizados no Rio de Janeiro eram mais destinados a esbornia com uma
preocupação dos frequentadores em exibir as suas riquezas e narrar as suas
histórias de viagem a Europa que era tão difícil e rara naquela época.
O
Tarantela/Piantella tinha uma áurea diferenciada a começar na sua própria
constituição, desigualada dos estabelecimentos do Rio de Janeiro que tinha
respaldo, com pequenas exceções , de empresários abastados que relacionava com
o governo federal com interesses de relacionamento com o poder fora das paredes
palacianas.
O
estabelecimento foi criado por um nordestino o saudoso Luiz Mendes e outro
mineiro Marco Aurélio Costa que tinha experiência em casas comerciais na década
de 70, localizada no centro comercial Gilberto Salomão. De posse de suas
economias arrecadadas durante anos na labuta diuturnamente, e com a experiência
adquirida resolveram se estabelecer no Setor Comercial Sul 202, ,com o nome de
Tarantela. Decorridos 5, anos perderam na justiça a razão social para um outro
estabelecimento comercial homônimo localizado no Rio de Janeiro na Barra da
Tijuca. Passando a ter outra denominação de nome Piantella.
No dia da
inauguração um operário desavisado ascendeu um cigarro quando estava se
colocando tapete no 2, andar, o gás volátil no ar se incendiou e queimou todo o
pavimento..
O Marco
Aurélio e o Luiz Correia não se fizeram de rogados isolaram o 2 andar e dois
dias depois o Tarantela/ Piantella era inaugurado sem grandes festejos.
A aragem do
restaurante era totalmente diferente ao ponto de permitir que os políticos da
oposição e da situação nos governos militares e civil se sentassem na mesma
mesa para confabular e até mesmo fazer confidências palacianas. E a conspiração
era feita abertamente não havia segredos.
Os
jornalistas de todas as mídias lá encontravam as informações necessárias que
iriam ser estampadas na manhã seguinte em todos matutinos. Claro, que tudo
regado a uma boa bebida que permitia que os segredos políticos viessem a tona.
E o ambiente era ainda mais luminoso com a presença dos poetas de vanguarda que
faziam da atmosfera registro histórico em prosa e verso dos acontecimentos.
Paira uma
dúvida como que o restaurante conseguiu um reconhecimento ao ponto de figurar
até mesmo na literatura, com uma frequência diferenciada que qualquer outro
estabelecimento. Não bastava ter um cardápio da melhor qualidade, tendo em
vista que o carro chefe era os clientes.
Para atrair
os clientes que iriam se tornar frequentadores assíduos e atração principal o
saudoso jornalista e poeta Valdimir Diniz por livre iniciativa campeou diversos
amigos nos quais informavam nas colunas sociais que o restaurante estava se
transformando em reduto da oposição governamental. Curiosamente, para lá se
deslocaram os situacionistas que queriam “saborear” a mesma culinária da
oposição.
Claro que o
ambiente e a frequência originaram diversas histórias que entram para os anais
da política que aqui ficam registradas algumas delas: O talentoso
“restauranter” Marco Aurélio tinha a capacidade de fazer com que os seus
clientes se sentissem seus convivas e se tornassem amigos. Como é o caso de
deputado Ulisses Guimarães. Certa vez não gostando da interrupção do Marco no
assunto politico ele disse para o Marco: “ Marco vamos fazer o seguinte, eu
fico com a política e você com a cozinha.”
O saudoso
Cineasta Milton Gontijo, já alto horas da noite, pediu a todos que levantassem
que iria fazer um brinde a Juan Peron. Todos no restaurante se puseram de pé e
antes alguém perguntou por que quando já se passaram mais de 50 anos. E a
resposta veio em um bom som: “Unico presidente de la república que tuvo el
coraje de convertir a dos putas en presidente de un país.. Viva Peron”
Marco
Aurélio conversando com o mineiro Chiquinho Dornas até então empresário, hoje
Blogueiro levantou uma questão do sumiço de guardanapo de pano e não entendia a
razão. Ao passar para outra mesa Marco Recebe do Chiquinho uma mensagem escrita
no guardanapo de pano que dizia: “ O pano é mais importante que o papel, as
lagrimas de tristeza e alegria nele se eternizam” E muito de nós temos até hoje
o guardanapo com mensagem do Dornas.
O Senador
Tancredo Neves estava saindo do restaurante quando o jornalista e poeta Carlos
Henrique o convoca para cumprimentar os colegas (as) jornalistas que estavam na
mesa postada do lado do Senador. A cumprimentar as moças jornalistas que
estavam a mesa e segurando a mão de uma delas disse: “ Já sei porque vocês me
chamaram é porque nesta idade não represento nenhum perigo” O poeta e
jornalista Valdimir Diniz saboreava o seu uísque quando Marco Aurélio faz um
desabafo dizendo que estava tenso sem ter nenhum motivo.
O poeta lembra ao Marco
que os gregos quebram o prato para poder receber maiores e melhores fluidos. Os
dois juntamente quebraram todos os pratos que estavam na mesa. Ao se sentir bem
Marco se comprometeu que na mudança na decoração eles iriam quebrar todo o
restaurante. Infelizmente a fatalidade levou o jornalista Valdimir Diniz. Marco
Aurélio manteve a promessa. ( Vídeo do Youtube: Valdimir
Diniz o poeta maior )
Os irmãos Saulo e Sergio Diniz sentados a mesa próxima a porta
viram ao entrar um senhor com um terno branco bem confeccionado em uma
elegância impecável. Os dois não tiveram dúvidas seguraram o cidadão pelo braço
fazendo-o sentar a mesa e se jubilando que enfim Minas se fez representar. Com
tanta euforia eles não deixava o “convidado” se pronunciar. Decorridos 20
minutos ele conseguiu se identificar dizendo que não era o deputado Renato
Azeredo e sim governador Eurico Rezende.
Grande Valdimir! Saudades muitas que só Deus sabe.
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