Centro Olímpico de São Sebastião:
protocolo rígido para a retomada das atividades
Por » Camila de Magalhães
Retorno dos centros olímpicos. Expectativa é de que
as aulas presenciais voltem apenas para algumas faixas etárias. Professores e
equipe pedagógica passam por treinamento para retomada gradual. Governo do
Distrito Federal (GDF) avalia protocolo da Fundação Assis Chateaubriand
Não há uma data certa para o retorno
das atividades dos Centros Olímpicos e Paralímpicos (COP) do Distrito Federal,
mas a expectativa para a volta é grande. Cerca de 40 mil pessoas que frequentam
esses espaços em 11 regiões do DF, entre crianças, jovens, adultos, idosos e
pessoas com deficiência, estão com aulas esportivas e eventos presenciais
suspensos desde meados de março. Desde então, o estímulo à prática de
atividades físicas em casa vem se dando de forma virtual, com a gravação de
vídeos com diversos desafios produzidos pelos professores.
Mayara Machado, 33
anos, frequentava o Centro Olímpico de Sobradinho quatro vezes por semana, com
aulas de atletismo e ginástica localizada. Para ela, a pandemia teve um impacto
enorme na rotina: “A ansiedade de voltar é não só pela qualidade de vida
da prática do exercício físico, mas pelo ambiente, estar com outras pessoas,
vem a parte emocional, que também é trabalhada lá. Estamos juntos virtualmente,
mas faz muita falta ser acolhida em um grupo que considero como uma segunda
família.”
Professora de
natação do Centro Olímpico e Paralímpico de Samambaia, Silvânia Itacaramby
destaca que o contato com os alunos se manteve durante a quarentena e a adesão
aos desafios propostos foi positiva. “Nossos alunos têm comentado que, por mais
que esteja legal essa dinâmica com os vídeos, nada substitui o presencial, cair
na piscina, nadar, rever os amigos. A socialização faz muita falta para a
gente”, observa.
A ansiedade também
é compartilhada pelo professor Pablo Thiago. Silvânia e Pablo fazem parte de
uma equipe de mais de 200 profissionais da Fundação Assis Chateaubriand que se
dedica à gestão pedagógica de sete dos 12 COP do DF, em parceria com a Secretaria
de Esporte e Lazer. Durante a fase de distanciamento social, o grupo vem se
empenhando para reinventar a forma de trabalho. Um dos produtos construídos
colaborativamente por um time multidisciplinar em home office foi o treinamento
da equipe para o retorno gradual. Na avaliação de um dos líderes dessa ação, o
psicopedagogo Ken Araújo, a ideia é sensibilizar a equipe sobre a importância
de estar preparada. “Nosso papel, além do atendimento com atividades físicas, é
orientar e fazer um processo de reeducação”, destaca.
A preparação está
organizada numa plataforma virtual, com curadoria de conteúdos que envolvem
informações gerais sobre a covid-19, formas de contágio, sintomas, uso correto
das máscaras, cuidados preventivos, além de exercícios de reflexão, pausas para
autocuidado e orientações sobre questões emocionais. “São dicas e orientações
para manter a saúde física e mental da nossa equipe e das comunidades”, reforça
a psicóloga Isabela Vivas, do COP da Estrutural.
Outro material
produzido pela equipe da FAC foi um protocolo pioneiro no Brasil, baseado em
boas práticas da Organização Mundial da Saúde, Ministério da Saúde e outros
países desenvolvidos que retomaram atividades esportivas com sucesso. “Vamos
trabalhar para ter o mínimo possível de infectados dentro dos COP, tanto
colaboradores quanto alunos”, ressalta Raphael Silveira, gerente
didático-pedagógico.
Para a secretária
de Esportes, Celina Leão, os Centros Olímpicos são efetivas políticas públicas
desportivas: “Esses espaços são um instrumento de saúde, principalmente neste
momento de pandemia. Encaminhamos essa sugestão de protocolo para o governo do
DF, para que a gente possa retomar com segurança. Acreditamos que, até a
próxima semana, o governo dê a possibilidade de a gente reabrir os COP.”
Cronograma: A proposta da FAC
para o protocolo dos Centros Olímpicos e Paralímpicos é de que a retomada seja
feita de forma gradual: inicialmente com atividades para pessoas de 12 a 59
anos, à exceção daquelas com comorbidades e de grupos de risco. Crianças,
idosos e pessoas com deficiência ficariam de fora dessa fase inicial das
atividades.
O protocolo foca
nos seguintes cuidados: distanciamento, uso permanente de máscaras e
higienização constante das mãos e equipamentos. Para o médico Luiz Antônio
Silva, diretor científico da Sociedade de Pediatria do DF, esse é o tripé
fundamental para o controle da covid-19. “Não podemos baixar a guarda.
Infelizmente, a população está impaciente. Temos de continuar mantendo o
distanciamento, usando corretamente as máscaras e fazendo a higiene”, destaca.
(*) Camila de Magalhães - Foto: Raphael Siveira - Correio Braziliense
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