Por Victor Dornas
No ano de 2007, o
governo federal, na gestão Lula, criou um fundo temporário de manutenção e
desenvolvimento da educação básica e de valorização dos profissionais da
educação – FUNDEB. Trata-se da junção de uma série de impostos municipais,
estaduais e federais que passaram a ser destinados a custear a educação básica
e fundamental. O repasse inflado de dinheiro não apenas pelo FUNDEB, mas,
também no fomento em geral de órgãos que custeiam pesquisas, projetos e inúmeros
setores da educação são algumas das razões que explicam a adoração de
professores pela gestão petista, além da reserva de ideologização.
A principal razão,
entretanto, do aparelhamento petista na docência brasileira é que Lula sempre
deu carta branca para os educadores, isto é, ainda que, ano após ano, em exames
como o PISA, o Brasil, que passou a investir mais do que países ricos em
educação, continuasse piorando, a grana jamais deixaria de entrar, sem reservas
a contento. Uma festa! A melhora viria, de certo, porém por parte do PT, sem
qualquer compromisso, uma vez que a ideia era apenas comprar o apoio político dos
professores, naquele “modus operandi” que todos já conhecem bem:
O modo de manobrar
políticas públicas para obter compras de votos.
Se dependesse do PT, a
educação pública não receberia 6 % do PIB e sim muito mais, independentemente
dos dados de auditoria, pois a ideia é frisar na mente do brasileiro ignorante
que a esquerda é aquela que coloca grana na mão de professor. Já a tal direita,
se é que existe isso no Brasil, ou melhor, a oposição ao PT, essa sim seria a
obscurantista e má.
Muito tem se dito que
os problemas da educação brasileira se devem ao tal método Paulo Freire que
nada mais é do que uma inserção social da figura do professor para transformar
o aluno num agente político. Freire, numa de suas obras denominada pedagogia do
oprimido, ensina que o desertor, aquele que rompe com a insurgência da
revolução para anuir ao status quo, deve ser severamente punido! A questão de
fato é que o Brasil nunca chegou a adotar o tal modelo “Freireano” por, ironicamente,
não ter verba. Mas, como assim, um país que investe tanto em educação não ter
verba? Pois é.
Aí reside o problema real...
Explico. Existem muitos professores
universitários brasileiros gabaritados para darem aula em qualquer universidade
de renome do mundo. Muitos deles realizam pesquisas importantes, inclusive,
salientando-se, ademais, que, no Brasil, as faculdades privadas, de um modo
geral, não oferecem estrutura de pesquisa. Esses professores auferem no líquido
algo em torno de 10 mil reais, isso já com progressão de carreira. Ou seja,
ganham pouco perto do que mereceriam. O problema é que, além deles, há milhares
de professores acomodados em regime de dedicação exclusiva vitalícia que estão
satisfeitos com este salário, pois não objetivam progredir. O Estado é incapaz
de discernir entre os dois casos e remunera todos da mesma forma.
Parece um problema
ocasional ou específico, contudo exemplifica a verdadeira enfermidade da
educação brasileira que tem mais a ver com a ideologia socialista do que com
qualquer outra coisa. Parte-se da ideia de que a educação é tão sagrada que
deve estar garantida pelo estado quando na verdade deveria ser o contrário, ou
seja, que, por ser tão sagrada é que não poderia depender do estado. Dentre as
mais notáveis universidades do mundo, há recorrentes casos de participação
mútua, estatal e privada, como no caso de Harvard, por exemplo.
A ideia brasileira, no
entanto, seria manter uma crosta de igualdade onde todo mundo é tratado da
mesma forma. Se existe uma massa de professores dividida entre aqueles que
desejam prosperar e os tais acomodados, não importa, haja vista que todos serão
remunerados igualmente. Se há também uma infindável quantidade de “papers”, ou
seja, de materiais pretensamente científicos, onde a maioria talvez não sirva
pra nada, a ideia é remunerá-los, também, por igual. Por isso que, no Brasil,
criou-se uma guerra mitômana a respeito dos currículos para desrespeitar, mais
uma vez, a memória de César Lattes.
Aqui a maioria não se
preocupa em ser algo de fato, ou seja, verdadeiro e autêntico e sim pertencer
ao grupo para garantir o seu, ainda que esse grupo só exista mesmo no papel. Um
crachá sem lastro acadêmico real, isto é, vazio em contribuição social. Vale lembrar que outro
fundo, além do FUNDEB, o FNDE, que movimenta algo em torno de 50 a 60 bilhões
por ano, há pouco tempo era gerido pelo quase ministro fraudador de currículo
Carlos Decotelli. No fundo e nos fundos educacionais, no Brasil, tudo se resume
a dinheiro e privilégios.
O FUNDEB foi criado
para ser temporário, contudo ontem a esquerda festejou a vitória esmagadora no
congresso que garantiu a manutenção do mesmo, afinal de contas, as criancinhas
ficariam sem merendas caso fosse extinto. 6 % do PIB são insuficientes, pois,
na verdade, com esse tipo de gestão socialista brasileira, qualquer montante de
dinheiro seria pouco e a única coisa que mudaria com mais dinheiro em setores
educacionais do governo seriam as cifras noticiadas em escândalos por
corrupção. A esquerda festeja, pois esses deputados dependem do lobby do funcionalismo
para se reelegerem. A grande mídia endossa o coro, pois é formada por
intelectuais que raciocinam a realidade, de quatro.
Os pontos principais
são: Bons professores universitários continuarão ganhando pouco, inclusive para
sustentar a aposentadoria de gente que não se tornou ociosa na idade e sim
sempre foi ociosa. As universidades continuarão sucateadas. Uma infinidade de
papéis acadêmicos sem qualquer possibilidade de realização científica de fato
continuarão recebendo dinheiro num sistema de cartas marcadas imunes a
auditorias.
E o governo Bolsonaro
nisso tudo? Bem, Bolsonaro,
que agora governa para os pobres, está mais preocupado em arrancar uma fatia da
pizza para conseguir sustentar seu programa de subsídio Renda Brasil. O Brasil é um elefante
muito simpático afeito por sentar a bunda em cima da razão...
Um Elefante educadíssimo! Fininho!
(*) Victor Dornas - Colunista do Blog Chiquinho Dornas ,fotos ilustração: Blog-Google
(*) Victor Dornas - Colunista do Blog Chiquinho Dornas ,fotos ilustração: Blog-Google