GDF abraça campanha nacional Sinal Vermelho Adesão
da primeira-dama Mayara Rocha e de órgãos do governo reforça empenho no combate
à violência contra a mulher. Primeira-dama
e secretária de Desenvolvimento Social, Mayara Noronha Rocha mobiliza o GDF na
campanha
Ativa como pessoa pública, a primeira-dama do DF,
Mayara Noronha Rocha, sabe fazer bom uso do mundo virtual em favor de ações
sociais. Foi o que avaliou a primeira-dama da República, Michelle Bolsonaro, ao
chamar Mayara, que é secretária de Desenvolvimento Social, a abraçar a causa da
campanha nacional Sinal Vermelho.
A ação é organizada pelo Conselho Nacional de
Justiça (CNJ), em parceria com a Associação dos Magistrados do Brasil (AMB).
Não demorou muito para Mayara Rocha aparecer na sua conta do Instagram com um
“X” rubro na palma da mão. A imagem despertou curiosidade para o tema.
“Foi um desafio de rede social”, comenta Mayara.
“Outras primeiras-damas de estados, como Gracinha Caiado [de Goiás], também
tinham feito o convite. Foi um reforço de que eu realmente teria que entrar na
campanha. É uma ação de extrema relevância.”
Não à violência: A iniciativa tem como meta
ajudar as mulheres em situação de violência doméstica a buscarem socorro nas
farmácias de todo o país. Basta a vítima marcar com um batom, ou mesmo caneta
vermelha, a letra “X” na palma da mão, sinalizando que está em perigo, e um
balconista ou o dono do estabelecimento ligará, imediatamente, para o 190. Ao
todo, 10 mil farmácias e drogarias brasileiras aderiram ao projeto.
“O símbolo ‘X’ é uma proibição, quer dizer ‘não à
violência doméstica’”, explica Mayara Rocha. “Não necessariamente tem que ter a
marca, é só mostrar a mão ao farmacêutico ou balconista que eles já estão
treinados para agir nessa situação.”
No Brasil, que ocupa o quinto lugar no
ranking mundial de países onde mais se matam mulheres dentro do contexto
doméstico e familiar, medidas preventivas, como a da campanha Sinal Vermelho,
são sempre bem-vindas. Daí a adesão não apenas da primeira-dama do DF, mas
também de órgãos do GDF relacionados ao tema, como as secretarias da Mulher
(SM) e de Segurança Pública (SSP).
Todos podem ajudar: No DF, segundo dados da
SSP, em média, 43 mulheres são agredidas diariamente, ou seja, uma a cada 34
minutos. “Toda campanha que ajude no combate à violência contra a mulher é de
suma importância para a segurança pública”, defende o secretário de Segurança
Pública, Anderson Torres. “Estamos trabalhando para criar protocolos visando ao
perfeito trâmite dessas informações, em tempo hábil, para que o socorro possa
chegar e estancar esse horrendo tipo de violência”.
“Toda campanha que ajude no combate à violência
contra a mulher é de suma importância para a segurança pública” (Anderson
Torres, secretário de Segurança Pública)
Para a secretária da Mulher, Ericka Filippelli, o
engajamento da sociedade no combate contra a violência doméstica é fundamental.
Em reuniões com representantes da campanha, ela chegou a sugerir adesão de
outros setores do comércio. “O que precisamos é justamente que outros setores
se engajem”, destaca. “Estamos à disposição para trabalhar nessa articulação. É
uma campanha que vem para somar”.
Ericka Filippelli, secretária da
Mulher: “O que precisamos é justamente que outros setores se engajem”
Mayara Rocha lembra que quanto
mais participantes da sociedade civil estiverem envolvidos, melhor. “Estamos
seguindo o modelo do CNJ, mas nada impede de termos a nossa atuação dentro do
DF, expandindo para outros estabelecimentos”, afirma. “É uma campanha que tomou
uma proporção de divulgação enorme, alertando sobre o que está acontecendo. Os
agressores, quando tomam conhecimento desse tipo de ação, se sentem inibidos”.
Delegacia da Mulher: A
delegada Adriana Romana: “É uma responsabilidade de toda a sociedade”
Ainda segundo pesquisa da SSP, 60% das vítimas do
Plano Piloto e Entorno têm entre 30 e 49 anos. Uma das principais motivações
para os crimes é o ciúme, sendo que 40% dos casais estavam morando juntos e
outros 40%, separados. Um dado mais alarmante é que 60% dos casos aconteceram
na própria residência. E pior: segundo o estudo, mais de 80% nunca
chegaram a uma delegacia especializada.
“O grande desafio é incentivar as próprias mulheres
a denunciar”, alerta Mayara Rocha. “Acredito que o medo e o preconceito interno,
a vergonha de ir até à delegacia, são os principais impedimentos.”
“O grande desafio é incentivar as próprias mulheres
a denunciar (”Mayara Noronha Rocha, secretária de Desenvolvimento Social)
Titular da segunda Delegacia de Atendimento à
Mulher (Deam) do DF, inaugurada há um mês em Ceilândia, Adriana Romana ressalta
que o problema da violência doméstica não é apenas da mulher agredida e do
marido agressor, mas engloba todos aqueles em torno desse casal que passa por
situação similar – parentes, vizinhos e a comunidade, como um todo.
Responsabilidade social: “Trata-se de
uma conscientização, mudança de ideia, e todos nós temos o dever de ajudar
essas mulheres; é uma responsabilidade de toda a sociedade”, reforça a
delegada. Ceilândia lidera os números de ocorrências por violência doméstica.
De 2018 a 2019, aponta a SSP, os casos aumentaram em 13% – 330 ocorrências
registradas.
Isso explica a criação de uma unidade específica na
região para atender essa demanda social gritante. Desde que foi inaugurada, em
16 de junho deste ano, a Deam 2 registrou quase 400 ocorrências – 390 casos,
até a última-terça-feira (14), o que dá uma média de 13 atendimentos por dia.
Desse montante, mais de 70% são de crimes ocorridos em Ceilândia, sendo 30%,
aproximadamente, no Sol Nascente/Pôr do Sol.
“Quase todas essas ocorrências vão virar um
inquérito policial”, explica Adriana Romana. “Estamos conseguindo atender todas
os flagrantes vinculados à Lei Maria da Penha, buscando um atendimento
diferenciado, mais humano.”
Diante de temática complexa, o secretário de
Segurança Pública não descarta a possibilidade da criação de outras delegacias
de atendimento à mulher no DF. “ “Com a futura reposição do efetivo de
policiais civis, serão analisadas novas ações visando atender outras áreas com
esse tipo de estrutura”, prevê.
Lúcio Flávio - * Colaborou Rosi Araújo –
Edição: Chico Neto – Foto: Vinicius de Melo - Agência Brasília
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