Áreas residenciais também terão cobrança, mas cada
morador terá direito a uma vaga
*Por
Alexandre de Paula
Estacionamento pago em debate. Proposta apresentada pelo Governo do
Distrito Federal (GDF) prevê cobrança pelo uso rotativo de áreas centrais, com
valores que vão de R$ 2 a R$ 5, para carros. Lideranças comunitárias criticam
projeto, principalmente pela deficiência do transporte público
A polêmica proposta do Governo do
Distrito Federal de cobrar por estacionamentos do Plano Piloto será discutida
hoje em audiência pública conduzida pela Secretaria de Transporte e Mobilidade.
O Executivo local defende que a mudança para o modelo rotativo e pago é
fundamental para incentivar o uso do sistema coletivo e para facilitar o fluxo
nessas regiões. Lideranças comunitárias, no entanto, avaliam negativamente a
proposição, que precisará, por fim, ter aval da Câmara Legislativa e do
Tribunal de Contas do DF. A gestão será da iniciativa privada.
O projeto apresentado pelo governo dividiu os
estacionamentos em quatro grupos. Foram batizadas de Ipê Amarelo as áreas onde
há majoritariamente comércios, residências e imóveis de uso misto nas asas Sul
e Norte, Sudoeste, Setor de Indústrias Gráficas (SIG) e Setor de Indústria e
Abastecimento (SIA). O custo previsto é de R$ 2 por hora para carros, com
período máximo de 2 horas. O valor é o mesmo para o Eixo Monumental (Ipê Rosa,
com permanência máxima de 12 horas) e para os bolsões próximos a estações de
transporte público (Ipê Branco, sem limite de tempo). Motos pagam R$ 1 nos
setores Ipê Amarelo e Rosa e são isentas no Ipê Branco.
O valor mais alto ficará para o grupo chamado de
Ipê Roxo, no qual estão inseridos os setores — nas regiões Norte e Sul —
bancários, comerciais, hoteleiros, de rádio e televisão, de autarquias e médico
hospitalar. Carros pagarão, se a iniciativa do GDF prosperar, R$ 5 e motos, R$
2,50. O limite de permanência é de 5 horas. Com a cobrança em áreas
residenciais, cada morador terá direito a uma vaga gratuita.
O secretário de Transporte e Mobilidade do DF,
Valter Casimiro, explica que a intenção é reduzir a quantidade de veículos em
circulação. “O Zona Verde é um projeto para poder valorizar e incentivar o
transporte público. Além disso, a gente sabe que há grande fluxo de veículos
das satélites para o Plano Piloto. Esses automóveis ocupam muitas vagas e quem
precisa fazer qualquer utilização naquelas regiões, como nos órgãos públicos,
acaba não conseguindo. Com isso, você gera rotatividade”, afirma.
Valter assegura que o governo não focará apenas
nessas ações para incentivar o uso do transporte público. “Quando você coloca
essas pessoas no transporte, diminui engarrafamento, desafoga. Mas há outras
ações, sim. É preciso melhorar o sistema; por isso, estamos fazendo a concessão
para dobrar o metrô e projetos para aumentar a oferta de ônibus”, acrescentou.
Além disso, o secretário justificou a cobrança nas áreas residenciais: “Se não
colocássemos nenhum tipo de cobrança, as pessoas poderiam sair das áreas
comerciais e ir para lá, prejudicando os moradores. O limite de morador é
porque o número de vagas é menor do que o de apartamentos. Se você abre a quantidade,
alguém vai ficar sem, mas tudo isso pode ser debatido”.
Mobilização: Lideranças de moradores do Plano Piloto mobilizam-se contra a proposta.
O presidente do Conselho Comunitário da Asa Sul, José Daldegan, avalia que o
projeto é falho pela deficiência do sistema de transporte coletivo do DF. “Nós
não temos sistema de transporte suficientemente amplo e matriciais. Você,
fatalmente, é obrigado a ter carro em muitos casos. Antes de exigir restrição
ao transporte individual, o governo deveria investir em um sistema amplo,
moderno e matricial de transporte coletivo”, argumentou.
Segundo ele, foram compartilhados com moradores de
todas as regiões impactadas as formas de participar da audiência pública
presencial de hoje e de registrar reclamações.
A consulta ocorrerá às 10h no
auditório do Departamento de Estradas de Rodagem (DER), mas sugestões podem ser
enviadas até as 12h pelo endereço eletrônico consultazonaverde@semob.df.gov.br.
(*) Alexandre de Paula – Correio
Braziliense
Tags
BRASÍLIA60ANOS
Incentivar a utilização de transporte PÚBLICO em meio a uma pandemia, ocasião na qual a utilização de veículos próprios é parte da política contra aglomerações? Colocar esse tema em discussão NESTE MOMENTO é de uma imprudência mastodôntica e de uma insensibilidade surpreendente.
ResponderExcluirEu tenho interesse eu saber quanto custa a maquina administrativa do DF. Alguém pode me esclarecer também qual é o custo da Assembleia Legislativa e o rol de benefícios que esse Órgão trouxe ao cidadão brasiliense de jan-2019 até agora? Gente, na gestão anterior, houve denúncias de que Diretores de Empresas Estatais do DF recebiam salários em torno de R$60 mil. Como está isso agora? Ouvi dizer também que o ICMS do DF é o maior do País. Alguém confirma?
ResponderExcluir