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Sintomas da covid e o medo da morte


Sintomas da covid e o medo da morte. Coriza, dor de gargante e de cabeça, cansaço, diarreia, febre e receio. Pacientes recuperados contam como é lidar com a montanha-russa de sentimentos enquanto o corpo sofre com os sinais mais severos da doença. (Luciane registrou o retorno ao trabalho, após 20 dias afastada)

*Por » Thais Umbelino

As incertezas que permeiam a covid-19 são muitas. Além da dificuldade em descobrir o momento exato da infecção, cada pessoa reage de maneira diferente à doença. Os sintomas gripais são os mais recorrentes, mas, durante a evolução, outros sinais podem aparecer. Ainda, alguns infectados são assintomáticos, ou seja, não apresentam manifestações clínicas. Dos quadros leves aos mais graves, os sentimentos para quem testa positivo para o novo coronavírus e se recupera vão desde o medo a certeza da cura. Em muitos casos, o aprendizado que fica é o de valorizar os pequenos momentos da vida e as pessoas amadas. “Foram 18 dias de luta, mas venci a guerra. Ainda tenho marcas, dores no corpo devido ao tratamento intensivo e sinto leve desconforto respiratório, que deve me acompanhar por bastante tempo, assim como a dor de cabeça. São resquícios que o coronavírus deixa, e que o corpo leva tempo para resolver”, conta Gustavo Frasão, 33 anos.

O diagnóstico de covid-19 foi confirmado em 1º de julho, mas, três dias antes, o jornalista havia começado a apresentar os primeiros sintomas. No princípio, forte dor de cabeça acompanhada por febre e dores no corpo. “No quinto dia surgiram outros: perdi olfato e paladar”, lembra Gustavo. Cinco dias depois, eles se intensificaram. “Falta de ar, cansaço extremo e manchas roxas nos dedos. Os médicos disseram que a covid-19 ou piora de vez ou melhora de vez após o décimo dia de sintomas. No meu caso, piorou”, completa o morador do Guará. Em 12 de julho, Gustavo foi internado, no Hospital Santa Lúcia, na Asa Sul, em uma unidade de terapia intensiva (UTI). “Me colocaram no oxigênio e fizeram todos os exames. Nenhum dos sintomas é leve, ainda que sejam parecidos com a gripe. São todos muito intensos e incapacitantes. Sou jovem, não tenho comorbidade, e agravou muito. Não queira correr risco nem desafiar a doença”, aconselha Gustavo.

Lesões: “Eu voltei restaurada. Hoje, eu posso ajudar muito mais quem precisa”, relata a técnica de enfermagem Juliana Conceição, 32, do Hospital Regional da Asa Norte (Hran). A moradora do Paranoá enfrentou 14 dias de luta afastada das atividades. Juliana começou com uma forte dor de cabeça. Depois, vieram as dores musculares e diarreia. Mesmo recuperada, a tontura e a taquicardia são recorrentes. “Permaneço com algumas sequelas, mas é bom voltar para a linha de frente”, comemora a técnica de enfermagem.

O vírus comporta-se diferente de acordo com cada organismo, independentemente de sexo e faixa etária. “80% das pessoas vão apresentar formas leves da doença”, explica a infectologista Ana Helena Germoglio. Os sintomas mais frequentes, segundo a especialista, são os gripais, como coriza, congestão nasal e tosse. “Há, também, sintomas que são menos frequentes, que até dificultam o diagnóstico, como lesões na pele, alterações neurológicas e conjuntivite”, acrescenta a médica. A estimativa é de que os sintomas mais graves acometam 20% dos pacientes. “Mas, esse é o grande problema, porque elas vão necessitar de atendimento hospitalar, e a conta não vai fechar para a proporção de leitos disponíveis no DF”, alerta.

Leandro Elias ficou cinco dias no Hospital de Campanha do Mané Garrincha
Suspeita: Ao menor sinal da covid-19, a infectologista Ana Helena recomenda o afastamento de qualquer atividade que o indivíduo esteja desenvolvendo, até que se confirme ou não o diagnóstico. “A pessoa não deve sair desesperada para a testagem, porque tem o momento ideal de ser feita. A gente sabe que o período entre ter o contato com o vírus e desenvolver os sintomas é variável, geralmente de quatro a 12 dias”, esclarece.

De acordo com a Secretaria de Saúde (SES/DF), os testes rápidos para diagnóstico da covid-19 são recomendados a partir do oitavo dia de sintomas, e para os testes RT-PCR, a partir do terceiro dia. Quem estiver com sintomas gripais leves deve buscar uma unidade básicas de saúde (UBS) para observação clínica. “Nos casos de sintomas mais graves, o paciente deve ir a um pronto-socorro”, informa a pasta, em nota oficial

A ausência olfativa foi o primeiro sintoma do comerciante Leandro Elias de Souza, 42. “A partir daí passei a prestar mais atenção no meu estado de saúde”, admite. O morador de Ceilândia procurou a UPA da região e o Hospital de Ceilândia (HRC), mas não conseguiu fazer o teste. Diarreia, dor no corpo, febre e cansaço foram frequentes. No quinto dia sintiu falta de ar. “Não aguentava mais, achava que ia morrer. Foi quando decidi ligar para um primo meu que trabalha no Hospital Regional do Guará (HRGu) e pedir para que ele conseguisse um leito para mim”, desabafa. No local, confirmou-se a infecção pelo novo coronavírus. O nível de saturação do sangue dele, ou seja, a quantidade de oxigênio, era de 90% (o recomendado é acima de 95%). “Fiquei quatro dias no oxigênio e, depois, fui transferido para o Hospital de Campanha Mané Garrincha, onde fiquei mais cinco dias até receber alta”, relembra Leandro.

Fé. Essa foi a palavra que definiu os 14 dias da sargento da Polícia Militar Luciane Martins, 40. No final de junho, teve que se afastar das atividades, após ter diagnóstico positivo para a covid-19. Além de fraqueza no corpo, febre, aperto no peito, dor de garganta e sintomas gripais “o psicológico afeta muito, mas a religião e a crença em Deus sustentam a gente” diz a militar. “Quando se está abalado emocionalmente, parece que os sintomas pioram”, observa. “Claro que tive medo de morrer, de perder alguém da minha família, me sentir culpada por isso, mas temos que manter a esperança e acreditar que tudo vai passar”, define Luciane. Após 20 dias afastada do trabalho, a sargento não teve dúvidas: “Fiz uma foto na entrada do quartel para comemorar a vitória”, declara, satisfeita.

Classificação dos sinais e sintomas por grupo: Leve; Adultos, gestantes e crianças: síndrome gripal (tosse, dor de garganta ou coriza) seguida ou não de: anosmia (disfunção olfativa), ageusia (disfunção gustatória), diarreia, dor abdominal, febre, calafrios, mialgia e fadiga. Moderado: Adultos, gestantes e crianças: tosse, febre persistentes e diárias; ou tosse persistente e piora progressiva de outro sintoma relacionado à covid-19 (adinamia, prostração, hiporexia, diarreia); ou, pelo menos, um dos sintomas anteriores e presença de fator de risco. Grave; Adultos e gestantes: síndrome respiratória aguda grave, síndrome gripal que apresente: dispneia/desconforto respiratório, ou pressão persistente no tórax, ou saturação de oxigênio menor que 95% em ar ambiente, ou coloração azulada de lábios ou rosto. Crianças: Desconforto respiratório, alteração da consciência, desidratação, hipoxemia, dificuldade para se alimentar, lesão miocárdica, elevação de enzimas hepáticas, disfunção da coagulação e qualquer outra manifestação de lesão em órgãos vitais

(*) Thais Umbelino. (Fonte: Ministério da Saúde) - Fotos: Arquivo/Pessoal) - Correio Braziliense


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