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TRIBUNAL HUMANITÁRIO PARA BOLSONARO? (Coluna Victor Dornas)

Por Victor Dornas 

Tudo que uma maioria incompetente precisa para delegar todos os seus pecados é usar um bode expiatório. A fala do Ministro (não concursado) Gilmar Mendes sobre um suposto genocídio atribuído a Bolsonaro tem fulcro numa série de escândalos abafados, muito bem abafados aliás, além das falas desastrosas dele próprio, Bolsonaro, que se tivesse sumido do mapa desde fevereiro e só retornasse agora encontraria sua popularidade em melhor situação. 

Noutras palavras, além de ajudar a vender jornal como nunca, Bolsonaro também parece ser afeito a dar munição aos adversários, tendo ideias brilhantes como, por exemplo, a de adjetivar, em rede nacional, uma pandemia que, até o momento, já matou mais do dobro do que matou a gripe espanhola no Brasil, a maior pandemia da história da humanidade (ressalvadas as diferenças óbvias de demografia e outros aspectos populacionais) como um resfriadinho, uma gripezinha. Bolsonaro falou muita bobagem!

Vejamos os fatos, entretanto.

O governo federal decretou estado de emergência em fevereiro. Estes que agora posam de justiceiros sociais como Drauzio Varela, Tedros Adhanom e tantos outros foram os "especialistas" que vieram à população dar carta branca para o Carnaval. A história da "gripezinha" teve delay de Bolsonaro que se manteve incrédulo além do "convencional", contudo sopesando que o principal aspecto disseminador epidêmico é a prévia circulação, ninguém mais culpado do que a própria OMS que divulgou posições que legitimaram o carnaval, além de ter negado a eficácia do uso de máscaras, se fundamentado num estudo inglês que errou em tudo que previu, negligenciado aspectos negativos de um lockdown sem dado empírico que previsse nichos de contágio em locais fechados, etc. 

A grande mídia, entretanto, no início de maio resolveu fazer barulho com um suposto estudo da faculdade de Cambridge (novamente os ingleses) que dizia que Bolsonaro tinha nas costas 10 %dos mortos totais da pandemia. Com isso, muita gente, incluindo aí Gilmar Mendes, que no governo petista era tratado como um demônio e agora virou o queridinho da mídia tucana, resolveu acreditar, afinal de contas, com um nome tão chique, “Cambridge”, ual, está sentenciado que o tal Bolsonaro e sua tese sobre gripezinhas seria de fato um genocida.

Ocorre que o estudo não é da faculdade, pois os campi são formados por gente de todo tipo. Trata-se de um trio de cientistas, dentre eles um brasileiro. Pergunta-se: Esse brasileiro costuma se ater aos assuntos científicos ou dá também seus pitacos políticos? Ele por acaso já manifestou apoio ao PT? Por exemplo ao governo Dilma? Aliás, os outros dois, sendo um do jornal Washington Post já emitiu críticas pessoais a Bolsonaro? E a pergunta mais importante de todas: Se a lógica usada na pesquisa para classificar Bolsonaro como um genocida responsável por, até então, 8 mil mortes, seguiu curvas de contágio de regiões que supostamente teriam mais simpatizantes do governo e foram na lábia de Bolsonaro e sua gripezinha, essa mesma lógica foi usada para todos esses camaradas que deram carta branca para o carnaval? Ou resolveram direcionar a crítica? 

O tribunal do ódio do bem já isentou de culpa todas essas figuras...

Agora começam questionamentos sobre a eficácia do lockdown. Uma vez que, em tese, considere-se por fim que o sistema de imunidade de rabanho, ponderado o estrago econômico fosse o melhor caminho, aquelas pessoas que orientaram pelo método errado também merecem pela nobre universidade de Cambridge um estudo estimativo sobre mortes? Acho que não. 

Quando um grupo de indivíduos cuja maioria é doente, o ideal é sempre apontar todos os problemas do mundo para uma pessoa específica. E a maioria não está doente por covid e sim doente por hipocrisia, uma vez que como de costume são as elites que possuem voz política, portanto estando essas pessoas fartas por terem recursos guardados, podemos manter a ficção do “fique em casa” por mais 1 ano, como inicialmente sugeriria o estudo fajuto inglês.

Ninguém dessa elite que adora levantar bandeiras politicamente corretas se preocupou em saber dos mais pobres, se o aludido modelo inglês realmente seria viável para quem vive de pouco recurso. Tanta hipocrisia, demagogia não pode ser assumida assim. É preciso um Bolsonaro, um genocida, para levar nas costas os pecados de um Gilmar Mendes, por exemplo. Ou se uma mídia elitista que manipula as massas com ficções que fomentam rixas sem sentido.

Bolsonaro teve sua culpa sim. Falou besteira e deu mal exemplo, por mais bem intencionado que tenha sido. Mas colocar nele a pecha de genocida é o caminho perfeito para ocultar aquilo que o diabo mais aplica seus esforços: O egoísmo típico de quem jamais assume seus erros.

Em tempos de guerra, onde perdemos nossa humanidade, é costume que todos os crimes fiquem na guerra e governos por vezes promoveram espécies de anistias, embora em casos de genocídio real, como no nazismo, tenham feito tribunais internacionais para colocar os pingos nos is. Mas até mesmo nesses tribunais a verdade aparece apenas em relances. Muitos são poupados, pois quando se abre a caixa de pandora e se busca mesmo avaliar quantos crimes foram cometidos numa guerra de relevante proporções, a realidade se torna difícil demais de aceitar. Bolsonaro, ironicamente, sempre cita a passagem bíblica que clama pela verdade. Não haverá tribunal da verdade na pandeia da covid. 

Apenas a politicagem nefasta de sempre. E um espetáculo de delegações de culpa.



(*) Victor Dornas - Colunista do Blog Chiquinho Dornas ,fotos ilustração: Blog-Google



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