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Secretário de Cultura do DF, Bartolomeu Rodrigues


Secretário de Cultura do DF, Bartolomeu Rodrigues 

"Receio que em breve estejamos falando em arte degenerada, que serviu de pretexto para censurar Picasso, Matisse, dentre outros, numa época obscura não tão distante

Projeto de lei aprovado pela Câmara Legislativa em primeiro turno proíbe expressões artísticas ou culturais com “teor pornográfico”, ou que atentem contra símbolos religiosos em espaços públicos do DF. Isso é censura? Sim, não há outra forma de leitura. E, pior, censura com caráter religioso, que nos leva a caminhos perigosos, impensável num Estado laico. Tenho forte convicção que é matéria inconstitucional.

Acredita que, se a Câmara Legislativa aprovar em segundo turno, o projeto será sancionado pelo governador Ibaneis Rocha? Acredito no bom senso do governador.

Qual será a reação do setor cultural do DF? O setor está perplexo. É um retrocesso numa cidade que surgiu na esteira de uma vanguarda cultural histórica, do modernismo. 

Uma proibição como essa levaria os artistas a optarem por expor suas obras em outra cidade? A tradição da cultura local é de resistência. A prevalecer essa ideia, os artistas irão à luta. 

Por que esse repúdio à nudez por parte, especialmente, de deputados de base evangélica? Acredito que seja de uma minoria que talvez não tenha recebido educação artística e de História. O nu está consagrado na arte desde a era clássica da Grécia e de Roma. A prevalecer posições dessa natureza, receio que em breve estejamos falando em arte degenerada, que serviu de pretexto para censurar Picasso, Matisse, dentre outros, numa época obscura não tão distante. Aí precisaremos repensar tudo.

Ana Maria Campos – Coluna “Eixo Capital” –  Correio Braziliense


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