Discussão sobre cobrança avança - Entidades apoiam
*Por Walder Galvão – Alan Rios
Com a divulgação do projeto de cobranças de tarifas em estacionamentos do Plano Piloto, entidades ligadas ao comércio e ao tráfego de veículos da capital emitiram posicionamento favorável à Zona Verde. Ao Correio, o coordenador-geral do Rodas da Paz, Organização Não Governamental (ONG) que atua contra a violência no trânsito na capital, Raphael Barros, frisou que a proposta vai ser benéfica à população, porque ela promoverá o interesse no transporte público, o que reduzirá os impactos no trânsito, como congestionamentos e redução de acidentes.
“O ideal é que o dinheiro seja completamente investido no transporte público de massa, com melhorias não só para a população do Plano Piloto, mas para todos os moradores”, disse Raphael. O Sindicato do Comércio Varejista (Sindivarejista) divulgou uma nota, também, apoiando o projeto. De acordo com o texto, “a cobrança de estacionamentos vai disciplinar e educar o uso de veículos na capital, acabando com abusos que prejudicam quem vai às compras”. Porém, segundo a entidade, o pagamento por uso de vagas em quadras residenciais precisa ser revista.
Em contrapartida, o deputado distrital e presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa do DF (CLDF), Fábio Félix, divulgou texto criticando o projeto. De acordo com ele, não há condições de se fazer um debate sobre o tema no momento em que o mundo passa pela pandemia do novo coronavírus. Além disso, o parlamentar defende que a Zona Verde não pode ir para frente, sem que o GDF apresente um programa de mais investimentos para a expansão do metrô, da malha cicloviária, aumento da frota e rotas de ônibus e modernização desses veículos.
Discussão sobre cobrança avança. O projeto Zona Verde prevê
tarifa de até R$ 5 para quem estacionar veículos em áreas de Brasília. Ontem, a
medida foi tema de audiência pública e será apresentada, na próxima semana,
para procuradores do MPDFT e para deputados distritais
Para Waleska Loureiro,
a proposta vai impactar nas despesas do brasiliense: "É capaz que fique
mais caro que uma visita ao shopping"
A cobrança em
estacionamentos públicos no Plano Piloto caminha para tornar-se realidade na
capital. O projeto, de autoria do Governo do Distrito Federal (GDF), passou por
audiência pública on-line, na manhã de ontem, conduzida pelo próprio Executivo
local. Os principais objetivos da medida são incentivar o uso do transporte
público e desafogar os pontos de aglomerações de veículos. A proposta será
avaliada pelo Legislativo, Tribunal de Contas (TCDF) e Controladoria-Geral do
DF (CGDF), antes da publicação do edital de licitação, que segue sem previsão.
Apesar da fase inicial, a possibilidade de cobrança de tarifa gera controvérsia
entre os brasilienses, que divergem de opinião sobre o tema.
O projeto, batizado
de Zona Verde e conduzido pela Secretaria de Transporte e Mobilidade (Semob),
divide os estacionamentos do centro da capital em quatro grupos e estabelece um
valor, de até R$ 5, para cada um deles. Além disso, os pontos terão regras
específicas, como a duração de permanência dos veículos (veja Detalhes). Uma
empresa privada será responsável pela implementação do sistema, e a estimativa
da pasta é de que todos os ajustes para que a tarifa comece a ser cobrada
fiquem prontos em três anos.
Ontem, durante a
audiência pública, representantes da Semob apresentaram o plano de execução da
Zona Verde. No período de implementação, serão investidos R$ 300 milhões pela
concessionária. O montante será utilizado para a criação das zonas, compra de
equipamentos, pintura e revitalização de alguns trechos. A outorga inicial será
de R$ 785,8 milhões. A expectativa é de que, após entrar em funcionamento, o
projeto gere R$ 250 milhões. O contrato com a empresa vencedora da licitação
será de 30 anos, sem possibilidade de prorrogação. Além disso, a ganhadora
pagará taxas de fiscalização e cederá 20% das receitas não-tarifárias ao Poder
Público.
De acordo com o
secretário executivo de Mobilidade, Luiz Felipe Carvalho, após a audiência
pública, o projeto será discutido com outros órgãos da capital. “Agendamos uma
reunião com procuradores do MPDFT (Ministério Público do Distrito Federal e
Territórios) na quarta-feira. Na semana que vem, vamos fazer uma apresentação
para todos deputados distritais e estamos marcando com a bancada federal do DF.
Nossa intenção é receber o maior número de contribuições”, frisa.
Ao Correio, a Semob
informou, por meio de nota oficial, que o projeto faz parte de uma proposta
mais ampla de melhoria do sistema de transporte da capital. Entre as medidas,
estão a implantação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), a modernização e
aumento da capacidade do metrô, a reforma da Rodoviária do Plano Piloto, obras
de construção, reforma ou revitalização de calçadas, estacionamento e
ciclovias. A pasta esclareceu que não há data para a licitação da Zona Verde.
Isabela Souto espera
que a Zona Verde se reverta em benefícios para o DF
Investimento: O professor de
engenharia de tráfego da Universidade de Brasília (UnB) Paulo Cesar Marques
explica que o projeto é necessário no Distrito Federal, entretanto, precisa de
ampla discussão, antes que possa sair do papel. “A reação tem sido muito
negativa da população. Isso mostra que é preciso que o tema seja debatido com
muito tempo. A proposta precisa de um período de maturação”, reforça. De acordo
com ele, a essência da Zona Verde é positiva: cobrar por um espaço público, que
é usado como privado.
O estudioso
ressalta que o transporte público de Brasília não é de boa qualidade, comparado
com outros países. Segundo Paulo, o ideal seria que o dinheiro arrecadado com a
cobrança em estacionamentos fosse revertido em investimento na mobilidade
urbana da capital. “O dinheiro não deveria ser usado para outra coisa. O
projeto, entretanto, será conduzido por uma empresa privada, que fica com a
maior parte do recursos”, critica.
Para o
especialista, a população deve ter o sentimento de responsabilização pelo
espaço ocupado pelo próprio veículo. “Só porque tenho carro, não quer dizer que
posso usar o espaço público de graça”, argumenta. Paulo, entretanto, avalia que
o momento pode não ser o ideal para a discussão. “Devido à pandemia, o
transporte público, por conta de condições, como a lotação, apresenta um grande
fator de risco. É necessário que se mostre as vantagens do projeto para ganhar
o apoio da sociedade. Agora, o governo precisa aproveitar a ideia, pensar em
prazos que sejam razoáveis e debatê-la profundamente”, aconselhou.
Debate: Entre os
brasilienses, a possibilidade da cobrança de tarifas em estacionamentos
públicos gerou divergência de opiniões. A estudante Isabela Souto, 21 anos,
afirma que, se a taxa implicar em melhoria para a cidade, a proposta pode ser
positiva. “O ideal é, a partir da arrecadação, trazer pistas e estacionamentos
melhores, com mais segurança, além de investir no transporte público. Caso siga
essa linha, será uma ideia boa”, destacou. A moradora da Asa Norte considera
que há pouca oferta de coletivos no Distrito Federal.
Por outro lado, a
servidora pública Waleska Loureiro, 32, diz que a cobrança vai fazer diferença
no bolso do brasiliense. “Vão ser mais de R$ 10 por dia e, ainda, tem os custos
com a gasolina. É capaz que fique mais caro que uma visita ao shopping”,
protesta. Entretanto, a moradora de Águas Claras reconhece que, se ocorrerem
melhorias na segurança e na infraestrutura da cidade, a medida pode ser válida.
“Trabalho no Setor de Autarquias e enfrento muitos problemas de
estacionamento”, lamenta.
Tombamento protegido: A Secretaria de Transporte e
Mobilidade do Distrito Federal (Semob) garantiu que a empresa responsável pelas
obras da Zona Verde deverá respeitar o tombamento de Brasília. Ao Correio, o
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) informou que a
instalação de parquímetros, por exemplo, como elemento mobiliário urbano, não
fere o tombamento. Entretanto, a entidade ressaltou que “será necessário
analisar, oportunamente, as repercussões que esta ação pode gerar no sistema
viário existente”.
(*) Walder
Galvão – Alan Rios – Correio Braziliense
Rodas das Paz, vcs estão equivocados! Primeiro investe-se no transporte público (VLT nas W3, L2 e L4, expansão do metrô Asa Norte, etc) pra depois implementar a "zona verde", se é que haverá necessidade! No momento só vai proporcionar despesa aos moradores e lucros sem investimento aos empresários 👎
ResponderExcluirEsse deputado vai ser mas um DE UM ÚNICO MANDATO. PROPONHAM UMA LEI QUE DIGA QUE OS GOVERNANTES E PARLAMENTARES TERAO QUE INDENIZAR O ESTADO POR SUAS LEIS QUE NAO FUNCIONAREM .
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