Miúra comandou o Detran entre 1995
e 1999 e estava aposentado desde fevereiro de 2000
Luis Miúra, ex-diretor do
Detran. Responsável por implementar uma série de políticas de segurança no
trânsito, entre elas a faixa de pedestres, faleceu, ontem, aos 71 anos, vítima
de câncer. Ele será cremado hoje
Morreu ontem, aos 71 anos, Luis
Riogi Miúra, um dos mais importantes nomes na luta pelo trânsito seguro no
Distrito Federal. O ex-diretor do Departamento de Trânsito do DF (Detran)
batalhava contra um câncer há anos. O corpo dele será cremado, hoje, em Valparaíso
(GO), em uma cerimônia reservada aos familiares. Ele era casado com Catharina
Shisuka Fukushima e deixa três filhos.
Luís Miúra comandou o Detran entre
1995 e 1999, e estava aposentado desde fevereiro de 2000. Ele foi um dos
responsáveis por implementar a política da travessia segura para pedestre,
fiscalização eletrônica de velocidade em toda capital e criar, sistematizar,
uma base de dados sobre os acidentes e mortes no trânsito do DF. Quando chegou
à gestão da autarquia, cerca de 10% dos mortos na capital federal eram vítimas
de acidentes de trânsito. Conforme narra o professor David Duarte, doutor em
segurança de trânsito e coordenador do Fórum pela Paz no Trânsito, o número era
alarmante e estava acima da média nacional — que na época era de 4,2%.
O pesquisador, que também se
tornou amigo de Miúra, conta que conheceu o ex-diretor do Detran em 1995. Ele
lembra que, nessa época, as dificuldades eram muitas; os servidores estavam em
greve e os recursos eram escassos. Juntos, começaram a pensar como mudar a
situação e, no ano seguinte, realizaram uma manifestação.
Nos anos 1990, o Correio fez parte
da luta pela Paz no Trânsito ao lado de Miúra. O jornal adotou como linha
editorial noticiar diariamente as mortes no trânsito até que o cenário mudasse.
“O Miúra não teria conseguido implantar tudo isso sem o apoio do Correio
Braziliense, que foi fundamental nessa conquista”, lembra o governador da
época, Cristovam Buarque, hoje senador pelo Cidadania.
Cristovam frisou a importância da
campanha na mídia e agradeceu o empenho e legado construído por Miúra. “Foi o
maior educador que tivemos no Distrito Federal. Ele educou o trânsito, educou
todo mundo. Miúra fez o que a palavra educação quer dizer, que é mudar a
maneira das pessoas se comportarem”, destacou o senador.
Trabalho pioneiro: Além de não ter, à época, uma base de dados sobre
os acidentes e vítimas, o Detran não dispunha de recursos sequer para pintar as
faixas de pedestres. Mas, após o esforço do diretor e o remanejamento de
recursos, foram pintadas as travessias e instalados pardais em toda a cidade. O
trabalho pioneiro de respeito à faixa foi implantado durante a ação de Paz no
Trânsito, em 1° de abril de 1997. Ao Correio, em entrevista concedida em 2015,
Miúra revelou que não dormiu na noite que antecedeu a inauguração da
faixa.
Cristovam Buarque recorda de
quando Miúra apresentou a ideia da faixa de pedestre. “Muita gente do próprio
governo foi radicalmente contra. Disseram que seríamos responsabilizados por
mortes, que aquilo ia matar muita gente, que nem Brasília e nem o Brasil
estavam preparados para esse tipo de comportamento”, lembra o ex-senador.
Legado: O atual diretor-geral do Detran-DF, Zélio Maia,
destacou, em nota, que Miúra deixa um legado inigualável para o trânsito do Distrito
Federal. “Um dos grandes aprendizados que o Miúra nos deixa é que o trânsito
precisa ser mais humano. Ele pensava muito na vida das pessoas no trânsito e
atuava no sentido de protegê-las. Miúra sempre esteve à frente do seu tempo.
Visionário e corajoso, ele criou, participou e apoiou ações extremamente
importantes para a história do trânsito do DF e de outros estados. A ele, o
nosso eterno muito obrigado”, disse.
Renys Nogueira: Morreu, aos 48 anos, por complicações de uma
cirurgia para retirada de um tumor na cabeça, Renys Nogueira. Ele era
radialista e repórter cinematográfico e passou por várias redações de Brasília.
Por último, trabalhou em uma empresa terceirizada que presta serviço à CNN
Brasil.
Renys tinha um tumor no cérebro,
mas não sabia que estava doente. Na tarde do dia 5 de julho, ele passou mal
enquanto trabalhava e foi para o hospital, onde ficou internado. “Foi no
domingo mesmo. Ele sentiu muita dor, os colegas me falaram”, contou o cunhado
Mauro Rodrigues de Farias, de 47 anos.
Renys passou pela RBS TV, TV
Câmara, TV Senado, TV Manchete, TV Justiça, Associação dos Juízes Federais do
Brasil (Ajufe), TV Rio Vermelho, em Luziânia (GO), onde morava, entre outros. O
corpo de Renys será velado, hoje, no cemitério do centro de Luziânia.
Jaqueline Fonseca – Foto: Ronaldo de Oliveira/CB/D.A.Press - Iano
Andrade/CB/D.A.Press – Correio Braziliense
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