Yeda
Crusius, presidente nacional do PSDB Mulher - “Faltará abraço na campanha”
O PSDB faz planos de eleger 10 mil candidatas,
entre prefeitas, vices e vereadoras, nas eleições municipais. A previsão é de
Yeda Crusius, ex-governadora do Rio Grande do Sul, ex-ministra de Planejamento
e ex-deputada federal. Para atingir a meta em meio à pandemia, o partido aposta
em duas frentes: a capacitação digital das campanhas e o combate às
candidaturas laranjas.
Como a senhora prevê que será a campanha eleitoral
deste ano com a pandemia e as restrições de grandes reuniões públicas? Campanha é campanha, com todos os seus componentes de emoção e razão. As
campanhas estão cada vez mais profissionais e midiáticas. Marketing,
planejamento, conectividade, propostas, mão a mão, todas as ferramentas devem
ser utilizadas. Mas faltará o ingrediente abraço. A grande diferença está na
introdução do caráter virtual à campanha tradicional. Está provado que, sabendo
usar, as candidatas ampliam seu universo potencial de eleitores com as
ferramentas digitais. É preciso reconhecer que com o Fundo Eleitoral há mais
candidatas dispostas a participar do pleito, pois há compromisso de apoio
conforme os critérios que estabelecemos em 2018; e que com a capacitação e o
apoio do PSDB Mulher a campanha de 2018 deu certo. O caráter de campanha
virtual chama para a formação de uma “militância digital”, que nem todas têm e,
quem tiver, sai na frente. Por isso, a urgência que demos à capacitação para
usar o meio digital.
Como o PSDB-Mulher está se preparando para as
eleições municipais de novembro? Dando
continuidade à capacitação que realiza há 20 anos, oferecemos nosso curso em
parceria com a Fundação Konrad Adenauer em maio todo virtual/interativo devido
à pandemia. Em junho montamos uma plataforma digital pré-campanha 2020
(https://bit.ly/2EhXRNR). A plataforma contém cursos em EaD
completo, cartilha bandeiras eleitorais 2020 (impressa recebida em casa, em
vídeo e em áudio), manual voto legal (idem), lives semanais pelo YouTube com
aulas, debates e encontros regionais, orientação jurídica e legal. Como esta é
uma campanha diferente, e por termos lançado em 2019 antes da pandemia nossos
quatro produtos preparatórios para as eleições municipais (revista PSDB
brasileiras/PSDB mulher, painel PSDB brasileiras/PSDB mulher, Cursos EaD e
Medalha Ceci Cunha), colocamos à disposição das pré-candidatas tudo na forma
virtual. O partido criou uma plataforma digital para candidatas com uma série
de atividades.
Quantas prefeitas, vice-prefeitas e vereadoras o
partido pretende eleger? No mínimo 50%
a mais que em 2016.
Há muita discriminação contra a participação da
mulher na política? Sim. Mas há
dois fatores que têm alterados, neste século, essa realidade. O primeiro é ser
Mais Mulheres na Política uma agenda mundial, assumida pelas redes interessadas
em fazer das nossas sociedades menos desiguais, violentas e preconceituosas. O
segundo fator é o conjunto das novas leis e a exigência de cumprimento por
parte dos tribunais, que com sua vigilância está alterando essa realidade
institucional, cultural e histórica de funcionamento dos partidos políticos.
A senhora vê diferenças entre a maneira de uma
mulher governar ou exercer seu mandato de maneira diferente da de um
homem? Certamente, embora, como em tudo, isto não valha
para todas as mulheres, mas, sim, vale porque há um 'jeito mulher de governar",
ou seja, o do cuidado, e o modo não guerreiro de enfrentar desafios e escolher
as formas de enfrentamento. Exemplo mais recente é o enfrentamento da pandemia
e da crise sanitária por dirigentes mulheres, reconhecido em todo o mundo.
Registra-se nos diversos países em que a chefe de estado e de Governo é uma
mulher, as políticas aplicadas geraram os melhores resultados. Isso porque
houve determinação e confiança, e as decisões foram para cuidar dos cidadãos e
cidadãs que governam, mudando prioridades com o apoio da população.
Por fim, como o partido impedirá o surgimento de
candidatas laranjas? Da mesma forma
que em 2018, o primeiro ano do Fundo Eleitoral, quando os 30% dos recursos
foram distribuídos por critérios, e houve a autonomia por parte do secretariado
para essa distribuição, com os recursos chegando diretamente na conta das
candidatas, sem passar pelos diretórios. Nenhum caso de “laranja”, como
reconhecem os tribunais.
Ana Maria
Campos – Coluna “Eixo Capital” – Foto: Ronaldo Oliveira/CB/D.A.Press – Correio
Braziliense
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