test banner

GILMAR, LEWANDOWSKI E O BANESTADO (Coluna Victor Dornas)


Por Victor Dornas 

Estamos testemunhando no Brasil os efeitos da anuência vitalícia da maior de todas as togas para um bando de advogados de políticos. Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski, que ontem votaram pela suspeição do então juiz Sérgio Moro no julgamento do doleiro Paulo Roberto Krug, lá em 1991 (pasmem!), no escândalo do Banco do Paraná (Banestado), além de não disporem de formação para julgar, parecem ter um ímpeto um tanto preocupante na condução da justiça brasileira. Não se sabe até onde intentam ir, já que, pela lei, eles podem tudo.

Num dos votos contrários ao disparate desta semana, estava lá a juíza Cármen Lúcia, um dos raros casos do Supremo que são, de fato, magistrados. Ocorre que ela também está ali por indicação política, isto é, não basta ser juiz (sendo que a grande maioria ali dentro nem isso é), mas não podem ser indicados por políticos e sim pela própria magistratura, para um mínimo de decoro.

Como o julgamento restou empatado pela ausência do decano, o doleiro foi beneficiado. Vejam bem a gravidade disso:

Dois ministros do Supremo, sem formação, conseguem anular toda uma cadeia de decisões tão antigas (essas sim, de verdadeiros magistrados) ratificadas em todas as instâncias. Muitos sugerem que se trata de um ensaio para anularem também o julgamento do bandido Lula, o mártir da esquerda “progressista” brasileira, esta que celebra o aniversário de Getúlio Vargas (um autêntico símbolo do fascismo, a despeito dos méritos). É aterrado, mas não para por aí. 

Independentemente de uma revisão no caso Lula e seu triplex de luxo (que é réu em mais oito processos com provável condenação) o estrago maior é o potencial politizado já constatado desta suprema corte aparelhada por sucessivas indicações espúrias de pessoas que, em certos casos, nem concurso público tiveram sucesso (pra qualquer cargo que seja), isto é, meros prepostos partidários.

No direito há uma distinção entre o legal e o legítimo. O Supremo está formado de acordo com a lei, sem dúvida alguma. A legitimidade, entretanto, cuida da consonância desta lei com a vontade popular, isto é, verifica o abuso eventual do legislador. Nossa suprema corte, ocupada por pessoas sem formação para julgar, não logram respaldo social, ou seja, são cargos aparelhados que hostilizam juízes de instâncias ordinárias numa empáfia que só coaduna com a ignorância do nosso povo que desconhece quem de fato eles são.

Nos últimos tempos, os abusos do Supremo são cada vez mais frequentes e ostensivos. Para buscarem um apoio popular que legitimem o indefensável, posto que, no fim do expediente, muitas vezes até de madrugada, esses "juízes" devem fazer aquilo que permitiu sua indicação, ou seja, emitir sentenças que destroem o trabalho de verdadeiros magistrados, a ideia agora é se meter cada vez mais na política usando a própria mídia para se misturarem com influenciadores, financiados sabem-se lá por quem e também com deputados da oposição.

Por isso ultimamente tem se visto tanto ministro do Supremo fazendo graça na internet. Criaram, para tanto, uma ideia que afrontaria Rui Barbosa, de que o Supremo deve "educar" o povo, por isso o ministro Barroso, ao anunciar apoio ao projeto que prevê cotas raciais para cargos políticos (qualquer democracia que se preze sabe que critérios de prévia indicação com base em subjetivismos são o caminho da ditadura), disse também que quer promover uma “justiça racial” no país, como se ele tivesse votos para representar qualquer classe.

Barroso, o justiceiro racial! Ora, ora...

Enquanto isso, Alexandre de Moraes, outro que desconhece qualquer coisa sobre magistratura, continua negando vistas processuais aos advogados daqueles civis inocentes que foram vítimas de batidas sem anuência do Ministério Público e bloqueio de contas em rede social com caráter internacional (fato inédito na nossa história, o presidiário Lula, por exemplo, nem bloqueio local teve e twitava da cadeia). Alexandre quer impor domínio sobre a PF com malabarismo regimental.

O pior disso tudo? Uma mídia comprada que não repercute escândalos, apenas fofocas envolvendo Bolsonaro e sua prole naquele antro de rachadinhas que se chama ALERJ.

A liberdade de expressão apenas é tolerada para articulistas menores, sem relevância, tal qual o caso em tela. Todos aqueles que são independentes e que possuem amplo poder de divulgação estão sendo caçados, dia após dia, por essas figuras que saíram da penumbra da política brasileira e se sentem no direito de hostilizar ou estragar o trabalho de gente séria. É disso que se trata o Brasil.



(*) Victor Dornas - Colunista do Blog Chiquinho Dornas ,fotos ilustração: Blog-Google.



Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem