Por Victor Dornas
Dentre as inúmeras
contradições do falso progressismo brasileiro há a adoração por muitas figuras
que se julgam “intelectualidade de esquerda” pelo político e advogado Ciro
Gomes, um entusiasta assumido dos feitos históricos de Getúlio Vargas. Os
falsos progressistas adoram reviver um debate antigo e famoso realizado na Tv
entre o ainda jovem liberal e economista Rodrigo Constantino e o então ministro
lulista e keynesiano Ciro Gomes.
Esse debate é
interessante pois ele reúne todos os estratagemas de discussão analisados por
Arthur Schopenhauer na arte de ter razão, um estudo que ensina como alguém
totalmente errado pode ganhar uma discussão apenas manipulando a plateia e o
adversário. A frase mais famosa deste beligerante show midiático é quando
Rodrigo diz uma obviedade, ou seja, que o estado brasileiro é engessado demais
e Ciro, ainda colhendo os louros da onda de otimismo do início do mandato
lulista cresce pra cima do coitado arrotando inverdades com ares de autoridade.
O mais irônico? Além de estar errado, Ciro nem economista é.
Sendo um bom advogado
de júri, capaz de ludibriar tontos dispostos, Ciro retrucou a ideia de
Constantino se dizendo um político especialista em corte de custos e que tudo
em torno dessa ideia de que o corte de gastos estatais geraria uma econonima de
grande vulto era meramente um argumento populista. Coisa que, ironicamente, era
justamente o que ele fazia ali. Puro populismo. E, por fim, Ciro, gigante da
vaidade, interpela Constantino dizendo: “Me diga onde devo cortar os gastos
estatais. Dá bilhão? Diga se dá pelo menos 1 bilhão! Não dá”
Constantino, constrangido, recolheu-se junto
com a razão que teve e Ciro, o desbocado, levou o debate com um argumento idiota, como de praxe.
Com o passar dos anos e
a mídia um tanto menos emburrecida nas questões orçamentárias frequentemente
divulgava os números decorrentes do efeito de “escadinha” do aumento de salário
das autoridades. E dava bilhão sim. Na verdade, dezenas ou até centenas de
bilhões.
Hoje pela manhã o
ministro Paulo Guedes chamou de crime contra os brasileiros o fato do Senado
derrubar um veto presidencial que proibia a destinação de verbas da pandemia
para custear aumento de salário no funcionalismo. Uma obviedade. Segundo
Guedes, a brincadeirinha terá impacto de 120 bilhões na nossa economia, além
dos efeitos nos juros.
120 bilhões!
Imagine
então ministro do PT, Ciro Gomes, dessa vez em debate com um adulto, indagando
o atual ministro da economia Guedes, se corte no funcionalismo “dá bilhão”? Se
não fosse tão triste, seria certamente motivo pra riso. O fato da grande
imprensa não difundir devidamente o escândalo moral e econômico que significa a
queda deste veto se dá por muitas razões, mas tenha convicção, amigo leitor,
que boa parte dessas pessoas ainda acredita nas lorotas do Ciro Gomes, o falso
economista especializado em recitar números fictícios para intimidar incautos
em debates públicos. O rábula da economia, o bravateiro tipo escavadeira e persuasivo só na grande mídia e prestigiado nos redutos mofados.
A discussão sobre o
funcionalismo é tão complexa quanto a privatização de estatais. Não se trata de simplesmente
cortar, ou seja, não tem lógica desprestigiar o funcionalismo como um todo,
assim como também não adiantaria vendes qualquer estatal. Deve-se identificar
os meios legais que atravancam a separação do joio do trigo, a identificação e
eliminação do ocioso, daquilo que não funciona.
Os moldes socialistas
que ancoram nossa legislação e agradam tanto getulistas como Ciro Gomes impedem
essa distinção e todos são tratados por igual, de modo que o efeito cascata,
ano após ano, provoca efeitos que inibem a produção brasileira, isto é,
dinheiro que deveria ser aplicado no mercado acaba sendo diluído no ócio
improdutivo de burocratas parasitas.
O bom servidor, este sim, deve ser prestigiado!
O progressismo poderia
ajudar muito nisso se fosse de fato progressismo e não um amontoado de abobados
que acreditam em fábulas de ideólogos de boteco e de falsos economistas.
Acredita-se em tanta bobagem que assimilam a figura heroica do líder de um
partido financiado por órgãos terroristas internacionais simplesmente por ele
falar errado, ter um jeitinho de operário. Não preciso dar nome aos gados,
aliás. O funcionalismo
brasileiro é um dos cancros dessa máquina desgovernada e ideologizada cheias de supostas verdades.
Só com muita leitura de Schopenhauer para mudarmos a letra da lei.
(*) Victor Dornas - Colunista do Blog Chiquinho Dornas ,fotos ilustração: Blog-Google.
(*) Victor Dornas - Colunista do Blog Chiquinho Dornas ,fotos ilustração: Blog-Google.