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O CUSTO DA VERDADE (Coluna Victor Dornas)

Por Victor Dornas

Como todos sabem, há na medicina a obrigatoriedade de transmitir a verdade. Caso um médico entenda que um familiar que aguarda informações sobre o resultado de uma cirurgia, por exemplo, não esteja emocionalmente preparado para receber a má notícia, o máximo que pode ser feito é a indicação de um acolhimento psicológico por um profissional competente. A verdade deve ser dita, doa a quem doer.

Um dos inúmeros problemas de uma cultura estatista é quando o burocrata entende que sabe tanto aquilo que seria melhor para o povo que por isso resolve mexer os pauzinhos na operação da máquina pública de modo a deixar de cumprir aquilo que a lei manda sem necessariamente incorrer em delitos.

Explico.

Um dos princípios gerais da Administração Pública é zelar pela publicidade de seus atos. Caso o burocrata saiba que dados fornecidos pela grande imprensa induzam cidadãos em erro, porém um erro que na visão deste burocrata seja cometido pelo bem maior, ele simplesmente se cala. Pela liberdade de expressão, certamente.

Então vamos lá.

A ideia do burocrata hoje é impedir que o povo vá pra rua, sob a justificativa de impedir o contágio. Foi decidido, afinal, a OMS mandou. E a própria sociedade brasileira de infectologia também demonstra, embora de modo tímido, uma anuência ao modelo. Então se os cartórios registram que desde 12 de maio não morrem mil brasileiros por dia, como se aventa nas divulgações de massa, o burocrata sequer se presta a comentar o fato embaraçoso.

Quer mais um fato embaraçoso?

Os cartórios também registram uma explosão de casos de "causa mortis" por insuficiência respiratória. Mais um? Casos de AVC e infarto diminuíram. Só mais um pra fechar? Este não é um dado de cartório, contudo também vem sendo colocado em segundo plano nas divulgações de massa: As taxas de cura aqui estão acima do esperado.

Devo ressaltar que este articulista, particularmente, também temo por aglomerações desnecessárias. Ontem mesmo passei de carro lá no Pontão e vi um enxame de pessoas, muitas delas sem as máscaras. Não há certeza sobre o grau de eficácia do isolamento e tampouco se ele compensa o estrago econômico. Comunistas tem a sanha de distinguir a economia como algo meramente numérico pois se esquecem todos os dias dos milhões de mortos no Holodomor Stalinista.

Se o pico de contágio por COVID 19 no Brasil tiver sido de fato em maio, é imperioso que as autoridades divulguem a verdade, ainda que temerária no sentido de alavancar mais mortes. Quando começamos a autorizar que um burocrata decida acerca daquilo que devemos ou não saber, ficamos a poucos passos de ceder nossos princípios democráticos. Todas as ditaduras iniciam com discursos nobres e belos, malfadados daqueles que nesta sina se permitem a autoria.

Afinal de contas? Onde está o pico da pandemia brasileira? Onde estão os registros?

A verdade deve ser dita.



(*) Victor Dornas - Colunista do Blog Chiquinho Dornas ,fotos ilustração: Blog-Google.

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