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O EXÉRCITO DO TRÁFICO (Coluna Victor Dornas)


*Por Victor Dornas 

A operação denominada como “Além Mar”, realizada ontem pela Polícia Federal em doze estados e no DF cumpriu 50 mandados de prisão, 139 buscas envolvendo a apreensão de sete aviões, cinco helicópteros, 42 caminhões, 35 imóveis (dentre eles, fazendas também) e 100 milhões em espécie. A grande mídia definiu os criminosos como sendo quatro “quadrilhas” especializadas em tráfico de drogas. A própria PF definiu como ORCRIM, ou seja, organização criminosa. Eu defino como exército do tráfico, pois é de abismar o tamanho do aparato envolvido.

A megaoperação começou em 2018 e por enquanto já apreendeu 11 toneladas de cocaína. Claro que o esquema deve ser muito maior e envolve organizações internacionais paramilitares com capacidade incalculável de todo tipo de influência política. Destaco duas questões são bastante interessantes para a reflexão diante deste tráfico revelado com dimensões faraônicas.

Primeiramente, há no Brasil um debate idiota sobre a liberação ou não das drogas que perdura por décadas, como todos sabem. Digo que é idiota, pois o debate deveria ser sobre o Brasil como rota do tráfico internacional, legalizado ou não. Como se observa no caso dos cigarros, quando se legaliza um produto até então proibido, mormente num país que serve de rota, o tráfico simplesmente se adapta, porquanto a fábula pseudoprogressista de que a proibição gera o tráfico é incipiente, ou ainda que “importamos” este hábito dos Estados Unidos.

Ocorre que pela natureza política e geográfica do Brasil e dos Estados Unidos, essas toneladas em rotas de drogas nos compeliram ao combate mais ostensivo. Não foi uma decisão política desastrada como essa “esquerda” diz e sim uma necessidade diante da iminência de guerra. 

O problema do tráfico estruturado é que ele tende ao estado paralelo na medida em que todo o capital abismal decorrente da venda de drogas permite a inserção de agentes nos mais diversos meios de influência, tanto na mídia como até em cargos de autoridade de Estado. E aí entra a segunda questão.

Será que todo esse exército envolvido na operação Além Mar interessa a algum político? Com as eleições municipais se aproximando, será que o esquema ou outros ainda não deflagrados possuem seus agentes envolvidos? Pra mim não resta nenhuma dúvida.

O assunto em questão já foi motivo de filme nos Estados Unidos, lá em 2006, com direção de Martin Scorsese, no filme “Os Infiltrados” (título original “The Departed”). Os Estados Unidos, por também serem rota de tráfico internacional já se preocupam com a questão do capital decorrente de drogas interferindo no meio político há décadas. Aqui no Brasil, entretanto, os veículos de mídia ainda tratam como algo estranho, um tanto distante, chamam de quadrilha ou grupo e não transmitem a seriedade da questão para a população que se rende ao debate idiota da legalização como se isso fosse de fato a verdadeira discussão.

E, pior, como se o Brasil tivesse estrutura de saneamento público para abarcar uma cultura de drogas envolvendo todo tipo de gente nas condições mais miseráveis. A cultura da droga opera de forma bastante complexa. Um usuário que tenha notoriedade pode militar a favor disso tudo por pura ignorância, sem que faça parte de algum esquema diretamente. 

Não se sabe como o dinheiro é aplicado pelas organizações paraestatais, mas a sujeira na venda de droga acaba tendo o lastro escondido nas movimentações internacionais, de modo que até mesmo relativamente dentro da lei é possível aparelhar os veículos de influência para que a verdade não aflore e continuemos ignorando a gravidade de sermos um ponto de rota de tráfico internacional e nem sequer debatermos sobre isso em sociedade.

Cabe lembrar, aliás, da relação amistosa entre a guerrilha colombiana das FARC, especializada em narcotráfico e com forte influência em nossas fronteiras com o PT, o partido com maior influência política no congresso, além dos partidos satélites. Todo esse esquema flagrado pela PF certamente envolve não apenas a questão portuária, mas também os nossos países vizinhos. A política da droga, como é sabido, adora a figura de um ditador. A operação feita pela PF retrata uma parte do monstro que mantemos nas profundezas do nosso país 

Um monstro que despertaria o imaginário de um HP. Lovrecraft!




(*) Victor Dornas - Colunista do Blog Chiquinho Dornas ,fotos ilustração: Blog-Google.


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