*Por Victor Dornas
Parece rotineiro que
toda semana a Polícia Federal faça alguma batida envolvendo centenas de milhões,
algum político (ultimamente, tucano) e uma alcunha curiosa que apelida a
operação. O nome escolhido para a batida de hoje, que já enjaulou alguns
passarinhos, dentre eles o secretário de transporte do governo Doria, Alexandre Baldy, e um
pesquisador da Fiocruz, é “Dardanário”. O fato da palavra não ser usual, bem
como sua própria fonética um tanto semelhante com aves exóticas tipo o tucano
talvez indiquem um bom humor de quem apelidou o cerco.
Afinal de contas, qual
o motivo para a escolha do termo Dardanário? Dardanário, no caso,
significa um negociante monopolista, isto é, quando o burocrata usa a máquina
pública para beneficiar seus interesses ele normalmente está ligado de alguma
forma ao monopólio. Então nas fraudes de licitação geralmente são as mesmas
empresas, por exemplo.
Conforme analisei no
artigo de ontem, no Brasil estamos sofrendo de uma doença de inversão de
valores. Então se morre bandido demais, o Supremo resolve proibir a ação
policial sob a justificativa de que morrem inocentes nos confrontos. Ou seja, a
culpa agora é da polícia.
Uma das características de um país ideologizado demais
é a monocultura produtiva, isto é, ao invés de diversificarmos nosso mercado de
acordo com as características regionais e populacionais, o governo é quem
escolhe quais setores devem ser desenvolver, por isso, ainda hoje, o Brasil é
um país altamente dependente da exportação de produtos agrícolas e da
importação de bens tecnológicos.
Então, na cabeça de um
garantista, isto é, naquele que criminaliza o questionamento legal popular, se
o Brasil é dominado por um oligopólio de empresas que protaginizam, por isso,
oes escândalos deflagrados na Lava Jato, a culpa pela má imagem reputada à
pessoa jurídica em questão é dos promotores, procuradores, delegados e
policiais. Jamais no desgraçado que roubou! O procurador é que deve arrumar um
jeito de preservar a empresa nos chamados acordos de leniência. Ele que se vire
para resolver o problema do oligopolista ladrão.
Assim opera a mente
distorcida de articulistas que dominam o debate político brasileiro. Enquanto a labuta da
esquerda se dá no sentido de viabilizar a candidatura impossível de um
presidiário virtual em 2022, é natural que a sucessão de escândalos culminem no
crescimento de popularidade de Jair Bolsonaro, a despeito de todo tipo de
impropério que ele disse sobre a pandemia e assuntos correlatos. No Brasil, o
fator honestidade vira uma questão de sobrevivência e o fato é que, ao
contrário das gestões anteriores que amargavam uma sucessão de ministros
presos, os escândalos que testemunhamos agora estão retidos nas esferas
estaduais, porquanto a cúpula ministerial permanece intocável e o povo percebe
isso.
Paulo Guedes, injuriado
pela questão da tal CPMF, se diz um federalista que quer compensar o novo
imposto com a extinção de outros tantos. Ou seja, as pessoas percebem que o
governo é maior do que o próprio Bolsonaro. Enquanto isso, aliás, Tarcísio de
Freitas comemora o sanção da Lei 14.034 que elimina as tarifas de embarque
internacional. Entrega semanalmente obras e pavimentações em tempo recorde como
a recente duplicação de35 km na BR 381.
O desespero da grande
mídia faz com que articulistas apoiem medidas autoritárias promovidas
monocraticamente por advogados supremos da nação, porém isto também aumenta a
popularidade de Bolsonaro. Pergunta-se: É bom para o país que o presidente
tenha uma oposição tão inútil? Creio que não, uma vez que a democracia funciona
por meio de sistema de contrapeso. Quando é que o Brasil
terá uma esquerda realmente progressista ou moderna?
(*) Victor Dornas - Colunista do Blog Chiquinho Dornas ,fotos ilustração: Blog-Google.