Por Victor Dornas
A compreensão acerca dos embates travados nos bastidores da política entre o governo federal e a oposição exige a reflexão sobre alguns dados. Todos sabem que a politização não deixaria de alcançar a concessão do auxílio emergencial decorrente da pandemia, no entanto é necessário pontuar também alguns meandros da novelinha entre Bolsonaro e o PT. Tudo começou quando o PT resolveu pressionar o governo federal para fornecer o auxílio durante um tempo indeterminado, mobilizando sua enorme base parlamentar para infernizar a vida do ministro Paulo Guedes. Ocorre que a militância stalinista encontrou do outro lado um governo repleto de militares e o feitiço retornou ao feiticeiro.
Explico.
O PT quis empurrar o assistencialismo pois tinha convicção de que criaria
no governo uma cisão entre Bolsonaro e Guedes, uma vez que o liberal jamais
aceitaria uma política de subsídio populista, adotada durante muitos e muitos
anos pela gestão Lula inclusive. Acharam que isso seria uma arma contra o
governo e de fato na época parecia ser mesmo, haja vista que a ideia era
imprimir no imaginário da população carente que somente o PT pode subsidiar o
básico.
Com o envolvimento massivo de militares na luta contra o vírus, fato que
foi duramente sufocado pela grande mídia stalinista, o governo tomou ciência de
um mapeamento de invisíveis aos milhares, talvez aos milhões, sobretudo em
cidades do interior nordestino. Pressionado pelo congresso para aumentar o
valor do auxílio emergencial, Bolsonaro não viu somente sua aprovação aumentar
muito mas também se sensibilizou com a quantidade de gente vivendo na miséria
que foi beneficiada com a concessão.
Pois bem, o presidente então gostou da ideia e logo mobilizou o
ministério da Economia e também os militares para traçar formas de viabilizar
concessões sem descumprir as exigências orçamentárias que provocaram a
deposição da Dilma. Não é fácil mexer com esse tipo de coisa e cada ajuste
entre os militares e Paulo Guedes, e o próprio Bolsonaro, era divulgado pela
mídia stalinista como uma briga interna, ou, ainda , pelo esvaziamento da pasta
econômica.
Isso aconteceu por duas razões. Primeiro que a mídia stalinista não
entende o básico sobre liberalismo,sobretudo da academia de Chicago de onde
Guedes é signatário. Para liberais como Friedman, a ideia de um subsídio
assistencial básico é perfeitamente cabível, pois o liberalismo não é a mera
frustração estatal e sim a adequação correta da máquina. O segundo motivo é que
a militância não torce pelo país e sim pela causa, de modo que a saída de
Guedes, ainda que representasse um mal ao país, seria comemorada em tons
festivos.
Então se um liberal também pode fazer assistencialismo, qual a diference
entre Paulo Guedes e Lula? O Lula real, não o imaginário que ainda pauta a
mídia stalinista, aquele que se gaba de ter tido sua primeira experiência
sexual com uma cabra no meio do mato, enxerga no assistencialismo a famosa
política do pão e circo, ou seja, o melhor caminho para se perpetuar no poder.
Bolsonaro, que foi eleito bradando críticas contra a reeleição aprovada por
emenda pelo socialista “fabiano” Fernando Henrique Cardoso, aos olhos de
muitos, também usa o assistencialismo para se manter no cargo, já que fala
muito sobre a reeleição.
Ocorre, nobre leitor, que este governo parece ser um tanto maior do que
Bolsonaro e suas pretensões pessoais. Ele sabe disso e tem agido cada vez mais
em consonância com o decoro exigido pela liturgia do cargo, de modo que um
plano de erradicação de pobreza, ainda que tenha o mesmo viés politizado do PT,
nas mãos dos militares poderia ser algo muito mais efetivo e benéfico ao
páís.
O grande problema do assistencialismo petista é a deturpação dos
projetos para a criação de currais eleitorais, isto é, não se fiscaliza direito
quem é que pode ser contemplado pelos benefícios. Se os militares tiverem mais
êxito nisso, aí estaríamos diante de um projeto de erradicação da miséria sem
precedentes na história deste país. Por enquanto resta a torcida para que
a politização não macule este governo.
Ontem foi anunciado que neste ínterim de pandemia a concessão de
benefícios suplantou os 197 bilhões de reais, sendo a metade disso enviado para
as zonas carentes do interior nordestino. Os militares agora têm os dados,
conseguem aperfeiçoar a triagem e identificar melhor as zonas de extrema
carência. O PT, achando que pressionaria o governo empurrando um
assistencialismo desvairado, foi surpreendido cokm um revés que toma forma, aos
poucos, de um grande projeto de erradicação sob a tutela dos militares.
Isso dá bastante medo na mídia stalinista, no PT e nos seus
financiadores estrangeiros. Afinal de contas, na cabeça de stalinista,
existe a miséria boa e a ruim. A miséria boa é aquela que justifica a
revolução, por isso a ideia de que o liberalismo possa resolver qualquer coisa
é tão assombrosa. Não se engane, caro leitor, os stalinistas no Brasil
estão desesperados. 197 bilhões! Sendo, pelo menos, metade
disso distribuído nos locais mais miseráveis do país.
(*) Victor Dornas - Colunista do Blog Chiquinho
Dornas ,fotos ilustração: Blog-Google.