Rafael Sampaio - Presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia Civil do DF (Sindepo) - "Temos hoje um dos piores salários de delegados do Brasil"
Com quase dois anos do atual governo, a Polícia Civil teve 8% de
aumento. A paridade significa recomposição de 37%. O Sindepo está conformado? Não,
definitivamente não estamos. Sofremos perdas inflacionárias de mais de 60%, um
pouco mitigada com esses 8%, e temos hoje um dos piores salários de delegados
do Brasil, especialmente considerando a falta de penduricalhos que são comuns
em outros Estados. Mas não somos alienados e entendemos a dificuldade da
conjuntura política e econômica para o governo cumprir com a promessa da
paridade.
Ainda há esperança? Claro. Há uma
grande distorção. Não é razoável termos um salário tão defasado e estarmos
atrás de praticamente todos os paradigmas, sejam distritais, federais ou
estaduais. Logo, cremos que essa correção é questão de tempo.
O clima no país, com crises sanitária e fiscal, possibilita chegar a
esse objetivo? Dificulta muito. Qualquer debate agora de
aumento de despesa com servidor gera repulsa. Fomos eleitos, injustamente, o
mal da sociedade pela equipe econômica, que distorce a realidade para comprovar
essa tese.
A Polícia Civil teve outras conquistas? Sim.
Conseguimos o (serviço) voluntário que aumentou a capacidade operacional da
instituição e serve como uma válvula de escape financeira para o servidor.
Foram feitos investimentos materiais necessários, que agregam satisfação e
qualidade de vida no serviço, como novos prédios, viaturas, equipamentos, etc.
Conseguimos iniciar dois grandes concursos. Mas nos ressentimos da falta de um
plano de saúde para o servidor, que foi prometido e ainda não saiu do papel.
O plano de saúde vai sair? Parece que deu
uma esfriada, mas creio que vai. O Governador parece determinado a cuidar da
saúde do servidor.
Existe respeito por parte do governador Ibaneis Rocha? Sem
dúvida. Houve um grande salto no relacionamento da instituição com o Governo.
Hoje somos respeitados.
E autonomia? A Polícia Civil sempre
desfrutou de autonomia funcional. É absolutamente incomum interferência
política em nossa instituição. A maior demonstração disso é que o nosso diretor
foi escolhido por seus pares e não por critérios exclusivamente políticos.
Ana Maria Campos – Coluna “Eixo Capital” – Correio
Braziliense