Por Victor Dornas
O fato da pretensa
comissão parlamentar de inquérito das chamadas “fake news” ser uma piada de mau
gosto em razão de seus próprios integrantes não significa que não deva haver um
controle mais aguçado e inteligente da aparelhagem política em redes sociais.
Hoje pela manhã, por exemplo, o ex-ministro Abraham Weintraub escreveu em seu
Twitter que estava contente pelo fato de um perfil anônimo dos mais famosos na
rede de influência bolsonarista ter sido “exposto”. Descobriu-se que o dono da
conta, além de nada conservador como dizia ser no personagem, já tinha sido
condenado por abuso de menor.
Weintraub se disse
contente, pois o tal perfil anônimo de uns tempos pra cá mudou drasticamente
sua forma de agir em determinadas pautas, sugerindo a ideia de que poderia ter
sido vendido a alguém de uma das oposições ao governo.
A venda de perfis
anônimos em si não tem anda de legal, afinal de contas é pura demanda de
mercado. Se as pessoas cultuam, aos milhares, pessoas que usam perfis anônimos
para postar bobagens em redes sociais, eis a realidade. Não adianta brigar com
ela, então se existe uma precificação, isto é, se o indivíduo conseguiu agregar
valor ao tal perfil, problema dele.
A questão costuma ficar
séria quando se descobre quem é que compra os perfis.
Ou, pior ainda, quando
a pessoa usa o próprio aparato estatal, como, por exemplo, assessores públicos
que são custeados pelo erário para produzirem algo útil, para fazerem milícia e
intrigas nessas redes sociais. Conforme divulgado em vídeos por uma grande
emissora, a deputada federal mais votada do país em 2018 e jornalista condenada
pelo conselho de ética do Paraná por plagiar 65 matérias alheias, Joice
Hasselman foi acusada de tal prática.
Para completar a
lambança, adivinhem quem está lá entre os bastiões da moralidade na tal
comissão?Ela própria. Joice, aliás, conseguiu essa votação monstruosa aguçando
os ânimos fervorosos contra o “bolsopetismo”, produzindo dez lorotas por
segundo em redes sociais, como, por exemplo, supostos americanos que tinham provas
da fraude eleitoral brasileira.
Ao contrário do que
pensa o ministro do Supremo nomeado pela impedida Dilma Rousseff, Luís Roberto
Barros, não é função de um agente público cultivar a empáfia no sentido de
querer modelar ou educar o povo de acordo com seus auspícios. Se o povo quer
cultuar esse bando de perfis anônimos que metralham conteúdos a esmo o dia
inteiro em redes sociais, trata-se de uma opção legítima do povo. O poder
público deve intervir quando o erário está envolvido ou quando há uma pessoa
jurídica ou ficção jurídica que esconde a identidade dos envolvidos.
A liberdade de
expressão aliás não serve para patrocinar manobras obscuras, de quem não mostra
a cara quando a questão envolve dinheiro e agressão à terceiros.
Se alguém quer opinar
sem sofrer represália, por exemplo o caso de um patrão que milite por um
espectro político diferente, sem problemas. A pessoa vai lá e cria o seu perfil
anônimo para dizer aquilo que bem entende sem temer perseguições. Já no caso de
um ativismo mais ostensivo, como uma página famosa que aciona empresas no
sentido de boicotar pessoas físicas, como faz a tal página de esquerda chamada
“Sleeping Giants”, a coisa muda de figura pois há um fulcro financeiro, de modo
que os autores não podem impedir o acesso aos dados se a ideia é justamente
fomentar transparência de dados.
A grande mídia se
mostrou bastante nervosa quando uma juíza decidiu quebrar o sigilo pessoal dos
envolvidos na tal conta, pois certamente se descobriria que seus autores
incorrem em casos de politização tão ou mais ostensivas, provavelmente naquele
estilo “lula livre”, do que aqueles que incitam represálias em suas
perseguições diárias.
Uma comissão formada
por parlamentares idôneos e com alguma formação poderia traçar metas
apropriadas para regular a atuação dessa multidão de perfis anônimos que muitas
vezes são financiados como testa de ferro ou peões de batalha por figuras nada
anônimas.
Hoje pela manhã, a
deputada Joice resolveu fazer campanha na “cracolândia”, uma vez que as previsões
nas pesquisas são bem diferentes daquelas do ano retrasado, quando ainda era
“amiga” de Jair Bolsonaro. Agora, filiada aos interesses do PSDB, a deputada
não consegue sair da margem pífia de 1% e para tentar mudar sua imagem, catou o
cabeleireiro e foi lá tirar foto com os transeuntes marginalizados, no estilo
mais sórdido da política populista. As redes sociais, claro, não perdoaram e
logo “viralizaram” imagens satirizando o papelão.
Joice se diz vítima dos
tais perfis anônimos, entretanto muito além de reles vítima Joice é uma
criatura que se desenvolveu neste meio e agora tenta se desvincular do mesmo
enquanto perde todos os seus votos. A turma diz que ela é a rainha da
cracolândia, porém o submundo das guerras e rixas virtuais, bancadas por gente
de todo tipo, que envolve aliás pessoas dispostas a qualquer coisa para
ganharem os seus likes, émuito mais sujo e baixo do que a própria cracolândia.
Não se sabe quem é a
nova rainha do submundo das rixas virtuais.
Joice, de certo, não
mais. Nas redes, em razão da traição que teria cometido ao brigar com os
Bolsonaros, a deputada vem sendo apelidada há algum tempo de porca de Troia. É o baixo
nível dos bastidores virtuais da “nova” política.
(*) Victor Dornas - Colunista do Blog Chiquinho Dornas ,fotos ilustração: Blog-Google.