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BOLSONARO NA ONU (Coluna Victor Dornas)

 

Por Victor Dornas 

Há alguns anos, acaso dissessem que Jair Bolsonaro seria o presidente da República e teria como missão diplomática desconstruir as narrativas do Leonardo Di Caprio sobre a soberania da Amazônia numa ONU que mais ajudou do que conteve a pior pandemia da geração, certamente ninguém acreditaria. 

Pois bem, o presidente falou na ONU pela manhã e demonstrou alguma maturidade que atesta uma assessoria bastante profissional, ao contrário daquela que o apoiou a dizer, em rede nacional, que a covid, que matou três vezes mais do que a gripe espanhola no Brasil, não seria nada além de uma gripezinha. Quem dera se Bolsonaro tivesse tido a postura de hoje lá na ONU desde o início. 

Era o início, aliás, da politização desvairada da maior crise sanitária do século.

Bolsonaro falou bem num discurso gravado, com texto coeso, objetivo e que ostentou o problema da ideologização cafajeste socialista no Brasil que é financiada por nossos competidores internacionais. Exaltou o pânico exacerbado ainda promovido pela grande mídia que tenta capitalizar políticamente nas mortes divulgadas, ressaltou fragilidades econômicas com termos acertados e citou até o vazamento de óleo da Venezuela que maculou nossa flora e fauna oceânica, fato que a imprensa stalinista brasileira esqueceu rapidinho, insta frisar.

O discurso foi tudo aquilo que o bolsonarista mais convicto esperava e também aquele eleitor que está apenas saturado de demagogia e por isso decidiu patrocinar a sinceridade de Bolsonaro. Estava tudo ali, agregando todo tipo de gente que tem simpatia pelo presidente e ignorando todos aqueles que discordam de sua pauta, ou seja, é como se fosse um presidente apenas daqueles que o elegeram e isso, numa democracia, não é anormal e tampouco ruim. É do jogo. Há líderes mais ponderados, diplomáticos e há os mais arrojados, que refletem um momento de cisão que também faz parte da democracia e não deve ser demonizado por isso.

O discurso entretanto sucede alguns probleminhas ocorridos no cenário olavista do governo. A ministra Damares Alves, que na visão deste humilde articulista ainda é uma caixinha de surpresas que qualquer hora deve explodir, resolveu botar pra fora da secretaria de igualdade racial a sua diretora geral, esposa daquele jornalista que foi preso pela pataquadas do ministro “não juiz” Alexandre de Moraes sem a anuência do parquet. Não vejo problemas numa pessoa ser militante do PT e de uma hora para a outra se tornar o bolsonarista mais apaixonado de todos, desde que a sua esposa não faça parte do governo em questão.

O fato de Alexandre de Moraes ter atropelado a lei para firma-se como um tirano e investiga, interpreta, julga e prende ao mesmo tempo não significa que o seu algoz, o tal jornalista, seja um santinho. Não falta neste meio olavista opostunistas de toda a sorte, que nunca fizeram porcaria nenhuma na vida mas agora enchem o bolso com uma boquinha no governo. Isso aliás acontece em tudo que é público do Brasil, não sendo um ônus propriamente de Bolsonaro. O jornalista brada pelo governo, mas sua esposa é paga pelo mesmo. Que coisa!

Pois bem, não demorou para o astrólogo dar seus pitís. 

A tese ágora é que os militares são os inimigos do presidente e ele, por ser ingênuo, estaria fazendo vista grossa. Olavo já entonou essa rixa contra militares várias vezes, perseguindo a difamando o vice Hamilton Mourão e também outras notórias figuras do alto escalação do Exército que de alguma forma influenciam no atual governo. Olavo, que costuma ter razão sobre muita coisa, é um mestre do sofisma e sabe como ninguém a melhor forma de mobilizar a patota contra um alvo específico. Contra Bolsonaro, ele não iria jamais, pois sabe que no Brasil a disputa não é tão simples como parece ser, na mente da maioria. 

Não se trata apenas de uma guerra política, mas uma disputa de narrativas. Nisso, o astrólogo está certíssimo, como em tantas outras coisas. O ego inflado, entretanto, obriga Olavo a tomar partido pela esposa do jornalista referido contra o governo, já ensaiando outra série de intrigas ocorridas no passado, como por exemplo um embate entre católicos e cristãos pelo domínio da fé, um debate nada santo!

Bolsonaro, neste discurso da ONU, certamente conseguiu acalmar os ânimos dessa turma tão unida que é a tal direita Bob Jeff brasileira, porém não por muito tempo. A política brasileira, sobretudo nas militâncias, não sobrevive sem escândalos.
 
De mais a mais, representado por Jair Bolsonaro, o Brasil depende da eleição de Donald Trump que anda enviando seus prepostos pra cá, inclusive, como, por exemplo, MikePompeo, que usa o Brasil para criar um escândalo com a Venezuela. Na geopolítica, não há e nunca haverá mocinhos, porém há sempre um lado melhor para apoiar, ainda que este lado também esteja inundado de cinismo. 

Todos sabem como funcionam os oligopólios de petróleo nos Estados Unidos e que a maior reserva natural é justamente na Venezuela. Há muito mais do altruísmo ali, porém isso não significa que devemos necessariamente sermos neutros.

A neutralidade brasileira com as ditaduras vizinhas é pura conivência.

A questão é que quando saímos da neutralidade, nos tornamos também apostadores. É o ônus da ação, ou seja, nos colocarmos à prova. A eleição de Joe Biden seria catastrófica para um Brasil que se permite alguma posição política verdadeira. É o jogo, as fichas foram lançadas e agora só resta esperar.




(*) Victor Dornas - Colunista do Blog Chiquinho Dornas ,fotos ilustração: Blog-Google.


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