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Brasilienses testam vacina belga

Brasilienses testam vacina belgaAlém da belga, voluntários estão participando dos testes com a chinesa


O Distrito Federal está entre as unidades da Federação escolhidas para receber mais um teste avançado de vacina contra a covid-19. A Ad26.COV2.S, produto do laboratório Janssen, da empresa Johnson & Johnson, chega ao DF no próximo mês para ensaios clínicos da fase 3, uma das últimas etapas para verificação de segurança e eficácia de uma imunização. Ao todo, 800 moradores da capital e do Entorno vão poder participar dos testes como voluntários, recebendo uma dose do produto e sendo avaliados pela equipe do L2iP Instituto de Pesquisas Clínicas. Diferentemente do teste que está em andamento no Hospital Universitário de Brasília (HUB) e recebe apenas profissionais de saúde, os ensaios da Ad26.COV2.S permitem qualquer pessoa acima de 18 anos na inscrição inicial do processo. A previsão é de que as primeiras doses sejam aplicadas em 1º de outubro.

 

“Entre as razões do DF ter sido selecionado, nós temos a identificação de que aqui ainda é um dos epicentros da doença, com grande número de contaminação. Também foi levada em conta que estamos em uma região que ainda há muita possibilidade de contaminação. As vacinas devem chegar ainda nesta semana e a previsão é que a gente comece as aplicações, dentro do nosso instituto, já no dia seguinte aos resultados sorológicos dos primeiros voluntários”, detalhou o doutor Eduardo Freire Vasconcellos, diretor do L2iP. O grupo de pesquisa se mostra esperançoso com os ensaios por conta dos resultados positivos das fases anteriores, realizadas com cerca de mil pessoas nos Estados Unidos e na Bélgica, e devido às boas respostas de imunizações para outras patologias que utilizam esse mesmo conceito.

 

Nesse tipo de metodologia os médicos aplicam o conceito de vetor recombinante, em que se utiliza outro vírus — neste caso o adenovírus tipo 26 —, e se faz uma alteração na estrutura para codificar a proteína S do vírus Sars-CoV-2, da covid-19. “É bastante inovador e promissor. É a primeira vez que estamos tentando cessar uma pandemia com esses estudos sendo realizados simultaneamente. Mas, esse tipo de vacina é testado em humanos desde 2008, em casos de outras patologias. Foram feitos 35 estudos populacionais grandes dessa vacina, não sendo para covid, e 75 mil pessoas foram vacinadas no continente africano com esse conceito”, pontua o diretor do instituto.

 

A etapa de ensaios atual, a fase 3, permite uma segurança maior do que as fases anteriores por ampliar os estudos com humanos e utilizar a metodologia randomizada, duplo cego, controlado por placebo. Ou seja, metade dos voluntários recebem o produto vacinal e outra metade não, o que permite melhor visualização dos resultados.

 

Grupos: A pesquisa tem como meta receber diferentes segmentos de pacientes. “Vamos dividir o total de voluntários em dois grupos, um de pessoas entre 18 e 59 anos e outro acima de 60. Destes, vamos dividir e dois subgrupos, os saudáveis e os portadores de doenças crônicas, desde compensados, para vacinar parte da população saudável e parte com comorbidades”, detalha Eduardo Freire. A ideia é testar a eficácia da imunização com uma dose única. Após a aplicação, os voluntários vão passar por avaliações diárias por meio de um dispositivo eletrônico, medindo temperatura e outros parâmetros, e vão ser submetidos a exames periódicos. “Depois de 28 dias da vacinação, realizaremos um novo teste sorológico para verificar se o paciente criou IgG (anticorpos produzidos pelo organismo). O mesmo será repetido em 56 dias e, após, mais 28 dias para frente”, explica o doutor. Todos os voluntários vão ser acompanhados por mais dois anos ao fim do processo, para demonstrar a eficácia duradoura, sem necessidade de reforço.

 

As empresas que fazem parte da pesquisa estimam a vacinação de 7 mil voluntários do teste no Brasil, distribuídos por São Paulo, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Paraná, Minas Gerais, Bahia, Rio Grande do Norte e Distrito Federal. “Das 144 primeiras vacinas no mundo que começaram pesquisas em março deste ano e fizeram a fase 1 entre abril e junho, somente 12 chegam até a fase 3. No Brasil quatro vacinas diferentes estão nessa etapa, sendo que mais duas estão tramitando para que o país participe. Então, estamos animados com a possibilidade de que dê certo. Ao final do processo, vamos ver nos resultados se há benefícios reais e, caso existam, o produto deve ser apresentado no começo do ano que vem”, estima Eduardo.

 

35 óbitos: O Distrito Federal continua a apresentar aumento, mesmo que lento, no número de casos de pessoas infectadas pela covid-19. Ontem, em 24 horas, a Secretaria de Saúde divulgou mais 806 casos de covid-19, alcançando o total de 184.555 pessoas infectadas na capital — 93,7% recuperadas (172.996) e 11.559 com a doença ativa. Com o avanço da doença, o número de mortes chegou a 3.097 vítimas (2.842 de moradores do Distrito Federal e 255 do Entorno e de outros estados. Apenas ontem foram registradas 35 óbitos na capital, entre o período de 19 de julho e 21 de setembro. A maioria tinha 60 anos ou mais.

 

Por Alan Rios – Correio Braziliense


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