Por Victor Dornas
Independentemente do Supremo considerar ou não Sérgio Moro como incapaz de ter sentenciado o ex-presidente Lula, de uma coisa não resta dúvida: Aquele sujeito apaixonado pelas pautas socialistas e que acreditou que um torneiro mecânico cumpriria a proficiência necessária para tocar um país, mesmo que Lula não tivesse sido flagrado cometendo crime algum, já teria mil motivos para abandonar a causa. O operário em questão se tornou um burguês.
E não qualquer burguês... mas o pior
tipo!
Ou seja, aquele que assina um conluio com burocratas que desejam
enriquecer em oligopólio. Basta ver quantas das grandes empresas brasileiras
que dominam de forma injusta seguimentos do mercado apoiam o PT e inclusive financiam
celebridades para endossar o coro. Seguindo a cor do dinheiro a gente entende melhor como funciona de fato a política. De mais a mais, aquele "camarada" apaixonado pela "causa" certamente deixou o barco faz tempo e virou dissidente.
E restou... a xepa. Fenômeno similar parece
estar acontecendo com a família Bolsonaro.
Uma vez que o advogado
satanista Wassef entrou na mira dos procuradores da lava-jato, possivelmente a
contragosto do engavetador geral e também petista Augusto Aras, não demoraria
muito para Flávio entrar no samba e também ter a sua chance de atravessar o som. São mais 300
páginas de acusações do MP que indiretamente atingem o governo, uma vez que
Jair Bolsonaro não esconde que seus filhos merecem um filet mignon do Executivo.
Além da politização
contumaz, a primeira questão que surge disso tudo é: A lista do COAF era bem
grande, sendo os primeiros colocados (de esquerda) envolvidos com repasses
muito superiores aos ocorridos no gabinete do primogênito do presidente. Haverá
empenho do MPF para fazer também 300 páginas de relatório contra essas pessoas?
Pois, se não houver, me desculpem a franqueza, seria caso de politização
criminosa também. Isonomia é o imperativo.
A segunda questão que
se insurge neste maremoto diz respeito ao próprio Flávio. Assim como Lula, Flávio
também foi uma espécie de gestor que viu mais de dez assessores metidos com um
esquema criminoso de repasse de verba. A melhor defesa que lhe cabe é
exatamente a mesma de Lula, tanto no caso do mensalão como também no petrolão,
isto é, de que ele nunca soube de nada.
A alma cândida foi vítima de seus
próprios comparsas. Não colará, evidentemente, mas pode render uma soltura,
afinal de contas Lula está aí todo "serelepe" maquiando um novo poste, Manoela D’ávila,
agora recatada e do lar, para tentar tomar de volta o rebanho conquistado por
Bolsonaro e suas políticas de subsídio.Disso decorre o surgimento crescente de dissidentes mais influentes.
Mas o fato mais complicado
nisso tudo é quando se avalia o governo Bolsonaro como um todo. A grande mídia
stalinista insiste em sonegar o óbvio, contudo trata-se de um governo que, até
então, tem seu decoro mantido pelo alto escalão do exército. Isso no imaginário
coletivo tem um efeito e tanto, afinal de contas sair de um PT combalido por
esquemas bilionários de roubos para um governo inflamado de milicos inspira
alguma ordem. O povo compra a ideia sem pestanejar e com toda a razão. Em outras
palavras, não é a turma olavista que sustenta aquilo que é verdadeiro neste
governo, uma vez que Olavo nunca foi além do verbo.
Quem garante mesmo, além do
funcionalismo técnico, são os milicos. Qualquer malabarismo mal sucedido de
Bolsonaro para disfarçar seus rolos acaba sendo amortizado por esse pessoal. E
ainda que tudo isso seja péssimo para uma imprensa ideologizada que não conhece
o cheiro do próprio país e vive de teorias mirabolantes, para o país me parece
uma coisa boa. Nunca se soube tanto sobre as pastas ministeriais, por exemplo.
Tudo é debatido, exposto, ou seja, muito longe da tal ditadura que a turma da
bandeira vermelha alardeava na derrota em 2018.
Bolsonaro terá que se
esforçar muito para estragar o caldo do governo, como indicam as pesquisas. Não
é um escândalo envolvendo o filho que provavelmente derrubaria um projeto tão
ambicioso. Os milicos vestiram a camisa e mesmo sem os elogios devidos estão
suando pelo país, nos limites da lei, ao contrário do “plot twist” de 1968 e do
AI 5. Os tempos mudaram. Bolsonaro foi eleito
para ser controlado. E ele tem se mostrado bem competente nisso.
Basta fazer o mínimo
para ter o máximo de chance de ser reeleito, embora isso seja “per se” mais uma
quebra de promessa de campanha. Na arte do possível, o brasileiro se mostra
cada vez mais tolerante e por vezes complacente com o injustificável. É o nosso
jogo e quem sabe um dia dê certo...