Ibaneis Rocha e o vice, Paco Britto, na Feira do Guara este
fim de semana. Apoio discreto para candidatos. Início da
corrida eleitoral na região do Entorno não deve ter a presença efetiva de
Ibaneis Rocha. Mas outros partidos do Distrito Federal intensificam
preparativos para atuar próximos a aliados, como é o caso do PT
*Por Jéssica Eufrásio
– Alan Rios
Com a oficialização dos nomes dos candidatos para
as eleições municipais de 2020, os diretórios dos partidos começam a se
articular para definir os apoios às candidaturas. No caso do pleito no Entorno,
as escolhas ainda acontecem de maneira tímida. A movimentação por parte de
políticos que estão em fase de mandato começou discreta. Figuras como Ibaneis
Rocha (MDB) e Rafael Prudente, presidente da Câmara Legislativa e
correligionário do governador, não devem sair às ruas de regiões vizinhas para
fazer campanha. Ao menos não por enquanto.
Na sexta-feira, terminou o prazo para registro de
candidatos junto à Justiça Eleitoral. Por isso, interlocutores de partidos e
políticos ouvidos pelo Correio acham o momento “muito preliminar” para listar
possíveis nomes de concorrentes que contarão com apoio. Inicialmente, eles
atuam em campanhas voltadas a todos os filiados que disputam uma vaga pela
sigla. Esse direcionamento, contudo, vai mudar diante dos resultados de
pesquisas, do envolvimento da população e de anúncios de posicionamento dos
presidentes das legendas.
Em oito cidades goianas vizinhas do Distrito
Federal e com os maiores números de habitantes entre os municípios do Entorno,
predominaram candidaturas em siglas da direita e do centro. Nesses locais,
partidos como PSL, MDB, Avante e PSC superaram a legenda do governador de
Goiás, Ronaldo Caiado (DEM). Esse cenário vai na direção contrária dos números
do estado, onde o Democratas ficou em primeiro lugar com a maior quantidade de
candidatos inscritos, seguido pelo PP e pelo MDB.
Ontem, a diretoria executiva do Democratas no DF se
reuniu para definir as estratégias de campanha. Nesse sentido, os políticos da
sigla seguirão as indicações de Caiado. Na Cidade Ocidental, por exemplo, o DEM
formou coligação pela reeleição do prefeito Fábio Corrêa (PP).
Para tentar mais destaque nas eleições do Entorno,
o PT aposta na mobilização dos cerca de 60 mil inscritos na sigla no DF. Na
sexta-feira, o partido anunciou a criação de um grupo composto por três
dirigentes da regional distrital que cuidará da campanha dos candidatos
petistas. Outros oito dirigentes se dividiram entre quatro coordenações —
norte, sul, leste e oeste — para trabalhar na militância em municípios goianos
que compõem a região vizinha à capital federal. A sigla quer nacionalizar a
campanha estimulando todos os filiados a apoiar essas candidaturas, seja
virtual, presencial ou financeiramente.
Alianças: Entre as principais bandeiras que os
partidos pretendem levar para o pleito estão emprego, inflação, saúde e
segurança pública. No entanto, os candidatos esbarram em três novos cenários: a
proibição da formação coligações entre os partidos dos concorrentes ao cargo de
vereador; a proibição de financiamento de campanha com recursos privados; e as
limitações para o contato próximo com eleitores durante a corrida eleitoral,
devido à pandemia. Para especialistas, as eleições de 2020 refletirão
tendências de resultados vistos em 2018. Além disso, a crise provocada pelo
novo coronavírus deve favorecer, novamente, táticas voltadas às mídias sociais.
Professor de ciência política do Centro
Universitário de Brasília (UniCeub), Edvaldo Fernandes considera que o panorama
nacional levou ao desgaste de partidos tradicionais, o que favoreceu a
polarização e um número considerável de candidatos que tentou “surfar na onda
bolsonarista”, elegendo-se pelo PSL, antigo partido do presidente da República.
O especialista acredita que políticos do DF vão buscar benefícios nas eleições
municipais do Entorno, apesar de estarem fora do jogo, em busca de alianças
informais com governo e oposição. “Outro ponto a ser analisado é o impacto que
o benefício assistencial terá nas regiões do Entorno. Ele fez muita diferença
na vida das pessoas e é atribuído ao presidente (Jair) Bolsonaro”, completa.
A cientista política Noemi Araujo afirma que as
tendências conservadoras, de direita e militarizadas vão continuar neste ano.
Ela observa que a situação das eleições municipais será significativa para
mostrar quais alianças serão formadas para 2022 e acrescenta que o fim das
coligações afeta, principalmente, eleitos por partidos menores. “Agora, as
siglas terão de investir em candidatos com grande potencial de sucesso
eleitoral, não mais puxadores de votos”, comenta. “O MDB, atual partido do governador
do DF, e o DEM, por causa do Caiado, em Goiás, acabam tendo força maior por
causa dos nomes que influenciam nas escolhas (de candidatos)”, diz.
Situação: Confira o panorama nos municípios de Águas
Lindas, Cidade Ocidental, Formosa, Luziânia, Novo Gama, Planaltina, Santo
Antônio do Descoberto e Valparaíso: Candidatos a prefeito e vice-prefeito
- 53, Candidatos a vereador - 2.898, Candidatos à reeleição -
87, Partidos com mais inscrições, Partido Social Liberal (PSL) - 137, Movimento
Democrático Brasileiro (MDB) - 98, Partido Social Cristão (PSC) -
94, Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) - 92
Fonte: Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
(*) Jéssica Eufrásio –
Alan Rios - Foto: Alan Rios/CB/D.A.Press – Correio Braziliense