Por Victor Dornas
Conforme visto recentemente, a nova estratégia da grande mídia para propor um debate alternativo e mais ponderado
de ideias é levar ao ar figuras públicas que enaltecem um influenciador stalinista
chamado Jones Manoel que, dentre outras coisas, diz que o liberalismo é o maior
responsável pelo escravagismo de negros, sendo por isso uma ideologia que
concentra poderes nas mãos de homens brancos e perversos. Jones costuma se
expressar por meio do veículo (também muito ponderado) Carta Capital, aquele que
teve 1.3 milhões de reais cedidos pelo governador Flávio Dino (PT) para
doutrinar crianças em escolas públicas.
A primeira ironia é ver “aquela” emissora
que editou o debate entre Lula e Collor, agora se aproximando, como nunca, dos “camaradas”,
já que até stalinista está valendo. O episódio fica ainda mais grotesco
quando eles convidam certo artista que teria se relacionado sexualmente com uma
criança de 13 anos quando o mesmo tinha uns 40. Agora, perpassando os 70 anos,
o artista diz que, graças a Jones, este sábio iluminado, converteu-se, enfim, ao
socialismo. Meus parabéns.
O artista é um ostensivo apoiador de Ciro Gomes, que, assim como
boa parte da esquerda brasileira, exalta de um modo um tanto fervoroso o
fascismo Varguista.
O tal Jones, por sua vez, de
um modo estranhamente coerente, considera Vargas um genocida, porém como é tudo
“pela causa”, para aparecer na televisão o rapaz talvez arrume um jeito de se
conciliar com esses “camaradas” que adoram um fascismo mais seletivo. Aliás esses veículos que esses camaradas utilizam para promoverem suas ideias são bastante capitalistas, não? Imagine, aliás, qual seria a reação do próprio Josef Stalin diante de um Jones Manoel.
Violências à parte...
Refutando o Sr. Jones e suas teses
sobre liberalismo, o ponto inicial da discussão deve ser uma palavrinha que
ideólogos populistas não suportam ouvir nem de longe: Anacronismo. Se algum
filósofo liberal versou sobre escravagismo, deve-se ponderar o contexto
histórico, afinal de contas, se nos rendermos ao crime da sonegação histórica
seletiva, concluiremos que a base do conhecimento ocidental, ou seja, a Grécia,
era muito pior. Aristóteles, por exemplo, não se continha apenas em suas teses
sobre escravaturas. Naquele tempo, deficiente físico era sacrificado.
Pergunta-se ao Sr. Jones: Se no século XVIII ou meados do XIX, a extrema miséria era mundialmente generalizada, contudo hoje em dia é suportada por uma minoria em termos percentuais, isso se deve ao comunismo? Algo aconteceu de lá pra cá, não é verdade? Um "milagre", talvez.
Ele tem um coringa na manga de todo modo,
haja vista que seu modelo de mundo comunista nunca aconteceu de fato. Na verdade o modelo é tão
perfeito que só cabe mesmo na cabeça de vento de seus confrades, uma vez que o
partido soviético russo foi uma deturpação. O genocídio de centenas de milhões
de pessoas no oriente por doutrinas comunistas também foi uma deturpação.O
projeto soviético falido que deixou à míngua milhões de pessoas que, inclusive, padecerem
de fome, também uma deturpação. Afinal de contas, o socialismo é tão belo...
Mao-tsé, um santinho. Malvado mesmo era Stuart Mill. E tão "branco" né...
Já o liberalismo, aí não. Se o número
de escravos aumentou bruscamente no século XIX, culpa do liberalismo. A vontade
é de dizer que foi o liberalismo que inventou a escravidão, porém isso hoje em
dia só pode ser dito em escolas públicas patrocinadas por Flávio Dino. Com
adultos, não cola mais. O liberalismo não é uma doutrina tão engessada, de modo
que a reflexão sobre o papel do estado em detrimento do potencial do indivíduo
é eternamente revista. O comunismo, aliás, também é bastante adaptativo, de modo que até
uma emissora que enriqueceu na corrupção durante uma ditadura militar também
pode aderir à causa.
O vício humano, a sordidez, pode ser
simbolizado por qualquer “ismo”.
Alguém pode empunhar uma bandeira liberal para
suprimir direitos trabalhistas sugerindo que age em nome de uma “causa liberal”,
quando por fora recebe dinheiro de algum grupelho de interesse. Todos esses “ismos”
simbolizam muita coisa, de modo que, no final de tudo, aquilo que pode ser
extraído de bom do liberalismo é a constante reflexão do papel entre indivíduo em
sujeição diante de um burocrata como Flávio Dino.
O comunismo, entretanto,
falha nas premissas básicas ao demonizar a propriedade privada e desconsiderar
que a precificação de demanda não é uma invenção de um sistema e sim uma
característica humana de priorizar valores.
Os liberais devem ter cautela, aliás,
quando se aproximam demais do coletivismo comunista: Aquele que busca
identificar e anular “infiéis”. Sempre que houver uma associação, um grupo ou
entidade “liberal”, isso deve ser analisado com o mais rígido dos crivos, pois
o comunismo é a representação do maior dos vícios de massa, onde um expoente,
um líder, condiciona o comportamento de uma multidão para que apenas ele brilhe
de fato.
A pobreza dos outros é a riqueza dele. O liberalismo não é cândido,
imutável e sim uma orientação basilar, passível de deturpações de toda sorte
por ser justamente uma manifestação racional humana.
Ponderar liberalismo com escravagismo
é um erro primário de quem não conhece sequer as bases do conhecimento, ou
seja, a cautela anacrônica, da reflexão sobre costumes de uma época, mudanças
demográficas, lapsos temporais e, portanto, choques e mutações culturais.
Um adulto de 40 anos se envolvendo
com uma menina de 13, aí não me parece uma questão anacrônica pela data do evento. Na verdade, como
se sabe, esse tipo de modo de vida estava lá proibido nas normas do Império. Por fim, o óbvio: A esquerda brasileira é um episódio
tragicômico da moral humana contemporânea.
Bastante elitista também... E cínica.
(*) Victor Dornas - Colunista do Blog Chiquinho Dornas ,fotos ilustração: Blog-Google.
(*) Victor Dornas - Colunista do Blog Chiquinho Dornas ,fotos ilustração: Blog-Google.