O JK QUE VOCÊ VAI CONHECER
Jornalista: Domingos Sabino
Acredita-se que tudo já foi dito a respeito deste grande estadista Juscelino Kubitscheck de Oliveira, entretanto, muitos gostariam de saber um pouco mais como o presidente se comportava em situações cotidianas atípicas que muito das vezes foi alvo.
Quando prefeito de Belo Horizonte e até mesmo na
Governança do Estado de Minas Gerais existe diversos apontamentos quanto a suas
fantásticas obras de infraestrutura, porém, pouco se comentou a respeito de
momentos que levaram ao extraordinário governante atitudes inteligentes históricas
e engraçadas que deveriam ser temas integrantes da sua biografia. Então vamos
lembrar algumas que ainda não estão registradas em sua biografia.
O Brasil
atravessava um surto desenvolvimentista e se apresentando para o mundo, em
razão da criação de Brasília, assim como, do aumento do parque agroindustrial,
o sucesso do futebol, cinema e se destacando também a revolucionaria música de
vanguarda denominada bossa nova. Em virtude disto o Presidente JK passa a ser
chamado carinhosamente de Presidente Bossa Nova
Aliado a este
fato, a ocupação do centro oeste brasileiro com o nascimento da capital da
esperança, possibilitou que o país invertesse a tradicional e rotineira opção
litorânea. A contribuição para o centro oeste e até mesmo amazônica foi de uma
grande dimensão transformando o Presidente JK como o político de todos
brasileiros. A identificação com o povo foi de imediato dando-lhe um tratamento
respeitoso e de admiração, mas, com um tom de familiaridade, tratando-o com o
apelido que adquiriu na infância, “ Seu Nonô”
Curiosamente,
recebeu a denominação pé de valsa, oriundo dos encontros sociais políticos que
naquela época era de praxe a existência de bailes como recepção ao um ilustre
visitante. E também em razão das suas gigantescas obras de infraestrutura da
cidade de Belo Horizonte, ele recebeu acunha de prefeito furação.
E um dos fatos marcantes na administração da prefeitura
de Belo Horizonte se deu no ano de 1945, com a construção da Igreja da Pampulha.
Projeto arquitetônico de Oscar Niemayer. Por possuir linhas modernas
diferentemente das tradicionais igrejas construídas no mundo inteiro não
agradou a Igreja ao ponto do arcebispo de Belo Horizonte Dom Antônio Santos
Cabral afirmar:
“ Não podemos
desvirtuar a obra do Senhor, nem a igreja e lugar para experiências
materialista, embora artísticas”
Naquela oportunidade, o então prefeito de Belo
Horizonte, Juscelino Kubistchek sabia que não poderia acirrar as relações com a
Igreja. Ao sair de uma audiência com o Governador Benedito Valladares o
prefeito Juscelino aproveitando que a Cúria Metropolitana ficava ao lado do
Palácio da Liberdade, atravessou a rua acompanhada pelo Olinto Fonseca Diretor
da Imprensa Oficial do Estado e em um diálogo fraternal disse ao arcebispo:
“ Vossa eminência há de convir que somos criados a
semelhança de Deus é tudo fazemos em nome de Deus como exemplo cito a obra da
igreja da Pampulha, que representa uma composição poética de um homem a Deus.
Lembrando a vossa eminência que quando o artista Michelangelo executou os
afrescos da capela Sistina no Vaticano, houve uma certa resistência, mas o Papa
Júlio ll, percebeu que estava de uma obra divina que necessitava a sua
concretização. Assim, tenho certeza que vossa eminência terá a mesma
grandiosidade do Papa Júlio ll.”
Pouco adiantou somente após 14 anos que a Cúria
Metropolitana permitiu que se realizasse uma primeira missa na Igreja São
Francisco de Assis no bairro da Pampulha. Graças ao papa João XXlll que
manifestou interesse em expor no Vaticano a via sacra do artista Portinari que
se encontra na igreja.
Quando recém-eleito governador do Estado de Minas Gerais
Juscelino encontrava algumas pequenas resistências em algumas regiões no
interior do Estado. E isto ficou mais visível
quando compareceu a uma solenidade na cidade Manhuaçu para inaugurar um Centro
de Artesanato. Quando o então Governador iniciou o seu discurso alguns poucos
cidadãos que se encontravam abaixo do palanque começaram de forma desordenada
apupos a fim de impedir o pronunciamento do Governador.
O Deputado
Saulo Diniz (PTB) constrangido com a injustiça de se praticava naquele momento
e sabendo que somente o hino Nacional poderia fazer com que a pequena
manifestação cessasse mandou que o maestro da singela bandinha tocasse o hino
nacional, interrompendo o discurso do Juscelino. A certo momento o parlamentar
instruiu que a Banda tocasse em um tom mais baixo e acessando ao microfone
disse:
“ Viva o Futuro
Presidente do Brasil”
Naquele momento estava profetizado a chegada do
Juscelino a Presidência da República.
No termino do Hino Nacional Juscelino concluiu em paz
o seu discurso. É já descendo do Palanque e com os demais políticos disse ao
deputado com gracejo que contagiou a todos:
“ Amigo Saulo! Você não estava gostando do meu
discurso”?
Em uma recepção no Palácio da Liberdade o Governador
Juscelino Kubistchek indagou ao candidato Élcio Tito Rocha quantos votos ele
obteve no pleito para Câmara de Vereadores. Com semblante contrariado o
candidato revelou que somente a família dele o havia escolhido e que um dos
membros da família não o tinha referenciado com o voto.
O governador
Juscelino percebendo que o candidato derrotado gostaria de descobrir quem da
família não o prestigiou e somente o governador com a sua sabedoria poderia
orienta-lo como descobrir o “traidor”
já que todos afirmavam que tinham votado nele. O governador postou a mão no
ombro do candidato e disse:
“ É muito simples amigo Elcio basta você perguntar
qual era a cor da cédula que ele depositou na urna. Como elas são brancas se
ele titubear na resposta ele é exatamente quem você procura. Mas, não deixe que
ele saiba que você descobriu porque a sabedoria mineira ensina que é importante
saber quem está ao seu lado”
Se não me falha
a memória o jornalista Sebastião Nery conta que o primeiro prefeito de Brasília
o mineiro Israel Pinheiro responsável pela construção da capital federal se
dirigiu ao Presidente Juscelino Kubistchek reclamando de que a imprensa estava
criticando o trabalho dele afirmando que ele por não possuir um diploma de
engenheiro civil as obras estavam sendo prejudicadas. O Presidente
tranquilizou-o dizendo a ele o seguinte:
“ Amigo Israel julgo de bom alvitre você não informar
a imprensa de que você é engenheiro. Se você fizer isto pode ter certeza que as
criticas vão aumentar.”
O prefeito de
Belo Horizonte Juscelino Kubitscheck foi padrinho de casamento do escritor
Fernando Sabino que com pouco mais de 20 anos de idade já era um respeitado
escritor, com Helena Valadares filha do Governador Benedito Valadares. Na
recepção do casamento quando dos cumprimentos o prefeito com a elegância,
charme e inteligência cumprimentou o casal dizendo:
“ Minas se faz
representar nacionalmente com a beleza de Helena e as coisas de Minas
atravessarão a fronteira com a literatura do Fernando”
O avião sempre esteve presente na vida de do
Presidente Juscelino e esta constância dentro de aeronaves acabou acarretando
vários momentos de perigo. Mesmo assim, Juscelino costumava dizer que avião era
para voar e acabou. Certa vez o avião
que conduzia o Presidente voava em um
avião com previsão de pousar no interior do Estado do Rio Grande do Sul. Mas o pouso não poderia acontecer porque a
aeroporto não tinha luz de sinalização. Ao consultar o Presidente que iria
retornar a Porto Alegre, Juscelino ordenou que o piloto fizesse o pouso dizendo
que Deus é Juscelinista. E ficou comprovado que Deus estava do lado do
Presidente. O pouso foi feito sem nenhuma turbulência.
Um momento crucial em avião que passou o saudoso
Presidente Juscelino Kubistchek foi no aeroporto de Luziânia. As forças
repressoras tomaram conhecimento que o Presidente já com os seus direitos
políticos cassados estava voando em direção ao referido aeroporto com a chegada
prevista para o final da tarde. O monomotor ao aproximar da pista percebeu que
havia toneis distribuído no meio da pista o que impedia o pouso. O piloto
implorava pelo radio que fosse tirado os toneis porque já não possuía mais
combustível e que aquela aeronave não tinha voo de instrumento para outro
aeroporto em razão da noite que se avizinhava.
Depois de marcha e contramarcha de entendimentos com
as autoridades foi concedido o pouso. Porém, não havia mais tempo para retirar
todos os toneis o combustível acabara. O piloto se dirigiu ao Presidente e
disse:
“ Estamos perdido Presidente”
“ Estamos não o aeroporto está aqui em baixo”
“ Não existe espaço para pouso. ”
“ Como não!?
está vendo aquele trecho pequeno ali. É o mesmo espaço que existe em porta- aviões.”
O piloto se engradeceu com o equilíbrio e humor do
Presidente e confiando no otimismo e coragem do Presidente fez o pouso no curto
espaço sugerido fazendo que aeronave fizesse um giro no seu eixo. Saíram ilesos
sem nenhum arranhão.
O Presidente Juscelino Kubistchek com a sua sabedoria,
inteligência, perspicácia e homem da paz hoje se prostra de pé sobre o memorial
em sua homenagem. Com a mão direita levantada e com o olhar voltado para o
futuro e vigiando a cidade que ele criou oriundo das suas inúmeras virtudes,
entre elas, a garra, coragem e ousadia.
Jornalista : Domingos Sabino