Por Victor Dornas
A posse do juiz de piso
Luiz Fux na Suprema corte, sucedendo o advogado do PT que nem concurso público
tinha, parece ser a notícia mais relevante do dia, afinal de contas não é toda
hora que um juiz preside o STF, o tribunal dos advogados. Ocorre que o povo
quer saber mesmo é do preço do arroz que, em razão da inflação resultante da
depreciação da nossa moeda lastreada no dólar, está sendo negociado a 3,90 o
kg. Não adianta muito, na verdade, colocar um juiz no Supremo que tenha sido
indicado por Dilma Rousseff ou qualquer político.
O cargo deveria ser escolhido
por votação dos próprios magistrados, por óbvio.
Já a questão do arroz é
muito mais significativa, interessante e complexa do que Luiz Fux. Fux que é chamado pela
grande mídia de liberal e “lavajatista”, como se o Ministério Público agora
fosse um partido político. Vejam como a cara de pau da mídia brasileira não
encontra freios, vez que se cogita que Dilma e o PT fossem indicar ao Supremo
um liberal de carteirinha! Logo o PT, que transforma progressismo em stalinismo
e varguismo. Muito moderno!
Vamos ao arroz, para
não perdermos tempo com frivolidades.
A discussão na mídia é sobre a forma como o
governo pretende resolver a questão. De antemão, alguns muito preocupados já
condenam Paulo Guedes por futuramente intervir diretamente no preço do arroz.
Outros já falam em acionar o PROCON. O fato é que o problema do arroz não tem
solução, uma vez que ele é consequência e não causa. É reflexo de uma série de
contingências, dentre elas a pandemia, o enriquecimento acelerado da China e o real ser bastante volátil.
O mais irônico na
questão do arroz é que muita gente ainda consegue culpar o “baronato do agro” e
aí estou me referindo mais especificamente ao trem do “Lula Livre”, esses que
dizem defender o proletário, mas vivem de teorias e nunca pegaram numa enxada,
como o próprio Marx que era cheio de teorias, mas nunca foi daqueles afeitos
pela labuta de fato.
Então surgem os debates intermináveis sobre o arroz de um
monte de teóricos que só têm arroz no prato por conta dos produtores que
fizeram exatamente o que é condenado hoje em dia, ou seja, ignoraram a pandemia
e continuaram produzindo aquilo que mantém nosso país de pé.
Aos teóricos, um banho
de realidade: Há uns quatro meses, na
eclosão mais histérica da pandemia onde todos nós ficamos atônitos, os
empresários que trabalham com produção, não os engravatados, mas aqueles que
pegam no pesado junto com seus empregados, investiram uma boa grana nos kits “anti-ciência”,
ou seja, hidroxicloroquina, ivermectina, zinco, dentre outros e distribuíram
aos trabalhadores agrícolas, principalmente para aqueles que fazem transporte
de carga. Enquanto ficávamos em casa teorizando sobre a pandemia, para esses
milhões de brasileiros que trabalham com o campo ou com a distribuição de produtos
como o arroz, nada parou. Por coragem e trabalho dessas pessoas, o país não
sucumbiu num precipício econômico, muito além do arroz.
É claro que haveria
inflação. Isso é o mínimo que se espera de uma economia que, há meia década,
vem apresentando quadros mais sérios e deficitários, levaria desta pandemia. Uma
economia moldada por teóricos socialistas que inundam nosso congresso com
ideias arcaicas. Ontem mesmo, o tal biólogo Átila Iamarino, aquele que teve uma
ascensão profissional à custa do vírus, contratado pela Folha de São Paulo e
também pelo governo, resolveu dar pitacos sobre economia sugerindo que o
problema do arroz seria do “neoliberalismo”. Não me admiraria ver o tal Átila daqui a pouco
anunciando sua candidatura pelo PT, uma vez que ele representa o estereótipo
de falastrão que cai nas graças da grande mídia.
Se da época de Marx pra
cá, onde 75 % da humanidade vivia em extrema miséria, hoje nós temos menos de
17 % (dados do banco mundial, OWID), isso tem algo a ver sim com liberalismo.
Se a expectativa de vida triplicou devido aos avanços tecnológicos, seria
difícil imaginar a precificação disso tudo num mundo marxista que aniquila a
concorrência.
Na medida em que a
grande mídia se rende ao fato de que a pandemia está morrendo, a ideia agora
será lidar com um problema bem sério que foi agravado pela politização do
vírus, ou seja, a oposição está bastante incomodada com o fato de que o
presidente, a despeito de todos os despautérios que proferiu durante a pandemia
e dos episódios de crise com seus ministros, sai maior do que entrou no furacão
e ainda contando com uma carta valiosa que é o poder de delegar eventuais
fracassos ao fato de estarmos numa crise mundial singular.
O arroz é muito mais
interessante que as mudanças do Supremo.
Afinal de contas, não
há mudança nenhuma lá, ou liberalismo, ou qualquer fábula que algum articulista
invente para criar uma fantasia particular, seja demonizando ou divinizando a
operação lava jato. O que acontece de fato no Brasil é que o governo agora
buscará intervir nos preços de alimentos para maquiar um sintoma, ou seja, a
inflação, e continuar neste eterno jogo de aparências onde um presidente delega
seu “elefantinho” ao seu sucessor.
Não há mudança alguma.
Só a demagogia de sempre.
(*) Victor Dornas - Colunista do Blog Chiquinho Dornas ,fotos ilustração: Blog-Google.
(*) Victor Dornas - Colunista do Blog Chiquinho Dornas ,fotos ilustração: Blog-Google.