Por Victor Dornas
A saída do procurador
Deltan Dallagnol da coordenação da lava-jato culminou numa debandada de outros
procuradores de São Paulo que, diferentemente de Deltan, que alegou problemas
familiares, decidiram assumir que a saída se dá por esgotamento mental. Afinal
de contas, além do incômodo natural de mexer nos vespeiros mais engenhosos da maquina
putrefata estatal brasileira, por qual motivo esses procuradores despertam o
ódio da turma que se diz progressista no Brasil, ou esquerda, mas louva o
fascismo nacionalista varguista?
A reposta em linhas
gerais é bastante simples: Ideologização.
A tese da dita esquerda
é que a culpa pela falta de industrialização no Brasil que nos coloca no papel
de refém da importação demasiada de tecnologia é dos empresários que, ao invés
de aplicarem seus recursos em negócios locais para, assim, movimentarem a
economia, eles preferem, por pura maldade, colocar seu dinheiro na conta do
diabo, ou seja, legalmente no tal “rentismo”, onde dinheiro gera dinheiro, ou
em paraísos fiscais, nos casos mais opulentos.
É natural que muitas
pessoas auto proclamadas como intelectuais, num país ainda prostrado na mentalidade arcaica do comunismo, resolvam
questões prioritárias tão complexas e diversas de um modo ingênuo, pueril.
Essa nata da sapiência brasileira não se ocupa muito dos motivos que compelem empresários a não empreenderem,
ou ainda, o motivo dos juros estarem tão altos. Nunca ouviram falar em "lei do bem", por exemplo, pois vivem às expensas do erário, não sabem como é empreender.
E por ironia de cinismo, adotam a mesma ladainha tecnocrata
(dessa vez vinda de falsos liberais que odeiam uma concorrência) que aduz que a inscrição de mais de 70
milhões de brasileiros na dívida ativa se dá, em verdade, por falta de educação financeira.
Percebam a piada pronta quando, no Brasil, aqueles que se dizem liberais e os comunas,
em muitas questões morrem abraçados nos próprios erros.
E onde entra Deltan e
os procuradores nessa história? Simples.
Ainda saudosos do
fracasso do nacional-desenvolvimentismo, tanto os comunas quanto esses liberais
falsificados acham que a lava-jato falhou em não promover acordos de leniência
com as empresas que foram flagradas movimentando criminalmente, em conluio com o governo, tantas cifras bilionárias.
Reparem na
doença da ideologia: Para eles, os procuradores é que falharam em minimizar o dano causado pela
organização criminosa! A inversão de valores só pode ser explicada por
fanatismo, dogmatismo e muita ideologização que subverte a lógica explícita da
realidade, afinal de contas, a culpa não é desses procuradores que sequer fazem
as leis sobre acordos de leniência e sim dos bandidos, ora bolas.
A leniência aqui é com
a bandidagem. Tudo pela causa!
O mais curioso dessas história
toda é que o presidente Bolsonaro, que pode ser qualquer coisa menos um liberal
de formação, agora negociando sua reeleição com programas de renda mínima mais
modernizados em relação ao que foi feito pelo PT, porém ainda assim, a mesma coisa, é o responsável pela presença
de Augusto Aras na PGR, um desses que interpreta a lava-jato como partido político que tem responsabilidade na destruição de imagem dessas
empresas nacionais.
Aras se reúne com os
advogados supremos do STF com certa frequência, aliás.
Percebam como andamos
em círculo na política brasileira e não importa onde almejemos ir, sempre
retornamos ao problema ideológico que demoniza indivíduos probos, ao invés de
identificarmos soluções racionais do nosso próprio sistema, ou seja, da burocratização burra que desestimula acordos públicos e privados, que inibe a
vinda de empresas estrangeiras bem intencionadas, ou propicie um custo emprego
que não seja um dos maiores do planeta, etc.
O empresário brasileiro
não empreende por inúmeros motivos. Na mente da viúva do
nacional-desenvolvimentismo, entretanto, Marx já previu tudo. Marx, que em toda
a sua vida nunca administrou nem o quintal da própria casa. “É tudo culpa dos
bancos”. Sendo que, como ensina o professor Marcos Lisboa (que inclusive compôs
aquilo que o primeiro mandato do Lula teve de bom), ao contrário do que dizem
por aí, o oligopólio dos bancos no Brasil não se dá apenas por entraves legais
e sim por falta de interesse mesmo.
O Brasil não é bem visto nem por
banqueiros, a despeito de notícias desvirtuadas divulgadas pela grande mídia
que modelam o povo no sentido de que tudo se resume aos bancos, os vilões.
Percebam que a
desmotivação dos procuradores não se dá apenas por perseguição de políticos
incriminados que são beneficiados por uma Suprema Corte carente de juízes de
formação. Há uma crosta de ideologização que subverte o aparato estatal e culmina neste funcionalismo que hoje
responde por 20 % do nosso PIB e está amplamente protegido na reforma pretendida por Paulo Guedes.
Os procuradores que
anunciaram a saída da operação lava-jato hoje em São Paulo representam a fadiga de todos
aqueles que se cansam de se debater com fanáticos que morrem abraçados
em suas ideias tão perfeitas que não servem de nada num mundo inevitavelmente
imperfeito. Causas sublimes...
... que jamais se realizam.
(*) Victor Dornas - Colunista do Blog Chiquinho Dornas ,fotos ilustração: Blog-Google.
(*) Victor Dornas - Colunista do Blog Chiquinho Dornas ,fotos ilustração: Blog-Google.